“Nazismo de esquerda”

representação falsificadora do passado e má-fé

  • Michel Ehrlich Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Palavras-chave: Nazismo, Má-fé, Esquerda e direita, Novas direitas

Resumo

Este artigo se dedica a noção muito divulgada, sem corroboração na historiografia, de que o nazismo teria sido uma ideologia de esquerda. Tomando como fontes os livros Guia politicamente incorreto da história do mundo, de Leandro Narloch (2013) e Mentiram (e muito) para mim, de Flavio Quintela (2014), o objetivo é analisar os pressupostos dessa ideia. Aponto que essa narrativa ressignifica as categorias de “esquerda” e “direita, para serem a oposição entre projetos de sociedade previamente imaginados e a crença de que as mudanças devem vir do desenvolvimento espontâneo e involuntário. Argumento que isso parte de uma má-fé no sentido sartreano, pois nega que o capitalismo é também fruto de projetos de futuro. Uma consequência disso é a neutralização do potencial da memória dos crimes nazistas ser mobilizada contra regimes autoritários e repressivos e a normalização da extrema-direita.

Biografia do Autor

Michel Ehrlich, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutorando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS. Mestre e graduado em História pela UFPR. Este artigo foi desenvolvido como parte da pesquisa do doutorado, sob orientação do professor Arthur Avila. É também coordenador de História do Museu do Holocausto de Curitiba e professor (QPM) da rede estadual de ensino do Paraná.

Publicado
2025-11-25
Como Citar
Ehrlich, M. (2025). “Nazismo de esquerda”: representação falsificadora do passado e má-fé. Revista Discente Ofícios De Clio, 10(18), 110-129. https://doi.org/10.15210/clio.v10i18.30597
Seção
Teorias da História e usos do passado