A integração de valores e medidas de segurança no projeto de espaços públicos resilientes: lições de desastres rápidos e lentos
Resumo
Este artigo apresenta uma análise do impacto do COVID-19 nos espaços públicos e a necessidade de integrar medidas de segurança em todo o processo de projeto urbano. Adotamos uma abordagem de Ergonomia e Fatores Humanos e Sistemas Sociotécnicos (HFE & STS), com base no modelo 'ideal' de espaço público previamente desenvolvido para Queensland (Austrália). Com base nesse modelo, analisamos (1) o modelo de espaços públicos em Queensland durante o isolamento resultante do COVID-19 – e as funções que deixaram de existir – e (2) o modelo de espaço público no pós-terremoto de Christchurch (Nova Zelândia). Embora a pandemia e o terremoto pareçam significativamente diferentes em um primeiro momento, as duas situações são semelhantes no sentido de que, em ambos os casos, a densidade se torna um problema. Consideramos a pandemia como um ‘desastre lento’ (quando a adaptação é fundamental, mas a mudança a longo prazo é opcional) e o terremoto como um ‘desastre rápido’ (quando a mudança é a única opção) e, baseado nesse contexto, consideramos que há lições a serem aprendidas com 'desastres rápidos' as quais podem auxiliar na resiliência urbana a longo prazo. Em seguida, aplicamos o modelo ‘ideal’ ao estágio de recuperação de Christchurch pós-terremoto, onde identificamos novas funções e sua relação com a segurança – tanto percebida como real. Essas novas funções são refúgio urbano e espaço pessoal, conforto ambiental, otimização de rotas de mobilidade e saída, proteção contra o ambiente construído, maximização da paisagem.Referências
APPLETON, J. Prospects and refuges re-visited. Landscape Journal, v. 3, n. 2, p. 91–103, 1984.
BISANTZ, A. M. et al. Integrating cognitive analyses in a large-scale system design process. International Journal of Human-Computer Studies, v. 58, p. 177–206, 2003.
BROWN, C.; GRANT, M. Biodiversity and Human Health: What Role for Nature in Healthy Urban Planning? Built Environment, v. 31, n. 4, p. 326–338, 2005.
CARLTON, S. Share an Idea, spare a thought: Community consultation in Christchurch’s time-bound post-earthquake rebuild. Journal of Human Rights in the Commonwealth, v. 2, n. 2, p. 4–13, 2013.
CARMONA, M. et al. Public Places - Urban Spaces. [s.l.] Taylor & Francis, 2010.
CORNELISSEN, M.; SALMON, P. M.; YOUNG, K. L. Same but Different? Understanding Road User Behaviour at Intersections Using Cognitive Work Analysis. Theoretical Issues in Ergonomics Science, v. 14, n. 6, p. 592–615, 2013.
DEL RIO, V. Introdução ao desenho urbano. São Paulo, Brazil: Pini, 1990.
IRVINE, K. N. et al. Understanding Urban Green Space as a Health Resource: A Qualitative Comparison of Visit Motivation and Derived Effects among Park Users in Sheffield, UK. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 10, n. 1, p. 417–442, 2013.
JENKINS, D. P. et al. Cognitive Work Analysis: Coping with Complexity. [s.l.] Ashgate Publishing Limited, 2009.
JENKINS, D. P. et al. A New Approach for Designing Cognitive Artefacts to Support Disaster Management. Ergonomics, v. 53, n. 3, p. 617–635, 2010.
LEES, L. Planning urbanity? Environment and Planning A, v. 42, n. 10, p. 2302–2308, 2010.
LENNON, M.; DOUGLAS, O.; SCOTT, M. Urban green space for health and well-being developing an “affordances” framework for planning and design. Journal of Urban Design, v. 4809, n. June, p. 1–18, 2017.
LYNCH, K. The Image of the City. [s.l.] M.I.T. Press, 1960.
MISSEN, L.; STEVENS, N. J.; SALMON, P. M. A Sociotechnical Systems Analysis Approach to Playground Design. Proceedings from Contemporary Ergonomics & Human Factors. Anais...2017
NAIKAR, N. Work Domain Analysis: Concepts, Guidelines, and Cases. [s.l.] CRC Press, 2013.
NYCDOT. The Economic Benefits of Sustainable StreetsNycdot. New York, USA: [s.n.]. Disponível em: <http://www.ssti.us/wp/wp-content/uploads/2014/01/dot-economic-benefits-of-sustainable-streets.pdf>.
PATORNITI, N. P.; STEVENS, N. J.; SALMON, P. M. A Systems Approach to City Design: Exploring the Compatibility of Sociotechnical Systems. Habitat International, v. 66, p. 42–48, 2017.
PATORNITI, N. P.; STEVENS, N. J.; SALMON, P. M. A Sociotechnical Systems Approach to Understand Complex Urban Systems: A Global Transdisciplinary Perspective. Human Factors and Ergonomics in Manufacturing & Service Industries, v. 28, n. 6, p. 281–296, 2018.
RASMUSSEN, J.; PEJTERSEN, A. M.; GOODSTEIN, L. P. Cognitive systems engineering. New York, NY, US: Wiley, 1994.
SALMON, P. M.; READ, G. J.; STEVENS, N. J. Who is in Control of Road Safety? A STAMP Control Structure Analysis of the Road Transport System in Queensland, Australia. Accident Analysis & Prevention, v. 96, p. 140–151, 2016.
SALMON, P. M.; WALKER, G. H.; STANTON, N. A. Pilot Error Versus Sociotechnical Systems Failure: A Distributed Situation Awareness Analysis of Air France 447. Theoretical Issues in Ergonomics Science, v. 17, n. 1, p. 64–79, 2016.
STANTON, N. et al. Manual de fatores humanos e métodos ergonômicos. [s.l.] Phorte Editora, 2018.
STEVENS, N. J. Sociotechnical Urbanism: New Systems Ergonomics perspectives on Land Use Planning and Urban Design. Theoretical Issues in Ergonomics Science, v. 17, n. 4, p. 443–451, 2016.
STEVENS, N. J. et al. Human Factors in Land Use Planning and Urban Design: Methods, Practical Guidance, and Applications. Boca Raton, FL, USA: CRC Press, 2018.
STEVENS, N. J.; SALMON, P. M. Safe Places for Pedestrians: Using Cognitive Work Analysis to Consider the Relationships between the Engineering and Urban Design of Footpaths. Accident Analysis & Prevention, v. 72, p. 257–266, 2014.
STEVENS, N. J.; SALMON, P. M. New Knowledge for Built Environments: Exploring Urban Design from Socio-technical System Perspectives. International Conference on Engineering Psychology and Cognitive Ergonomics. Anais...Springer, 2015
STEVENS, N. J.; TAVARES, S. G. Exploring the impact of COVID-19 on public spaces through a systems modelling approach. Under review, [in press].
TAVARES, S. G. Conforto Urbano: A paisagem física e social como constituinte da experiência climática. Cadernos do PROARQ, v. 28, p. 47–62, 2017.
TAVARES, S. G.; CHAIECHI, T. City temperatures and city economics, a hidden relationship between sun and wind and profits. Disponível em: <https://theconversation.com/city-temperatures-and-city-economics-a-hidden-relationship-between-sun-and-wind-and-profits-116064>. Acesso em: 14 maio. 2020.
TAVARES, S. G.; SWAFFIELD, S. Urban Comfort in a Future Compact City: Analysis of Open space Qualities in the Rebuilt Christchurch Central City. Landscape Review, v. 17, n. 2, p. 5–23, 2017.
TAVARES, S. G.; SWAFFIELD, S.; STEWART, E. J. A case-based methodology for investigating urban comfort through interpretive research and microclimate analysis in post-earthquake Christchurch, New Zealand. Environment and Planning B: Urban Analytics and City Science, v. 46, n. 4, p. 731–750, 2019.
TZOULAS, K. et al. Promoting ecosystem and human health in urban areas using Green Infrastructure: A literature review. Landscape and Urban Planning, v. 81, n. 3, p. 167–178, jun. 2007.
VICENTE, K. J. Cognitive Work Analysis: Toward Safe, Productive, and Healthy Computer-Based Work. [s.l.] Lawrence Erlbaum Associates, 1999.
WALKER, G. H. et al. A Review of Sociotechnical Systems Theory: A Classic Concept for new Command and Control Paradigms. Theoretical Issues in Ergonomics Science, v. 9, n. 6, p. 479–499, 2008.
WILLIAMSON, F.; COURTNEY, C. Disasters fast and slow: The temporality of hazards in environmental history. International Review of Environmental History, v. 4, n. 2, p. 5–11, 2018.
WOLCH, J. R.; BYRNE, J.; NEWELL, J. P. Urban green space, public health, and environmental justice: The challenge of making cities “just green enough”. Landscape and Urban Planning, v. 125, 2014.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a LICENÇA CREATIVE COMMONS ATTRIBUTION que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O EFEITO DO ACESSO LIVRE).