Caderno de Letras https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras <p>Caderno de Letras é uma publicação científica quadrimestral do Centro de Letras e Comunicação e do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Pelotas. Desde 1982, contribui para a publicação de textos acadêmicos de pesquisadores nacionais e estrangeiros que colaboram com a reflexão teórica em literatura, linguística, tradução, outros espaços da linguagem e ensino em Letras. O fluxo de edição se dá por chamadas para dossiê temático, abertas três vezes ao ano, e também por fluxo contínuo.&nbsp;</p> <p><strong>Qualis:</strong> <span data-sheets-value="{&quot;1&quot;:2,&quot;2&quot;:&quot;A4&quot;}" data-sheets-userformat="{&quot;2&quot;:2627,&quot;3&quot;:{&quot;1&quot;:0},&quot;4&quot;:{&quot;1&quot;:2,&quot;2&quot;:16776960},&quot;9&quot;:1,&quot;12&quot;:0,&quot;14&quot;:{&quot;1&quot;:3,&quot;3&quot;:1}}">A4</span></p> <p><span data-sheets-value="{&quot;1&quot;:2,&quot;2&quot;:&quot;A4&quot;}" data-sheets-userformat="{&quot;2&quot;:2627,&quot;3&quot;:{&quot;1&quot;:0},&quot;4&quot;:{&quot;1&quot;:2,&quot;2&quot;:16776960},&quot;9&quot;:1,&quot;12&quot;:0,&quot;14&quot;:{&quot;1&quot;:3,&quot;3&quot;:1}}"><strong>ISSN:</strong> 2358-1409</span></p> Universidade Federal de Pelotas pt-BR Caderno de Letras 0102-9576 <p>Autores que publicam no <em>Caderno de Letras </em>concordam com os seguintes termos:</p><p>a) Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/">BY-NC-ND 2.5 BR</a>, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.</p><p>b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.</p><p>c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.</p><p>d) Autores de trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.</p><p>e) Os autores assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.</p> O INSÓLITO FICCIONAL DA TELA AOS LIVROS, DOS LIVROS À TELA: ADAPTAÇÕES, RECRIAÇÕES, TRADUÇÕES, MENÇÕES https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/25142 <p>Apresentação à edição “O insólito ficcional da tela aos livros, dos livros à tela: adaptações, recriações, traduções, menções”</p> <p>&nbsp;</p> Bruno Anselmi Matangrano Ramiro Esteban Zó Copyright (c) 2023 Bruno Anselmi Matangrano, Ramiro Esteban Zó http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 03 09 DO COLONIAL AO CORPORAL: CONFIGURAÇÕES DO GÊNERO HORROR EM O ENIGMA DO OUTRO MUNDO https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/24964 <p>Este artigo propõe a análise da noveleta “Who Goes There?” [“O enigma do outro mundo”] (1938), de John W. Campbell Jr. e a adaptação cinematográfica <em>The Thing </em>[<em>O enigma do outro mundo</em>] (1982), dirigido por John Carpenter e com roteiro de Bill Lancaster, através das lentes do horror colonial e do horror corporal. Como será demonstrado, o texto de 1938 e sua versão para o Cinema de 1982 têm como pontos em comum o fato de se alinharem às ansiedades dos anos de 1930 e 1980 ligados ao corpo e as possíveis ameaças contra a sua integridade. Em nossa leitura, o horror é uma forma cultural <em>fóbica</em>, no sentido de que ele visa produzir uma reação específica – medo e repugnância – baseada nos medos e ansiedades de momentos históricos específicos, que assumem disfarces metafóricos diversos. De fato, o estudo das duas obras evidencia que a noveleta de Campbell, no qual o temor da contaminação se mostra dominante, está alinhada com o discurso vigente na América do período entre guerras, marcado por atitudes e políticas xenofóbicas e racistas. Da mesma forma, o filme dos anos 80 captura os debates elencados pela contra-cultura e movimentos civis relacionados à discussão de construções sociais normativas do corpo.</p> Alexander Meireles da Silva Copyright (c) 2023 Alexander Meireles da Silva http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-16 2023-09-16 45 11 24 A 20 AÑOS DEL ESTRENO DE BAJAR ES LO PEOR, DE LEYLA GRÜNBERG. PANORAMA DE UNA LECTURA QUE MIGRÓ HACIA EL GÓTICO https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/24301 <p title="">Hace veinte años, en abril de 2002, se estrenaba de forma no comercial <em>Bajar es lo peor</em>, película dirigida por Leyla Grünberg y basada en la obra homónima de Mariana Enríquez, publicada en 1995. En el filme, se evidencia una lectura de la novela anclada a la realidad política y social de la Argentina de los años 90 y principios de los 2000 que, con un estilo despojado y crudo, que sugiere más de lo que dice, condujo a una producción que avala la mirada de la crítica y ubica la ópera prima de Enríquez dentro del realismo sucio con tintes fantásticos. Hoy, sin embargo, <em>Bajar es lo peor</em>, ha sido reeditada recientemente por Anagrama y es leída como la primera novela gótica de una autora que, por otra parte, es considerada “la dama argentina del terror gótico”. En el presente artículo intentaremos analizar los elementos que condujeron a este cambio en el paradigma de lectura.</p> <div>&nbsp;</div> Inti Soledad Bustos Copyright (c) 2023 Inti Soledad Bustos http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-16 2023-09-16 45 25 37 LA LEYENDA NUNCA MUERE: RELATOS DE TERROR EN EL CINE https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/23761 <p>La literatura y el cine son dos artes que, a lo largo de años de existencia, han mantenido una conexión cercana que los ha nutrido y ha propiciado la creación de producciones cuya influencia recíproca es innegable. Tal es el caso del cine de terror que toma temáticas, personajes o ambientes desarrollados en obras literarias o de la construcción oral que se hace de esas historias a través de la literatura oral y de las leyendas urbanas que circulan de boca en boca y que, a través de nuevas formas y lenguajes propiciados por las narrativas transmedia, se acercan a las producciones cinematográficas.</p> Karina Gabriela Molina Copyright (c) 2023 Karina Gabriela Molina http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-16 2023-09-16 45 39 50 QUANDO O GÓTICO E O FEMININO SE ENCONTRAM: THE STEPFORD WIVES NO CINEMA E A TRADUÇÃO DO APAGAMENTO DA MULHER https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22344 <span id="docs-internal-guid-b68fd37e-7fff-5fd3-abdd-947c77755adb"><span>O presente trabalho aborda discussões sobre representações do feminino no gótico, entre elas o apagamento da mulher, a ascensão hegemônica masculina e as críticas à sociedade patriarcal, empregadas por Ira Levin em seu romance </span><span>The Stepford Wives</span><span> (1972). Escrita na época da segunda onda feminista, a obra de Levin traz um grupo de homens que se junta para criar robôs semelhantes a seres humanos, réplicas mecanizadas e submissas que substituem as mulheres de Stepford, o que permite uma reflexão acerca do papel da mulher na sociedade. Três anos após sua publicação, o livro foi adaptado para o cinema em um filme de mesmo nome dirigido por Bryan Forbes. O trabalho busca analisar como os aspectos góticos, em especial o apagamento da mulher, da obra literária foram traduzidos no cinema. O trabalho é dividido em quatro partes. Primeiramente, discute-se a tradução enquanto processo criativo, sob um viés pós-moderno, a partir de autores como Arrojo (2003), Rodrigues (2000) e Vieira (1996). Também é feita a revisão bibliográfica de teóricos contemporâneos que discutem a relação entre o cinema e a literatura, entre eles Ribeiro (2007), Stam (2000 e 2005) e Julie Sanders (2006). Posteriormente, para embasar os estudos do gênero gótico com enfoque na literatura de Ira Levin e a representação feminina na ficção de horror, trabalhamos com obras de autores como Carroll (1990), Hogle (2002) e Punter &amp; Byron (2004). Mais especificamente, ressaltamos importantes autoras do gótico feminino, entre elas Heiland (2004), Neill (2018) e Moers (1976). Por fim, analisa-se a adaptação do romance The Stepford Wives para o cinema, destacando como o filme traduz os aspectos góticos e a representação feminina da literatura. Trata-se de uma análise voltada menos para um suposto desejo por fidelidade e equivalência, e mais para como a adaptação fílmica reconstrói sentidos da obra de Levin em uma nova mídia e dialoga com seu contexto de produção.</span></span> Ana Beatriz Tavernard Fernandes Emílio Soares Ribeiro Copyright (c) 2023 Ana Beatriz Tavernard Fernandes, Emílio Soares Ribeiro http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-16 2023-09-16 45 51 71 LASTROS DE MEDEIA: O FEMININO MONSTRUOSO EM ANTICRISTO (2009), DE LARS VON TRIER https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22503 <p>O artigo coteja uma análise das reverberações do mito de Medeia na narrativa fílmica <em>Anticristo</em> (2009), do cineasta dinamarquês Lars von Trier, como aceno à estética da monstruosidade. Nossa intenção é refletir acerca da reconstrução do referido mito na obra audiovisual, cujo ponto de culminância incide sobre a personagem feminina e seus dilemas psíquico-emocionais, que a aproximam da <em>persona</em> trágica. Para tanto, o caminho de leitura considera os processos interiores por que passa a protagonista como vislumbre arquetípico da <em>Mãe terrível</em> (JUNG, 1997), perspectiva adotada para balizar a problematização do <em>monstruoso-feminino</em> (CREED, 1986) no horizonte fronteiriço do insólito. Sob tutela dos contributos teóricos da Narratologia cinematográfica, da Mitocrítica e dos Estudos de monstruosidade, buscamos rastrear, em cenas específicas, vestígios, símbolos e metáforas que sinalizam a presença intratextual do mito e da figura de Medeia como floração do “monstro de dentro”.</p> Saulo Lopes de Sousa Claudio Vescia Zanini Copyright (c) 2023 Saulo Lopes de Sousa, Claudio Vescia Zanini http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-16 2023-09-16 45 73 94 DO MARAVILHOSO AO INSÓLITO: CISNE NEGRO COMO ADAPTAÇÃO VELADA DE CONTOS DE FADAS https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22380 <span>A adaptação depende do repertório do receptor para ser apreendida como tal: não há como identificar uma adaptação a menos que se reconheça nela coincidências com obras anteriores. Quando há uma mudança de gênero entre a nova obra e aquelas das quais ela se apropria, o reconhecimento é ainda mais dificultado. Com apoio nas reflexões de Thomas Leitch e Linda Hutcheon, esse fenômeno – aqui chamado de “adaptação velada” – é ilustrado com o filme <em>Cisne negro</em> (2010), de Darren Aronofsky, que se constitui como um amálgama de contos maravilhosos, tal qual classificados por Vladimir Propp. Costurados em uma narrativa psicologicamente tensa, esses contos transmutam-se em insólito. Para examinar essa premissa, é empreendida uma revisão bibliográfica extensiva sobre a qual se baseia a análise do filme. A partir dela, são elencados seis recursos cinematográficos principais que mostram como se configura essa passagem de um gênero a outro, da estrutura narrativa<em> </em>aos temas adaptados para a pós-modernidade.</span> Cynthia Beatrice Costa Fernanda Aquino Sylvestre Copyright (c) 2023 Cynthia Beatrice Costa, Fernanda Aquino Sylvestre http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-16 2023-09-16 45 95 114 FANTASÍA, ADOLESCENCIA Y TRAUMA EN EL LABERINTO DEL FAUNO Y CORAZÓN DE TINTA https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/23290 <p>El cine puede categorizarse de distintas maneras, pero en el terreno de lo fantástico o de la maravilla, no hay una clasificación: se ubican bajo la misma etiqueta. Se pretende analizar dos películas que incluyan discursos fantásticos: <em>El laberinto del fauno</em> (2006) y <em>Corazón de tinta </em>(2004). Del mismo modo, se tratará de explicar por qué son filmes fantásticos, contraponiéndolos con su versión literaria, bajo el proceso denominado “remediación”. El cine de fantasía, como texto fílmico, propone un lenguaje que busca ser decodificado bajo la lente crítica del espectador. En el presente escrito se presupone la apelación a un receptor que conviva con el texto fílmico y el literario, así como la relación entre arte y psicoanálisis. Buscamos argumentar la alternativa de un género cinematográfico distinto a los establecidos, problematizar las relaciones de adaptación literaria a lo fílmico y viceversa, así como plantear un acercamiento metodológico desde el campo psicoanalítico a las historias representadas, sus traumas y faltas en las dinámicas sociales.</p> Miguel Ángel Galindo Núñez Reyna Guadalupe Leticia Hernández Haro Copyright (c) 2023 Miguel Ángel Galindo Núñez, Reyna Guadalupe Leticia Hernández Haro http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-16 2023-09-16 45 115 131 A BASTARDIZAÇÃO DA PERVERSIDADE: UM ESTUDO SOBRE O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA EM GAME OF THRONES https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22346 <p>A saga <em>As crônicas de gelo e fogo</em> (1996-), do escritor norte-americano George R. R. Martin, foi adaptada pela HBO na série televisiva <em>Game of Thrones</em> (2011-2019), que se firmou como fenômeno audiovisual e cultural durante seus oito anos de transmissão. Entre os fatores que corroboraram o interesse gerado estava a presença de aspectos considerados inusuais nas histórias de fantasia, gênero narrativo no qual a obra de Martin, ao mesmo tempo, se encaixa e tece comentários. Contudo, no decorrer da série, avultaram-se críticas quanto à representação da violência na trama, vista por vezes como excessiva e gratuita. A partir das teorias da adaptação propostas por Eco (2007), Stam (2006) e Hutcheon (2013), em um estudo de personagem sobre um dos vilões principais de <em>Game of Thrones</em>, este artigo busca explorar como a questão da violência presente na obra literária foi transposta para o meio audiovisual, investigando a procedência das críticas direcionadas à adaptação. Sem intenção de discutir o já superado tópico da fidelidade na obra adaptada, analisa-se como as escolhas feitas no processo de adaptação, entre cortes, adições e reescritas do enredo, refletiriam o conteúdo almejado nos dramas televisivos considerados de prestígio e suas questões mercadológicas. Conjectura-se, também, como o sucesso de <em>Game of Thrones </em>poderia impactar futuras adaptações de obras de fantasia.</p> Verônica Valadares Copyright (c) 2023 Verônica Valadares http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-16 2023-09-16 45 133 149 MERLIN E MORGANA: MAGIA BRANCA E MAGIA NEGRA NA TELINHA E NA TELONA https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/25140 <p>A lenda do Rei Artur, amplamente construída sobre uma lógica dual e maniqueísta, opõe duas figuras de bruxos que contribuem para a renovação constante da narração: Merlin, o mago conselheiro dos soberanos, e a fada Morgana, bruxa maléfica e ávida por poder. Embora ancorada na tradição literária medieval, essa repartição de gênero das personagens entre o Bem e o Mal constitui uma criação do século XX, largamente desenvolvida pelo cinema e pela televisão. Este artigo propõe um olhar diacrônico sobre a construção deste casal antitético, estudando a evolução dessas duas figuras essenciais da lenda arturiana e suas relações, desde sua aparição no século XII, em obras francesas e inglesas, até as maiores produções cinematográficas e televisivas da cultura popular: <em>Os cavaleiros da távola redonda </em>(1953), <em>A Espada era Lei </em>(1963), <em>Excalibur </em>(1981), mas também as séries televisivas <em>Kaamelott</em>, <em>Merlin</em> e <em>Camelot</em>.</p> Justine Breton Copyright (c) 2023 Justine Breton http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 151 163 MAIS HUMANO QUE O HUMANO: DE PHILIP K. DICK A SPIKE JONZE — CONSTRUÇÃO DE PERSONAGENS E FOCALIZAÇÃO https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22409 <p>Este artigo se dedica à análise das personagens nos textos <em>Do androids dream of electric sheep?</em>, de Philip K. Dick, <em>Blade Runner </em>(Ridley Scott, 1992) e <em>Her</em> (Spike Jonze, 2013). Atentando inicialmente às estratégias de construção de personagens utilizadas, o trabalho aponta as várias semelhanças entre seus objetos, bem como as expressivas divergências. Inicialmente, o artigo tece considerações sobre as personagens ficcionais, com base nos ensaios de Antonio Candido e Anatol Rosenfeld (2005). Em seguida, aborda a focalização como ferramenta de construção de personagens nas três obras. Ao fim do trabalho, é possível perceber mudanças na representação das inteligências artificiais — vistas primeiramente como antagonistas que buscam atingir um patamar igualitário ao dos seres humanos, deixam de almejar materialidade física para chegar a outra forma de existência.</p> Allana Dilene de Araújo de Miranda Luiz Antonio Mousinho Thiago Pereira Falcão Copyright (c) 2023 Allana Dilene de Araújo de Miranda, Luiz Antonio Mousinho, Thiago Pereira Falcão http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 165 187 A ATRIBULADA ADAPTAÇÃO DO LIVRO DUNE PARA FILME, POR DAVID LYNCH https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22258 <p><em>Dune</em> é uma obra de Ficção Científica portentosa. Para além da densidade material (tem cerca de seiscentas páginas), é uma obra literária de grande escopo, onde perpassam várias problemáticas, ainda hoje, contemporâneas. Além disso, o autor concebeu toda uma geografia e cosmologia de raiz. Parece muito cinematográfica, e é-o, mas isso não quer dizer que seja de fácil adaptação cinematográfica. Pelo contrário, é uma obra quase impossível de transpor para a linguagem cinemática. Vários autores tentaram e falharam clamorosamente. A mais célebre dessas tentativas foi a encetada por David Lynch, em 1984, e é sobre ela que, aqui, me debruçarei. Começarei por descrever algumas caraterísticas do livro e traçarei, muito brevemente, a cronologia das várias tentativas goradas de adaptação para filme. Darei, depois, conta de todo o processo vivido por Lynch e pela sua equipa, desde a escrita do guião até às filmagens e posterior receção de público e da crítica. Analisarei, com especial cuidado, as diferenças e similitudes entre a obra literária e o filme, e tentarei explicar as razões que levaram a que esta adaptação falhasse, analisando criticamente todas essas vicissitudes.</p> Luís Carlos S. S. Branco Copyright (c) 2023 Luís Carlos S. S. Branco http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 189 209 LES METAMORPHOSES DE L’IMAGE CHEZ JODOROWSKY: DES PROJETS DE FILMS AUX REALISATIONS DE BANDES DESSINEES. https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22426 <p>Alejandro Jodorowsky rencontre Moebius (Jean Giraud) pour le projet qu’il a dès 1973 d’adapter au cinéma le roman <em>Dune</em> de Franck Herbert. Ce dernier n’aboutit pas mais annonce le début d’une longue collaboration entre les deux hommes et l’entrée de Jodorowsky dans l’univers de la bande dessinée. Un storyboard de <em>Dune</em> existe et ce travail sert d’inspiration pour une série de bandes dessinées de science-fiction, en collaboration avec différents dessinateurs et à des époques diverses. C’est notamment le cas de <em>L’Incal</em> (<em>Une Aventure de John Difool</em>), série créée avec Moebius de 1980 à 1989 et celui de <em>La Caste des Méta-Barons</em> dessinée par Juan Giménez de 1992 à 2003. Le lien entre film et bande dessinée se fait aussi lorsque Jodorowsky décide de passer par le 9<sup>ème</sup> art pour réaliser la suite du film <em>El Topo</em> sorti en 1970. Ainsi <em>Les Fils d’El Topo</em> voient le jour en 2016 puis 2019 avec José Ladrönn comme dessinateur. Ces deux expériences ne sont pas de même nature mais elles nous poussent à nous questionner sur les éléments permettant le passage du langage cinématographique à celui de la bande dessinée ou ceux y résistant. Jodorowsky expérimente des mises en page avec ses dessinateurs dans le but de créer une œuvre hybride. Il joue avec les codes de la bande dessinée soit en cherchant à casser les limites de la planche soit au contraire en adoptant une composition semi-régulière rappelant la pellicule cinématographique. Toutefois, la réduction de la dimension sonore et la narration nécessairement fragmentée de la bande dessinée empêchent un transfert parfait mais elles permettent une plus grande intégration du lecteur-spectateur dans l’œuvre.</p> Elisabeth POUILLY Copyright (c) 2023 Elisabeth POUILLY http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 211 222 ACABOU O HORROR: A ADAPTAÇÃO DA NETFLIX PARA SWEET TOOTH https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22664 <p>O artigo objetiva fazer um trabalho comparativo entre a <em>graphic novel</em> <em>Sweet Tooth</em> (2009-2013), do autor canadense Jeff Lemire, e a série homônima lançada pela Netflix em 2021, em adaptação de Jim Mickle. Serão consideradas as principais modificações da série em relação ao texto original. A pesquisa examinará como alguns elementos visuais e textuais principalmente do Horror (normalmente ligado ao Gótico) são claramente evitados na série, que prefere focar em elementos fantásticos ou realistas. A presente análise será feita principalmente observando teorias a respeito do Horror e do Gótico e sobre adaptação intermidiática.</p> Érica Rodrigues Fontes Copyright (c) 2023 Érica Rodrigues Fontes http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 223 239 ENTRE A GRAPHIC NOVEL E O FILME: UM ESTUDO COMPARATIVO DA TRANSMIDIAÇÃO DE CASTELO DE AREIA (2011) PARA TEMPO (2021) https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22429 <p dir="ltr">Roteirizado, dirigido e produzido por M. Night Shyamalan, Tempo (2021) é uma produção cinematográfica que narra o encontro de&nbsp; um grupo de pessoas que, durante uma viagem a um resort, ficam presos em uma armadilha temporal na beira de uma praia, um lugar misterioso onde a passagem do tempo é acelerada em comparação ao nosso relógio. Ao contrário de outros filmes de Shyamalan, como O Sexto Sentido (1999), Fragmentado (2016) e Vidro (2019), Tempo (2021) é um título que se destaca entre sua filmografia por não ser um argumento original, mas uma adaptação da graphic novel Castelo de Areia (2011 [2021]), do roteirista Pierre-Oscar Lévy e do quadrinista Frederik Peeters. Partindo dos estudos da Intermidialidade, o presente artigo busca analisar como foi realizada a transmidiação de um produto de mídia que tem por base imagens estáticas para outro, que se constrói nas imagens em movimento. A partir da análise comparativa das narrativas, também pensamos nessa transmidiação como uma transformação de um tipo de mídia qualificada em outro: de uma narrativa fantástica para uma narrativa de suspense que traz, ainda, alguns elementos de ficção científica.&nbsp;</p> <div>&nbsp;</div> Jaimeson Machado Garcia Ana Cláudia Munari Domingos Copyright (c) 2023 Jaimeson Machado Garcia, Ana Cláudia Munari Domingos http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 241 255 PIRATAS: DO TIETÊ, DOS QUADRINHOS AO CINEMA https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/23788 <p>O filme <em>A cidade dos piratas</em>, de Otto Guerra (2018), adapta a série de tiras publicada por Laerte Coutinho desde 1983, <em>Piratas do Tietê</em>. O filme nos conta empecilhos de diversas sortes que levaram seu diretor a modificar o foco da narrativa ao longo dos anos de produção: as dificuldades inerentes à produção audiovisual no Brasil, a mudança de perspectiva de Laerte em relação a seus personagens (até seu abandono completo), as reviravoltas na vida dos autores do filme e do quadrinho. Assim, ao longo de uma hora e vinte minutos, Otto nos entrega um metafilme em uma narrativa fragmentária, em que explora os contornos insólitos de algumas das mais importantes séries em tiras de Laerte Coutinho.</p> Maria Clara da Silva Ramos Carneiro Lielson Zeni Copyright (c) 2023 Maria Clara da Silva Ramos Carneiro, Lielson Zeni http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 257 271 DENTRO DE LA MATRIX HIPERREPRODUCTIVA: CINE, LITERATURA Y ARTE EN LA ÉPOCA DEL STREAMING https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/24909 <p>Este artigo pretende examinar as nuances da “matriz hiper-reprodutiva” que permeia boa parte da produção cinematográfica e televisiva, mas também que tem aportado nas concepções da produção literária. A tecnologia atravessa, muta e transforma a lógica e a dinâmica da produção, criação e recepção da arte hoje.</p> Ramiro Esteban Zó Copyright (c) 2023 Ramiro Esteban Zó http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 273 281 DEUSAS, SANTAS E MONSTROS: O FEMININO TERRÍVEL EM FRONTEIRA, DE CORNÉLIO PENNA https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22150 <p>Este trabalho tem como objetivo analisar as características monstruosas de Maria Santa, protagonista de <em>Fronteira</em> (1935), primeira obra de Cornélio Penna e de grande importância para a vertente intimista do romance de 30. Tal monstruosidade situa-se no perfil ambíguo da personagem, que apresenta tanto elementos hieráticos quanto uma face sexual e assustadora. O temor causado por Maria Santa provém da imprevisibilidade de sua natureza e da impossibilidade de total controle sobre ela. Para atingir os objetivos mencionados, dividi o trabalho em duas partes: em um primeiro momento, valho-me dos estudos de teóricos como os de Camille Paglia (1990), David Gilmore (2011) e Rudolf Otto (2007) para explorar o aspecto sagrado, que, longe de conferir qualidades como as de benignidade à personagem, intensificam seu teratismo; em seguida, os trabalhos de Júlio França e Daniel Augusto P. Silva (2015), Jeffrey J. Cohen (1996) e Margrit Shildrick (2002) fornecem o aporte teórico para o exame da monstruosidade de Maria Santa, identificada em uma sexualidade predatória que ameaça simultaneamente a retidão masculina e a santidade da própria personagem. Assim, pretendemos incluí-la na categoria de um feminino terrível – uma mulher capaz de provocar temor e veneração a um só tempo.</p> Lais Alves Copyright (c) 2023 Lais Alves http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 299 312 PEPENADORES DE EROTISMO O LOS CUERPOS ERÓTICO-GROTESCOS EN “LA VIDA REAL” (1999) DE EDUARDO ANTONIO PARRA Y EN LOS AMOROSOS (2006) DE JOSÉ LUIS SOLÍS https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22394 <p>En las últimas décadas, las prácticas que se han ocupado del cuerpo desde el ámbito del arte lo han hecho replanteando muchas de sus formas y funcionamientos: su lugar en el orden estético y su régimen perceptivo, su materialidad orgánica, su fundamento ético y su saber científico. El arte actual rediseña no sólo la imagen del cuerpo sino su propia fisicidad. Lo entiende como territorio de acción, como un espacio de prácticas con lo sensible, un espacio de juego con el saber y de experimentación con la existencia. Asimismo, el cuerpo humano ha sido reinventado, al igual que la realidad que le rodea, con visibles repercusiones en el ámbito subjetivo, ético y político. Ahora es el cuerpo quien problematiza y ejerce una fuerza sobre su misma forma y percepción, y emprende la mutación política y estética de sus propias representaciones y reflexiones. De esa forma, en el presente trabajo se utiliza el concepto de cuerpo erótico-grotesco como ese ente capaz de transgredir sus fronteras y las normas sociales, para lograr un renacimiento de éste y de la sociedad, por medio del rencuentro del individuo con la colectividad, llevándolo a apreciar la verdadera “vida real”, es decir la que va más allá de la violencia, la individualidad y la soledad. Para ello, se analizan el cuento “La vida real” de Eduardo Antonio Parra (<em>Tierra de nadie</em>, 1999) y su adaptación en el cortometraje <em>Los Amorosos</em> (2006) de José Luis Solís. Partiendo de los conceptos de Mijaíl Bajtín y Wolfgang Kayser sobre el cuerpo grotesco, y el de lo abyecto de Julia Kristeva.</p> Julia Isabel Eissa Osorio Copyright (c) 2023 Julia Isabel Eissa Osorio http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 313 322 O NARRADOR NA TRANSPOSIÇÃO INTERMIDIÁTICA DE MEMÓRIAS PÓSTUMAS https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22047 <p>Este artigo aborda o aproveitamento de obras anteriores como um traço característico da produção cultural contemporânea, com o estudo de caso da adaptação de <em>Memórias Póstumas de Brás Cubas</em> (1881), de Machado de Assis, para o filme <em>Memórias Póstumas</em> (2001), de André Klotzel. Verifica-se que o texto derivado atualiza elementos estilísticos do texto-fonte, explicitando seu projeto comunicativo a partir da seleção dos aspectos que retoma em seu arranjo composicional. Observa-se como a focalização, o ponto de vista e a autoconsciência do narrador, aspectos de prestígio da obra machadiana, são repropostos no filme a partir da corporificação do narrador delegado, o “defunto autor”, que conta e mostra suas memórias.</p> Márcia Gomes Marques Gedy Brum Weis Alves Copyright (c) 2023 Márcia Gomes Marques, Gedy Brum Weis Alves http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 323 335 “O MODELO COPIA O REAL, SEM DETURPAR”: A MAQUETE NA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA CARLOS DE OLIVEIRA – SOBRE O LADO ESQUERDO (2007), DE MARGARIDA GIL https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/22440 <p>O propósito do artigo é investigar a maneira como a maquete, um dos objetos criados pela família de <em>Finisterra</em>: paisagem e povoamento (1978), livro do autor português Carlos de Oliveira, ganha outra significação na adaptação para os cinemas das obras do poeta homenageado em <em>Carlos de Oliveira</em> – Sobre o lado esquerdo, de 2007. Dirigido por Margarida Gil, a partir do roteiro escrito por ela, em parceira com Manuel Gusmão, ensaísta e também poeta, nota-se que a maquete, produzida pelo adulto na narrativa, na transposição para as telas é mencionada em cenas concentradas na reflexão da escrita por parte de Carlos de Oliveira, bem como de aspectos biográficos. Há, então, certo deslocamento quanto ao emprego do objeto no livro e no cinema, condição a ser investigada no artigo.</p> Patrícia Resende Pereira Copyright (c) 2023 Patrícia Resende Pereira http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 337 348 EL MARKETING DE VIDEOJUEGOS COMO UN DISCURSO PARALITERARIO: EL CASO DE GENSHIN IMPACT https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/24208 <p>Si bien, ciertas tipologías textuales reconocen cuatro grandes grupos de discursos —descriptivo, expositivo, narrativo y argumentativo—, debemos considerar que la palabra “narrativa” o “literatura” no siempre se utiliza para nombrar a la lengua. Encontramos la palabra “literatura” como una opción de “bibliografía” aunque no tenga nada de artística, o podemos utilizar “narrativas históricas” para los muchos testimonios sobre un evento pasado, aunque se traten de datos estadísticos y no necesariamente de crónicas. El objetivo de este trabajo de investigación será hablar de una de estas tantas modalidades de los términos “literatura” y “narrativa”, sobre todo en los terrenos de la mercadotecnia, concediéndole un lugar a las estrategias de <em>marketing</em> en lo estético literario a partir de una narrativa no convencional: los videojuegos y sus campañas publicitarias. Hoy en día, la mercadotecnia es considerada un discurso posmoderno (FIRAT; VENKATESH, 1993). No solo es una herramienta, sino que ha generado posicionamientos literarios —por no decir narrativos—. Considerando lo anterior, se propone al discurso de ventas, no solo como un discurso utilitario que facilita la penetración y posicionamiento en el mercado de productos y servicios, sino como una experiencia estética. Esto se verá en conjunto con la transmedia: recurso posmoderno aunado con otros elementos importantes que se desarrollarán en este artículo, los cuales revelarán a la mercadotecnia como un discurso literario narrativo de productos o servicios; para ello utilizaremos el referente de <em>Genshin Impact</em> (2020).</p> Miguel Ángel Galindo Núñez Elías Alejandro García Gutiérrez Copyright (c) 2023 Miguel Ángel Galindo Núñez, Elías Alejandro García Gutiérrez http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2023-09-17 2023-09-17 45 349 356