Resumo
Resultado da reunião de várias atividades ligadas ao estudo teórico da música a partir do século XVII, apesar de raízes que remontam à Antiguidade, a musicologia surgiu como o estudo científico ou acadêmico da música, particularmente no âmbito do positivismo de Auguste Comte (1798-1857), diferenciando-se, assim, da abordagem da música dependente da prática artística. Foi somente a partir de uma proposta de Friedrich Chrysander em 1863, que a musicologia começou a ser tratada como método científico, em igualdade com outras disciplinas científicas. Em 1885 Guido Adler codificou os ramos da musicologia, tabulando sua essência, seus métodos e propondo sua divisão em musicologia histórica e musicologia sistemática. No séc. XX, a musicologia separou-se da etnomusicologia, a segunda definida como “o estudo da música na cultura” (Allan P. Merriam, 1964), e responsabilizando-se a primeira pelo estudo da matéria musical em si. Em reação à sua configuração positivista, entretanto, surgiu a partir da década de 1970 uma musicologia mais interpretativa, assim como novas propostas de divisão de seus ramos, sendo hoje reconhecidas pelo menos nove vertentes metodológicas, de acordo com Duckles (1980): 1) método histórico; 2) método teórico e analítico; 3) crítica textual; 4) pesquisa arquivística; 5) lexicografia e terminologia; 6) organologia e iconografia; 7) práticas interpretativas; 8) estética e crítica; 9) dança e história da dança. Este trabalho tem como objetivos abordar cada uma das propostas metodológicas da musicologia, com algumas informações sobre o seu desenvolvimento histórico, bem como apresentar uma rápida apreciação do estágio de desenvolvimento dessas atividades no Brasil.