Scholze AR, Martins JT, Galdino MJQ, Prezotto KH, Zanatta LF. Consumo de álcool entre jovens e adolescentes do Movimento Sem Terra. J. nurs. health. 2020;10(1):e20101007

https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/view/18107/11411

ARTIGO ORIGINAL

Consumo de álcool entre jovens e adolescentes do Movimento Sem Terra

Alcohol consumption among young people and adolescents of the Landless Movement

Consumo de alcohol entre jóvenes y adolescentes en el Movimiento Sin Tierra

Scholze, Alessandro Rolim[1]; Martins, Júlia Trevisan[2]; Galdino, Maria José Quina[3]; Prezotto, Kelly Holanda[4]; Zanatta, Luiz Fabiano[5]

RESUMO

Objetivo: identificar prevalência e fatores sociodemográficos relacionados ao consumo de álcool entre jovens e adolescentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Método: estudo transversal realizado com 288 jovens, cujos dados foram coletados no II Festival de Artes das Escolas de Assentamento do Paraná, no ano de 2014. Os dados foram analisados descritivamente e a associação pelos testes qui-quadrado, exato de Fisher e razão de prevalência. Resultados: dos participantes, 79,9% referiram consumo de álcool em algum momento da vida, dos quais 98,3% consumiram pelo menos uma vez no último ano. O consumo no último no mês (53,3%) e consumo excessivo episódico (14,4%) esteve associado ao sexo masculino (RP: 1,40; p=0,01; RP: 2,10; p=0,03, respectivamente). Conclusão: jovens do Movimento Sem Terra apresentaram comportamento vulnerável para o consumo de álcool, sobretudo os do sexo masculino.

Descritores: Consumo de bebidas alcoólicas; População rural; Adulto jovem; Adolescente; Grupos de risco

ABSTRACT

Objective: to identify the prevalence and sociodemographic factors related to alcohol consumption among young people and adolescents of the Landless Rural Workers Movement. Method: this is a cross-sectional study carried out with a sample of 288 young people, whose data were collected at the II Arts Festival of the Schools of Rural Settlement of Paraná, in 2014. The data were analyzed descriptively and in the test groups chi-square, Fisher's exact and prevalence ratio. Results: of the participants, 79.9% reported alcohol consumption at some point in their lives, of which 98.3% consumed at least once in the past year. The consumption in the last month (53.3%) and the excessive consumption of episodes (14.4%) were associated with males (PR: 1.40; p = 0.01; PR: 2.10; p = 0,03, respectively). Conclusion: adolescents and young people from the Landless Rural Workers' Movement face vulnerable behavior to alcohol consumption, especially males.

Descriptors: Alcohol drinking; Rural population; Young adult; Adolescent; Risk groups

RESUMEN

Objetivo: identificar la prevalencia y factores sociodemográficos relacionados con el consumo de alcohol entre los jóvenes y adolescentes del Movimiento de Trabajadores Rurales sin Tierra. Método: estudio transversal realizado con 288 jóvenes, cuyos datos fueron recolectados en el II Festival de las Artes de las Escuelas de Asentamiento de Paraná, en 2014. Los datos se analizaron descriptivamente y en los grupos por la prueba de chi-cuadrado, exacta de Fisher y razón de prevalencia. Resultados:  79.9% informó el consumo de alcohol en algún momento de vidas, de los cuales el 98.3% consumió al menos una vez en último año. El consumo en el último mes (53.3%) y el consumo excesivo de episodios (14.4%) se asociaron con varones (RP: 1.40; p = 0.01; RP: 2.10; p = 0,03, respectivamente.) Conclusión: los adolescentes y los jóvenes del Movimiento de Trabajadores Rurales enfrentan un comportamiento vulnerable al consumo de alcohol, especialmente los hombres.

Descriptores: Consumo de bebidas alcohólicas; Población rural; Adulto joven; Adolescente; Grupos de riesgo

INTRODUÇÃO

O uso desordenado de substâncias psicoativas tornou-se um problema mundial, sobretudo o álcool, por ser uma droga lícita, cujo consumo é incentivado pela mídia, sociedade e, até mesmo, no contexto familiar, o que resultou, nas últimas décadas, em um aumento significativo no consumo entre populações de diferentes faixas etárias e sexos.1-2 Esse cenário representa um desafio para a saúde e as políticas públicas, devido as consequências geradas para a saúde física e mental das pessoas, bem como pelo desencadeamento de problemas sociais e comportamentais.2-3

Entre os adolescentes e jovens, a prevalência de uso e o abuso de álcool é elevada e está associada à vulnerabilidade individual, social e programática e, por consequência, também aos seus efeitos de curto e longo prazo.4-6 Assim, quanto mais precoce for a experimentação do álcool, maiores serão as probabilidades de dependência na idade adulta, bem como de desenvolver agravos à saúde, aumentar as chances de comportamentos violentos e de risco, principalmente o sexo desprotegido e o uso de drogas ilícitas.7

Nesse sentido, estudos realizados nos Estados Unidos, Espanha e Dinamarca demostraram que os adolescentes e jovens residentes em áreas rurais, principalmente aqueles com baixo nível socioeconômico, são mais propensos ao abuso de bebidas alcoólicas e o consumo excessivo foi relacionado ao baixo desempenho escolar, tabagismo e uso de maconha.8-9 Embora, haja estudos sobre o uso e abuso de álcool entre adolescentes e jovens brasileiros, a grande maioria dessas investigações busca conhecer o perfil do consumo entre aqueles residentes na área urbana em detrimento da rural.10 Assim, há uma lacuna de conhecimento sobre a prevalência do consumo de álcool e os fatores relacionados entre os adolescentes e jovens pertencentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).11-12

O MST está presente em 23 estados e também no Distrito Federal, e desde sua criação em 1984, já se somam 36 anos de história de luta pela reforma agrária e por uma sociedade mais justa, sendo considerado o movimento social popular mais robusto da América Latina e reconhecido mundialmente por suas ações na luta pelo direito a terra.12

Os adolescentes e jovens do MST, por direito enquanto categoria social, são incluídos nas políticas públicas propostas para a juventude, contudo tais políticas ainda não consideram as suas peculiaridades e, por esta razão, estão longe de serem efetivas.

Dessa maneira, pesquisas desenvolvidas com os adolescentes e jovens do movimento que permitam identificar suas problemáticas, tornam-se relevantes por fornecer subsídios para traçar estratégias de prevenção para as repercussões negativas em suas vidas, especialmente, o consumo de álcool tem sido considerado um dos desafios para as políticas públicas para a juventude rural. Assim, o objetivo deste estudo foi identificar a prevalência e os fatores sociodemográficos relacionados ao consumo de álcool entre adolescentes e jovens do MST.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal realizado com adolescentes e jovens do MST durante o II Festival de Artes das Escolas de Assentamento do Paraná, de 2014. O evento é realizado a cada dois anos e reúne a população adolescente e jovem das escolas dos acampamentos e dos assentamentos do MST, para trocas de experiências, contato com diferentes culturas e costumes por meio de apresentações artísticas e debates. Em 2014, o festival contou com a participação de 33 delegações de adolescentes e jovens que representavam as diferentes regiões do Estado.

A população de estudo foi composta por adolescentes e jovens com idade entre 12 e 24 anos residentes nos assentamentos e acampamentos do MST e foi estimada pela coordenação do festival em 1.198 participantes. Com base nesse número, calculou-se o tamanho amostral, considerando nível de significância de 95%, prevalência de 50% e erro de 5%, resultando em 288 jovens. Foram incluídos nesta pesquisa os adolescentes e jovens de ambos os sexos, com idade entre 12 e 24 anos e que integravam o MST no Paraná, por no mínimo dois anos. Foram excluídas mulheres em período gestacional, uma vez que o consumo do álcool pode ser alterado nesse momento.

Identificadas as diferentes delegações, uma de cada localidade, foi realizado contato com a sua coordenação, solicitado autorização para a realização da pesquisa, e em seguida procedeu-se o convite aos participantes. Aos que aceitavam e possuíam acima de 18 anos, foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aos menores de idade, o TCLE foi entregue aos responsáveis, e o consentimento dos participantes foi obtido pelo Termo de Assentimento. Assim, a amostragem foi por conveniência e a coleta se encerrou com a obtenção do tamanho amostral previamente estipulado.

Os dados foram coletados durante os quatro dias de duração do festival, de 07 a 10 de outubro de 2014, por meio de um questionário individual, em um local reservado. O instrumento utilizado neste estudo foi uma adaptação do questionário13 aplicado no V Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras.

As variáveis de análise foram agrupadas nos blocos consumo de álcool e características sociodemográficas. As variáveis relacionadas ao consumo de álcool foram: prevalência do consumo de álcool na vida (consumo de pelo menos uma dose de álcool na vida), prevalência de consumo de álcool no ano (consumo de pelo menos uma dose nos últimos 12 meses), prevalência de consumo de álcool no mês (consumo de pelo menos uma dose nos últimos 30 dias) e consumo excessivo episódico (consumo superior à cinco doses em um único momento nos últimos 30 dias). As variáveis relacionadas às características sociodemográficas incluíram: sexo, idade, cor da pele, escolaridade, estado conjugal, atividade remunerada e tipo de residência.

Os dados foram analisados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0. Foram calculadas frequências absolutas e relativas, razão de prevalência e os intervalos de confiança para cada variável, e realizou-se análise bivariada por meio dos testes de qui-quadrado e exato de Fisher. O nível de significância estatística adotado foi de p<0,05. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, conforme Certificado de Apresentação de Apreciação Ética 23752813.1.0000.0108.

RESULTADOS

A amostra deste estudo foi constituída por 288 adolescentes e jovens, destes, a maioria pertencia ao sexo masculino (55,9%), solteiros (96,5%), com faixa etária entre 12 a 17 anos e não brancos.

Quanto ao nível de escolaridade, 61,1% possuíam o ensino fundamental e 38,9% o ensino médio ou superior. No que se refere à ocupação, 30,6% exerciam alguma atividade laboral remunerada. Identificou-se que 89,2% residiam em casa de alvenaria, 9,7% barraca e 11,1% não referiram o tipo de residência. A maioria reside com pai e mãe (58,1%) e com quatro a seis pessoas habitando no mesmo espaço (37,1%).

Sobre o consumo de álcool, 79,9% dos adolescentes e jovens já haviam consumido álcool em algum momento da vida, dos quais, 98,3% consumiram a substância pelo menos uma vez no último ano, 53,3% no mês e 14,4% apresentaram consumo excessivo episódico, referindo o uso de cinco doses ou mais em um único momento no último mês.

Considerando o comportamento prejudicial, relacionou-se o consumo de álcool no mês e o consumo excessivo episódico com as variáveis sociodemográficas (Tabela 1). Verificou-se que o sexo masculino apresentou maior prevalência significativamente em relação ao feminino. Para as demais variáveis não houve diferença estatística entretanto, a prevalência foi maior entre os participantes menores de 17 anos, afrodescendentes, com ensino fundamental, solteiros, sem atividade remunerada e que residiam em casa.

Tabela 1: Prevalência de consumo de álcool no mês e consumo excessivo episódico, segundo as características sociodemográficas. Paraná (PR), Brasil, 2014. n = 288

Variáveis

Consumo de Álcool no Mês

Consumo Excessivo Episódico

N

%

p

RP

IC (95%)

n

%

p

RP

IC (95%)

Sexo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Masculino

77

63,1

0,01

1,40

1,07

1,77

24

72,7

0,03

2,10

1,07

4,28

Feminino

45

36,9

 

 

 

 

9

27,3

 

 

 

 

Idade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

18 a 24 anos

40

32,8

0,06

1,30

0,99

1,66

12

36,4

0,22

1,50

0,78

2,89

12 a 17 anos

82

67,2

 

 

 

 

21

63,6

 

 

 

 

Cor da pele

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não Branca

76

62,3

0,84

1,00

0,76

1,25

23

69,7

0,38

1,40

0,68

2,69

Branca

46

37,7

 

 

 

 

10

30,3

 

 

 

 

Escolaridade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ensino fundamental

68

55,7

0,85

1,00

0,76

1,25

21

63,6

0,36

1,40

0,71

2,61

Ensino médio/ superior

54

44,3

 

 

 

 

12

36,4

 

 

 

 

Estado conjugal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Solteiro

116

95,1

0,66

0,90

0,50

1,55

30

90,9

0,15

0,50

0,16

1,33

União estável

6

4,9

 

 

 

 

3

9,1

 

 

 

 

Atividade remunerada

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim

43

35,2

0,10

1,20

0,96

1,59

9

27,3

0,66

0,90

0,42

1,73

Não

79

64,8

 

 

 

 

24

72,7

 

 

 

 

Local residência

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Barraca

12

9,8

0,53

1,10

0,76

1,71

5

15,2

0,16

1,90

0,78

4,44

Casa

110

90,2

 

 

 

 

28

84,8

 

 

 

 

Fonte: elaborado pelos autores, 2014.

DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo indicam que a prevalência e o padrão do consumo de álcool entre os adolescentes e jovens integrantes do MST no estado do Paraná são expressivamente altos, quando analisamos as frequências relativas. Frente a este alto índice de consumo de bebida alcoólica, vale ressaltar que estes indivíduos não estão cumprindo as diretrizes dos acampamentos e assentamentos, que é taxativa ao descrever que é proibido consumir álcool, independente da idade, exceto em épocas de festividades.14

As leis brasileiras e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que regulamentam a temática em questão, considera um ato importante coibir a compra, venda, transporte, guarda e consumo de álcool e tabaco para a faixa etária até 18 anos.15 Contudo, estes adolescentes e jovens do MST, assim como outras juventudes e adolescências brasileiras, não estão apenas infligindo leis, encontram-se vulneráveis às numerosas consequências negativas que o consumo abusivo pode desencadear.

Uma articulação eficaz para provocar uma diminuição no consumo, seria o aumento nos impostos sobre as bebidas alcoólicas, o que tornaria o preço mais elevado e assim, causaria uma redução no consumo e problemas relacionados ao uso abusivo,16 principalmente na população estudada.

Assim, ao analisar os resultados referentes ao consumo na vida de álcool, identifica-se que, 79,9% dos adolescentes e jovens já consumiram álcool em algum momento da vida. Corroborando com pesquisa desenvolvida com adolescentes e jovens rurais do Estado de Pernambuco no qual, verificou que cerca de 60% dos jovens fizeram uso na vida de álcool, com uma maior prevalência no consumo de álcool entre o sexo feminino 54,35%.17

Estudo desenvolvido com estudantes do ensino fundamental no Sul de Minas constatou que o consumo de álcool ocorre à mesma proporção quando comparado ao sexo.18 No entanto, ao comparar a prática de binge drink (consumo excessivo episódico de cinco doses ou mais para o sexo masculino e quatro doses ou mais para o feminino) o sexo feminino se associa as menores chances do binge drink no ano (aOR = 0,6: IC99%: 0,5-0,8) e mês (aOR = 0,7: IC99%: 0,6-0,8).

Entre os adolescentes e jovens do MST que fizeram uso na vida do álcool 79,9%, constatou-se que destes 98,3% afirmaram ter consumido álcool ao menos uma vez no último ano. Dados esses que são análogos ao estudo realizado com a população urbana no Brasil, na qual, o consumo de álcool apresentou as mesmas peculiaridades entre o meio urbano e rural.5 Estes resultados corroboram com os achados encontrados neste estudo, visto que, quando o adolescente ou jovem realiza o primeiro contato com a bebida alcoólica, o mesmo se torna vulnerável a desenvolver o hábito e ter uma maior probabilidade para outras experiências com a bebida.

Assim, é de extrema importância incorporar medidas de redução de danos frente ao consumo de álcool entre adolescentes e jovens,10 pois quanto mais tardio for seu primeiro contato com o álcool, menores serão as vulnerabilidades associadas ao consumo de bebida alcoólica.19

Estudos apontam que, os adolescentes estão tendo contato com a bebida alcoólica, cada vez mais em idade precoce, entre 10 a 12 anos, o que é um fator negativo, pois quanto mais precoce for o primeiro contato com a bebida alcoólica, este possui maiores chances de se tornar um dependente na idade adulta.13

Ao observar o comportamento entre os adolescentes e jovens quanto ao consumo excessivo episódico, ou seja, a ingestão de quatro ou mais doses para o sexo feminino e cinco doses ou mais para o sexo masculino em um único momento,20 cerca de 14,4% dos adolescente e jovens refere este consumo no último mês. Entretanto, constatou-se que a prevalência do consumo excessivo episódico no mês foi maior entre o sexo masculino e com idade inferior ou igual a 17 anos, este achado pode estar relacionado a uma maior amostra, neste estudo, do sexo masculino. Outro fator de grande impacto encontrado neste estudo foi à ocorrência de consumo excessivo episódico por menores de idade, neste achado é possível evidenciar o descumprimento da lei conforme já mencionado anteriormente, bem como foi revelado que ainda existe uma facilidade para a compra da substância pelos menores.

Investigação realizada com jovens da Nova Zelândia, também evidenciou o mesmo comportamento de consumo excessivo episódico no último mês, visto que, cerca de 60% dos jovens na faixa etária de 16 anos, apresentaram no mínimo uma ocasião de consumo excessivo no último mês, e 71% possuíam idade entre 17 e 18 anos.21

O consumo abusivo do álcool entre adolescentes e jovens, principalmente entre os indivíduos menores de idade é um grave problema de saúde pública a nível mundial, considerado que quando um indivíduo possui este comportamento de risco, o mesmo encontra-se vulnerável para dependência durante a vida adulta, predisposição para o consumo/uso de outros tipos de drogas e também estão mais expostos para o desenvolvimento de transtornos psíquicos.2-4

Estes também apresentam uma predisposição para o desenvolvimento de tolerância relacionado ao consumo de álcool, sendo este caracterizado pelo aumento do consumo no número de doses, quando comparado com o início. Assim, conforme o indivíduo desenvolve o hábito do consumo, seu corpo desenvolve tolerância e para se ter um efeito, ele precisa aumentar a quantidade do teor alcoólico em uma única ocasião.20

De tal modo, reafirma-se que a exposição do consumo excessivo episódico deixa os adolescentes e jovens mais vulneráveis para as mortes acidentais, lesões relacionadas com o álcool, assaltos, abuso sexual, relação sexual desprotegida e problemas de saúde relacionados com o álcool.22 Portanto, o álcool é uma substância psicoativa que atinge praticamente todos os órgãos do corpo, sendo intoxicante, tóxica em nível celular e em tecidos, com efeitos imunossupressores, teratogênicos e carcinogênicos.16

Outra característica referente ao fenômeno do consumo abusivo episódico está relacionada às transformações psicossociais, sociocultural e à busca da autonomia do adolescente e jovem.7 Além disso, viver em um ambiente familiar não protetor, condições socioeconômicas precárias, podem contribuir para um comportamento vulnerável ao uso de álcool e outros tipos de drogas.

Enfatiza-se que o consumo de bebida alcoólica é um problema propagado por todos os países, visto que, muitas vezes este consumo tem a finalidade de socialização entre as populações e para as relações interpessoais. No entanto, cabe ressaltar que este hábito desencadeia consequências negativas, não somente as pessoas que fazem o uso, mas atinge as relações coletivas do meio onde as mesmas convivem no seu cotidiano.23

Outro fator, que pode estar associado com a prática de consumo de bebida alcoólica, é quando os adolescentes e jovens vivenciam práticas de consumo e abuso da bebida alcoólica no contexto familiar. Portanto, quando o indivíduo se encontra inserido em um contexto familiar não protetor, este apresenta maiores chances para desenvolver um hábito de consumo precoce, além de facilitar a violência e os sentimentos de negação e constrangimento, gerando assim, uma diminuição do convívio social com a família e traumas referentes ao consumo.23 O consumo também está relacionado com a aceitação cultural na sociedade, o que implica na dificuldade de desenvolvimento de ações preventivas, pois sabe-se que o álcool é uma droga lícita aceitada e incentivada pela sociedade.24

Quanto à prevalência do consumo de álcool no mês e consumo excessivo episódico dos jovens, segundo suas características sociodemográficas, apenas a variável sexo apresentou resultados estatisticamente significativos. Entretanto, constatou que entre o sexo masculino com idade inferior a 18 anos, que faziam consumo excessivo de álcool, não brancos, com ensino fundamental, solteiros, sem atividade remunerada e que residiam em casa.

Ainda foi possível observar nos resultados desta pesquisa, que o sexo masculino obteve uma maior prevalência de consumo, no entanto, vale ressaltar que entre os participantes deste estudo houve uma maior participação do sexo masculino, portanto, esta maior prevalência pode estar relacionado a este fator, em todas as categorias de consumo, o que difere de outros estudos17-18 no qual evidenciaram um alto consumo de álcool entre as jovens do sexo feminino. Também se salienta que, o sexo feminino vem apresentando uma maior prevalência no consumo, no entanto, ao comparar padrão de consumo, o sexo masculino é a população mais exposta a este comportamento.4-5,13,25

Estudo desenvolvido em dois assentamentos de reforma agrária no Piauí, no qual, constatou que, 11,6% dos indivíduos pesquisados apresentaram consumo de risco, uso nocivo e dependente de álcool, sendo que, o sexo masculino apresentou maior prevalência,20 dados que se assemelharam aos deste estudo.

Em uma pesquisa realizada com estudantes norte-americanos do ensino médio revelou que os jovens residentes na zona rural, apresentaram maiores chances de consumir 15 ou mais doses de bebida alcoólica em uma única ocasião.9 Estes achados também foram observados em estudo nacional, no qual, também demonstrou um consumo excessivo episódico, sendo este consumo mais expressivo nos adolescentes e jovens do sexo masculino.5 Assim, estas pesquisas corroboram com este estudo visto que, cerca de 14,4% dos adolescentes e jovens tiveram um ou mais consumo excessivo episódico no último mês.

Frente a esta constatação, vale reafirmar que os adolescentes e jovens do MST encontram-se vulneráveis ao consumo excessivo episódico. Destaca-se a necessidade de desenvolver junto a esta população ações de saúde, visando intervenções de redução de danos,12 pois, atualmente o conjunto de políticas públicas, nesta temática, tem direcionado sua atenção ao contexto urbano, inexistindo ações voltadas especificamente à população rural, quiçá, dos acampamentos e assentamentos da reforma agrária.26 Neste sentido, é notória a necessidade de investimentos em educação em saúde para a população do MST, considerando que, este uso desordenado na juventude pode causar dependência na idade adulta e trazer danos para a saúde biopsicossocial.

Em termos de políticas públicas, cita-se a implementação da Política de Redução de Danos, com ações que visam a prevenção do consumo precoce do álcool ou consumo abusivo, com enfoque na informação, educação e aconselhamento estimulando à adoção de comportamento mais seguro no consumo das substâncias psicoativas.19 Constata-se que as condições de vulnerabilidade para o consumo de álcool não se restringem apenas aos adolescentes e jovens do perímetro urbano, visto que o consumo também foi verificado na juventude do MST, mostrando-se como um grave problema de saúde pública que atinge adolescentes e jovens, independentemente do seu local de moradia.

Neste contexto, infere-se que o consumo abusivo de álcool na população estudada, está associado às próprias características dessa fase do crescimento e desenvolvimento humano, no qual encontram-se em uma constante busca pela independência, identidade pessoal e social. Ainda, deve-se considerar o ambiente sociocultural onde o adolescente e jovem vive, que ao depender da condição social e cultural, pode facilitar ou dificultar o consumo e as vulnerabilidades a que estes estão expostos.6,25

Portanto, o consumo abusivo de álcool é um problema a ser enfrentado pelos órgãos públicos a nível mundial, principalmente, entre a população de adolescentes e jovens do perímetro urbano, bem como o rural, considerando que, o consumo abusivo de álcool se tornou homogêneo em todo mundo, atingindo heterogeneidade de pessoas não diferindo grupos populacionais, classe econômica e contexto social.

No entanto, estes resultados trazem uma grande preocupação a nível de atenção à saúde desta população, considerando que ao observar o acesso aos serviços de saúde, que possam garantir a esta população informações adequadas referentes aos problemas do consumo precoce de álcool ou ações de intervenção, identifica-se uma distribuição desigual da infraestrutura das Estratégias de Saúde da Família, apresentando pouco aumento na cobertura destes serviços nas áreas rurais.27

CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo evidenciaram que os adolescentes e jovens integrantes do MST, que vivem no meio rural apresentaram comportamento vulnerável para o consumo de álcool. O consumo no último no mês e consumo excessivo episódico esteve associado ao sexo masculino, e os demais fatores sociodemográficos analisados não apresentaram diferença estatística, entretanto a prevalência foi maior entre os menores de 17 anos, afrodescendentes, com ensino fundamental, solteiros, sem atividade remunerada e que residiam em casa.

Para romper com o conjunto de vulnerabilidades constatados nesta pesquisa em relação ao consumo de álcool pela adolescência e juventude Sem Terra, sugere-se que os pesquisadores e atores dos meios acadêmicos invistam maior atenção a esta população, pois o contexto de invisibilidade de suas condições sociais e de saúde em nada contribuem com a formulação e implantação de políticas públicas. Sem dados concretos de suas condições e de seu cotidiano, suas necessidades de vida jamais serão prioridades para as agendas governamentais.

Por fim, salienta-se que os objetivos do presente estudo foram atingidos, porém apresentou limites relacionados com a escassez de estudos sobre o consumo de álcool entre adolescentes e jovens do MST. Ainda, configurou-se como limite ter sido desenvolvido apenas com adolescentes e jovens que estavam participando do festival de artes das escolas dos assentamentos do Paraná, o que não possibilita a sua generalização para demais acampamentos e assentamentos do país.

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Data de submissão: 03/02/2020

Data de aceite:13/04/2020

Data de publicação: 14/05/2020



[1] Enfermeiro. Mestra em Enfermagem. Universidade Estadual de Londrina (UEL). Paraná (PR), Brasil. E-mail: le.scholze@hotmail.com http://orcid.org/0000-0003-4045-3584

[2] Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual de Londrina (UEL). Paraná (PR), Brasil. E-mail: jtmartins@uel.br http://orcid.org/0000-0001-6383-7981

[3] Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Paraná (PR), Brasil. E-mail: mariagaldino@uenp.edu.br http://orcid.org/0000-0001-6709-3502

[4] Enfermeira. Mestra em Enfermagem. Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). Paraná (PR), Brasil. E-mail: kelly@unicentro.br http://orcid.org/0000-0001-9432-6965

[5] Enfermeiro. Doutor em Enfermagem. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Paraná (PR), Brasil. E-mail: lfzanatta@uenp.edu.br http://orcid.org/0000-0002-2060-0180