MEMÓRIAS DE UM FEIRANTE

disputas da memória social na patrimonialização do Mercado Público de Lages

Resumo

Tendo como marco teórico reflexões que reconhecem a cultura como um campo de disputas e que buscam construir uma política democrática do patrimônio, o trabalho revisita a história do Mercado Público de Lages, a partir do relato do filho de um ex-feirante. A adoção desse objeto de estudo se justifica pelo fato desse Mercado ter sido alvo de uma recente revitalização que se centrou nos aspectos físicos do edifício e apagou memórias dos que lá trabalharam. Com uma abordagem exploratória-qualitativa, objetiva-se analisar o referido relato e avaliar sua potencialidade para recompor uma memória-outra ou não hegemônica do Mercado, vindo a subsidiar novas pesquisas. Dividido em três partes, o trabalho apresenta o “contador de histórias”; descreve o mercado como “lugar” e “espaço”, revelando personagens, modos de trabalho e de sociabilização e fatos da luta de classe; e aborda traumas vividos na interdição e requalificação do edifício. Conclui-se que o Mercado suporta não uma história, mas histórias, devendo converter-se em um novo campo de investigação. Espera-se, com isso, dar sentidos mais amplos ao restrito espaço edificado, assegurar o direito à cidadania cultural e prospectar futuros mais democráticos na gestão patrimonial de Lages.

Biografia do Autor

José Alberto de Oliveira Grechoniak, Universidade do Planalto Catarinense

Arquiteto e Urbanista. Mestrado no PROGRAU da UFPE. Professor da Universidade do Planalto Catarinense.

Ana Elísia da Costa, Universidade Federal de Pelotas

Arquiteta e Urbanista. Doutora em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2011); Pós-doutora pelo Instituto Universitário de Lisboa (2021). Professora colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPel (PROGRAU-UFPel). 

Referências

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Publicado
2024-08-29
Seção
Artigos