ARTIGO original

Perfil de profissionais e organiza��o do trabalho em centrais de transplantes

Profile of professionals and organization of work in transplant centers

Perfil de los profesionales y organizaci�n del trabajo en los centros de trasplante

Magalh�es, Aline Lima Pestana;[1] Santos, Rosane Lucilene dos;[2] Knihs, Neide da Silva;[3] Pessoa, Jo�o Luis Erbs;[4] Brehmer, Laura Cavalcanti de Farias;[5] Melo, Polianna Costa Bortolon[6]

RESUMO

Objetivo: identificar o perfil de profissionais e a organiza��o do trabalho nas centrais nacional e estaduais de transplante. M�todo: pesquisa quantitativa, descritiva, realizada com 34 profissionais das centrais de transplantes. Realizou-se coleta de dados entre junho e setembro de 2020, por meio de question�rio eletr�nico. Os dados foram analisados pela estat�stica descritiva. Resultados: as equipes de transplantes s�o compostas principalmente por enfermeiros (73,5%), com tempo de forma��o entre 11 e 20 anos (41,2%) e atua��o nas centrais entre cinco e 10 anos (44,1%). As atividades de gest�o foram as mais citadas, seguida pelas de educa��o, e por fim atividades assistenciais. Conclus�o: a partir deste estudo foi poss�vel evidenciar quem s�o os profissionais atuantes nas Centrais de Transplantes. O enfermeiro destaca-se como integrante das equipes das centrais. A atua��o do enfermeiro no processo de doa��o de �rg�os � de extrema import�ncia, visto que � o gestor do cuidado.

Descritores: Obten��o de tecidos e �rg�os; Transplantes; Papel do profissional de enfermagem

ABSTRACT

Objective: to identify the profile of professionals and the organization of work at national and state transplant centers. Method: quantitative, descriptive research carried out with 34 professionals from transplant centers. Data were collected between June and September 2020, through an electronic questionnaire. Data were analyzed using descriptive statistics. Results: the transplant teams are mainly composed of nurses (73.5%), with training time between 11 and 20 years (41.2%) and working in the centers between five and 10 years (44.1%). Management activities were the most cited, followed by education, and finally assistance activities. Conclusion: from this study it was possible to show who are the professionals working in the Transplant Centers. The nurse stands out as a member of the teams at the centers. The role of nurses in the organ donation process is extremely important, as they are the care managers.

Descriptors: Tissue and organ procurement; Transplants; Nurse�s role

RESUMEN

Objetivo: identificar el perfil de los profesionales y la organizaci�n del trabajo en los centros de trasplante nacionales y estatales. M�todo: investigaci�n cuantitativa, descriptiva, realizada con profesionales de centros de trasplante. La recolecci�n de datos se realiz� entre junio y septiembre de 2020, a trav�s de un cuestionario electr�nico. Los datos fueron analizados utilizando estad�stica descriptiva. Resultados: los equipos de trasplante est�n compuestos mayoritariamente por enfermeras (73,5%), con tiempo de formaci�n entre 11 y 20 a�os (41,2%) y trabajando en los centros entre cinco y 10 a�os (44,1%). Las actividades de gesti�n fueron las m�s citadas, seguidas de las de educaci�n y finalmente las de asistencia. Conclusi�n: fue posible evidenciar qui�nes son los profesionales que act�an en los Centros de Trasplante. La enfermera tiene un papel destacado como miembro del equipo al ser la gestora de cuidados en el proceso de donaci�n de �rganos.

Descriptores: Obtenci�n de tejidos y �rganos; Trasplantes; Rol de la enfermera

INTRODU��O

O processo de doa��o de �rg�os e tecidos necessita do envolvimento de v�rios profissionais da sa�de em diferentes n�veis de atua��o no Sistema Nacional de Transplantes (SNT).� Dentro do SNT existem as Centrais Nacional (CNT) e Estaduais de Transplantes (CET) que s�o respons�veis pela log�stica e distribui��o de �rg�os e tecidos em �mbito Nacional e Estadual.1 O sucesso e avan�o do programa de transplantes no Brasil est� atribu�do a diversos fatores, como a organiza��o do trabalho ali estabelecido e � atua��o de todos seus profissionais que contribuem para a melhoria dos aspectos relacionados � doa��o de �rg�os e tecidos.

As Centrais de Transplantes contam com a organiza��o e efetiva atua��o das equipes de transplantes que s�o de extrema import�ncia em todo o processo de doa��o de �rg�os e tecidos para transplantes, pois cabe a esta equipe multiprofissional a presta��o de servi�os em todas as etapas desse processo. Para tanto, s�o necess�rios profissionais comprometidos, que atuam em conformidade com a qualidade da assist�ncia e do servi�o, em suas diferentes �reas, trabalhando em conjunto com interven��es em diferentes focos, mas com o objetivo em comum de aumentar as taxas de doa��es de �rg�os e transplantes, e assim diminuir o tempo de espera na fila para transplante.2-3

A organiza��o do trabalho na doa��o de �rg�os e tecidos remete � forma como o servi�o � prestado, sendo assim contribui para a qualidade da assist�ncia e das atividades que envolvem todas as etapas de doa��o e transplante, e impactam diretamente nos resultados obtidos. A organiza��o do trabalho est� relacionada ao modo como este � realizado ou como s�o desenvolvidas as atividades profissionais, com o objetivo de realizar estrat�gias e a��es que visam aumentar a taxa de doadores existentes no Brasil.4

A atua��o do profissional de enfermagem � essencial no processo de doa��o e transplante de �rg�os e tecidos e tem se destacado ao longo dos anos. Esse profissional transita em todas as etapas do processo, sendo parte importante das equipes de transplante, visto que a sua fun��o se configura em gerenciar o cuidado desenvolvendo a��es de gest�o, assist�ncia, ensino e pesquisa.5

Sendo assim, o profissional de enfermagem que atua nesse contexto est� amparado pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e pelo SNT por meio da legisla��o vigente no pa�s, no qual respalda sua atua��o em cada uma das etapas do processo de doa��o e transplante. O COFEN preconiza ao enfermeiro respons�vel pelo processo de doa��o de �rg�os e transplante, privativamente, o planejamento, execu��o, coordena��o, supervis�o e avalia��o dos procedimentos de enfermagem prestados ao doador e receptor, bem como, a assist�ncia no perioperat�rio.6

Na literatura cient�fica muito se fala das fun��es do enfermeiro no processo de doa��o de �rg�os e tecidos7-8 relatando sua responsabilidade assistencial nesse processo. Outro ponto destacado nos estudos s�o as reflex�es ou dificuldades relacionadas �s Comiss�es Intra-hospitalares de Doa��o de �rg�os e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs), tal como os desafios encontrados pela equipe de enfermagem e a necessidade de educa��o continuada para os profissionais atuantes nas comiss�es intra-hospitalares.9

Por�m, identificou-se uma lacuna na literatura cient�fica acerca do conhecimento quando se trata do perfil e da organiza��o do trabalho dos profissionais atuantes nas Centrais Nacional e Estaduais de transplantes. Desse modo, o estudo traz a seguinte quest�o norteadora: Qual o perfil dos profissionais atuantes nas centrais de transplante? Como acontece a organiza��o do trabalho desses profissionais? O objetivo do presente estudo � identificar o perfil e a organiza��o do trabalho dos profissionais atuantes nas centrais nacional e estaduais de transplante.

MATERIAIS E M�TODO

Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa, realizada na Central Nacional de Transplante, a qual est� disposta no Distrito Federal, e nas Centrais Estaduais de Transplantes, dispostas em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Participaram do estudo 34 profissionais atuantes h� pelo menos seis meses nas centrais de transplantes. Esse per�odo foi determinado para que fizessem parte do estudo profissionais com experi�ncia, que estivessem mais habituados � organiza��o do trabalho dentro das centrais.

Foram exclu�dos do estudo profissionais que estavam de licen�a, afastados, em f�rias e aqueles que n�o retornaram ap�s tr�s tentativas de contato via e-mail. Participaram do estudo um profissional da Central Nacional de Transplantes e 33 profissionais das Centrais Estaduais de Transplantes. Destaca-se que n�o houve c�lculo amostral devido n�o existir mensura��o do n�mero de profissionais que atuam nas CETs do pa�s. Assim, foi considerado uma amostra n�o probabil�stica, intencional.

A coleta de dados foi realizada no per�odo de junho a setembro de 2020. Inicialmente foi enviado um e-mail aos coordenadores das centrais de transplantes. A rela��o das coordena��es Nacional e Estaduais de Transplantes, bem como o e-mail foram retirados do Registro Brasileiro de Transplantes, ve�culo oficial da Associa��o Brasileira de Transplantes de �rg�os. No e-mail explicou-se sobre a pesquisa, e foi encaminhado o link de acesso ao question�rio online. Na sequ�ncia, os coordenadores encaminharam aos demais profissionais vinculados � sua central de transplante para que respondessem � pesquisa.

O instrumento para coleta de dados foi elaborado pelas pesquisadoras na ferramenta Google Forms, composto por 27 quest�es, que foram validadas por dois enfermeiros atuantes na �rea de doa��o e transplantes. A primeira parte do instrumento foi constitu�da pela caracteriza��o sociodemogr�fica dos participantes: g�nero, idade, cor, estado civil, religi�o, forma��o acad�mica, tempo de formado, titula��o m�xima, central a qual est� vinculado, tempo de atua��o na central, carga hor�ria semanal, renda mensal, se possui outro v�nculo empregat�cio.

As demais quest�es estavam relacionadas ao organiza��o do trabalho: Infraestrutura do local onde trabalha, profissionais que constituem sua equipe de trabalho, �rea de atua��o na central, treinamentos que recebeu para entrar ou que recebe periodicamente, cotidiano e responsabilidades na central em que atua, articula��o da CNT com a CET, articula��o da CET com CIHDOTT e Organiza��o de Procura de �rg�os (OPO), indicadores relacionados ao processo de doa��o e padroniza��o do organiza��o do trabalho.

Os dados foram organizados em planilha do Excel e, posteriormente, analisados por meio da estat�stica descritiva, utilizando as frequ�ncias relativas (percentuais), frequ�ncia absoluta (n). Ap�s a an�lise, os dados foram apresentados em forma de quadro, tabelas ou gr�ficos.� A pesquisa foi aprovada pelo Comit� de �tica de refer�ncia da institui��o proponente sob o n�mero do parecer 3.908.798 e Certificado de Apresenta��o e Aprecia��o �tica n�mero 26203119.00000.0121. Todos os participantes concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dispon�vel na primeira p�gina do instrumento de coleta de dados.

RESULTADOS

Participaram do estudo 34 profissionais, sendo 33 atuantes nas centrais estaduais de transplante e um profissional da central nacional de transplante. 31 (91,2%) s�o do g�nero feminino, 16 (47,1%) est�o na faixa et�ria entre 30-40 anos, 17 (50%) se autodeclararam como pardos, 20 (58,9%) cat�licos e 21 (61,8%) casados.

Quanto ao grau de titula��o m�xima, 20 (58,9%) participantes possuem especializa��o e nove (26,4%) mestrado. Em rela��o � forma��o: 25 (73,7%) s�o enfermeiros, tr�s (8,8%) s�o profissionais de servi�o social, dois (5,9%) s�o psic�logos, um (2,9%) � formado em administra��o hospitalar, um (2,9%) em medicina, um (2,9%) em biomedicina e um (2,9%) em administra��o. Os profissionais que atuam na central possuem, em sua maioria, 14 (41,2%) entre 11 e 20 anos de formados. Em rela��o ao tempo de atua��o dos participantes na equipe da CET/CNT, a maioria 15 (44,1%) exerce suas fun��es na CET/CNT entre cinco e 10 anos, 18 (52,9%) com carga hor�ria de 40 horas semanais e renda mensal entre tr�s e cinco mil Reais 19 (55,9%). A Tabela 1 apresenta as caracter�sticas sociodemogr�fica dos profissionais atuantes nas centrais de transplantes participantes do estudo.

Tabela 1: Caracteriza��o sociodemogr�fica dos profissionais atuantes nas Centrais Nacional e Estadual (n=34), Santa Catarina, Brasil, 2020.

Vari�veis

n

%

Sexo

 

 

Masculino

03

8,8

Feminino

31

91,2

Idade

 

 

Entre 30 e 40 anos

16

47,1

Entre 41 e 50 anos

10

29,4

Entre 51 e 60 anos

07

20,6

Mais de 60 anos

01

2,9

Cor

 

 

Branca

15

44,1

Preta

02

5,9

Parda

17

50,0

Religi�o

 

 

Cat�lica

20

58,9

Evang�lica

05

14,7

Crist�

01

2,9

Esp�rita

07

20,6

Sem religi�o

01

2,9

Estado civil

 

 

Solteiro

10

29,4

Casado

21

61,8

Divorciado

03

8,8

Titula��o m�xima

 

 

Gradua��o

02

5,9

Mestrado

09

26,4

Doutorado

02

5,9

Resid�ncia

01

2,9

Especializa��o

20

58,9

Caracteriza��o da forma��o de ensino superior

 

 

Enfermagem

25

73,7

Administra��o Hospitalar

01

2,9

Servi�o Social

03

8,8

Medicina

01

2,9

Biomedicina

01

2,9

Psicologia

02

5,9

Administra��o

01

2,9

Tempo de conclus�o do curso

 

 

Entre 1 e 10 anos

06

17,6

Entre 11 e 20 anos

14

41,2

Entre 21 e 30 anos

08

23,6

Entre 31 e 40 anos

06

17,6

Tempo de atua��o na equipe CET/CNT

 

 

Menos de 5 anos

06

17,6

Entre 5 e 10 anos

15

44,1

Mais de 10 anos

13

38,3

Carga hor�ria semanal

 

 

30h

14

41,2

40h

18

53,0

60h

02

5,8

Renda Mensal (R$)

 

 

Entre 3 e 5 mil

19

55,9

Entre 6 e 10 mil

11

32,4

Entre 11 e 15 mil

04

11,7

Fonte: dados da pesquisa, 2020

Os 34 participantes do estudo estavam distribu�dos em 17 centrais sendo elas a central nacional e as centrais estaduais dos seguintes estados: cinco (14,7%) profissionais atuam em Santa Catarina, cinco (14,7%) na Bahia, quatro (11,8%) na central do Par�, tr�s (8,8%) em Rond�nia, tr�s (8,8%) atuam no Distrito Federal, dois (5,9%) em S�o Paulo, dois (5,9%) no Maranh�o, um (2,9%) no Pernambuco, um (2,9%) no Paran�, um (2,9%) no Tocantins, um (2,9%) no Esp�rito Santo, um (2,9%) da central de Alagoas, um (2,9%) do Piau�, um (2,9%) de Minas Gerais, um (2,9%) de Goi�s, um (2,9%) da central do Mato Grosso do Sul e um (2,9%) do Rio de Janeiro (Figura 1).

src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=7772&revision=1&submissionId=4611&stageId=5" />

Figura 1: Distribui��o dos participantes do estudo quanto � central e o estado de atua��o, Santa Catarina, Brasil, 2020.

Fonte: elaborado pelos, 2020.

Referente aos profissionais que comp�em a equipe de trabalho das centrais de transplantes, destaca-se o profissional de enfermagem, no qual foi citado por 34 (100%) dos participantes, seguido pelo profissional de medicina com 31 (91,1%) cita��es, 20 (58,8%) participantes citaram o assistente social como componente da equipe, 19 (55,8%) t�cnico administrativo, 13 (38,2%) psic�logo, seis (17,6%) t�cnico de enfermagem, quatro (11,7%) biom�dico, tr�s (8,8%) farmac�utico, dois (5,8%) motorista, dois (5,8%) analista de sistemas e um (2,9%) participante citou o cirurgi�o dentista como componente da equipe (Figura 2).

src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=7773&revision=1&submissionId=4611&stageId=5" />

Figura 2: Distribui��o dos profissionais que comp�em a equipe de trabalho da CNT/CET, Santa Catarina, Brasil, 2020

Fonte: Autores, 2020.

Ao que se refere a �rea de atua��o dentro do processo de doa��o e transplantes de �rg�os, 17 (50,0%) profissionais atuam na notifica��o de potenciais doadores e log�stica/distribui��o de �rg�os, enquanto que 15 (44,1%) na �rea de coordena��o e dire��o, 15 (44,1%)� treinamento e capacita��o, 12 (35,2%) distribui��o de tecido ocular, 10 (29,4%) cadastro t�cnico, tr�s (8,8%) controle, avalia��o e auditoria, tr�s (8,8%) credenciamento de equipe e estabelecimentos de sa�de, dois (5,8%) na parte financeira e de contratos, dois (5,8%) nos recursos humanos (Figura 3).

src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=7774&revision=1&submissionId=4611&stageId=5" />

Figura 3: �rea de atua��o dos profissionais dentro do processo de doa��o-transplante, Santa Catarina, Brasil, 2020.

Fonte: Autores, 2020.

Ainda, ao que se refere ao cotidiano dos profissionais atuantes nas centrais de transplante, suas responsabilidades, atribui��es e trabalho em equipe s�o separados em assist�ncia, gest�o e educa��o. A Tabela 2 apresenta as atividades e responsabilidades do cotidiano dos profissionais atuantes nas centrais de transplante.

Tabela 2: Atividades e responsabilidades do cotidiano dos profissionais atuantes nas centrais de transplante. Santa Catarina, Brasil, 2020.

Vari�veis

n

%

Assist�ncia

 

 

Atividades de busca ativa

02

5,8

Atividades relacionadas ao acompanhamento do protocolo ME manuten��o do PD e orienta��es das equipes da CIHDOTT

10

14,7

Entrevista Familiar

03

8,8

Coordena��o de sala de capta��o

03

8,8

Gest�o

 

 

Credenciamento e recredenciamento das equipes

12

32,2

Gerenciamento do Cadastro T�cnico �nico

07

20,5

Atividades de capta��o e distribui��o de �rg�os e tecidos

14

41,1

Atividades relacionadas � log�stica

05

14,7

Articula��o com equipes de transplantes, SES e demais colaboradores

14

41,1

Atividades relacionadas a elabora��o de documentos para facilitar a gest�o do processo

02

5,8

Atividades relacionadas a dados estat�sticos

01

2,9

Monitoramento dos indicadores do processo de doa��o

01

2,9

Confer�ncia documental para garantia do cumprimento dos crit�rios legais e t�cnicos

03

8,8

Auditoria dos protocolos encerrados

04

11,7

Verificar os processos de Tratamento Fora Domic�lio (TFD) relacionados a transplantes

03

8,8

Educa��o

 

 

Atividades de educa��o para profissionais e comunidade

11

32,3

Esclarecimento de d�vidas aos receptores e familiares

05

14,7

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

Ao que se refere � capacita��o/treinamento, 31 (91,2%) participantes afirmam ter recebido capacita��o ou treinamento para compor a equipe da CET/CNT e 27 (79,4%) ainda recebem algum tipo de capacita��o ou treinamento periodicamente. Destaca-se que sete (20,6%) participantes n�o recebem nenhum tipo de treinamento ou capacita��o periodicamente (Figura 4).

src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=7775&revision=1&submissionId=4611&stageId=5" />

Figura 4:Profissionais que receberam/recebem treinamento, Santa Catarina, Brasil, 2020

Fonte: elaborado pelos autores, 2020.

Ao que se refere �s atividades desenvolvidas para promover a articula��o entre CNT com as CET,� 18� (52,9%) participantes citaram o uso de relat�rios mensais da CET para a CNT como meio de articula��o, 13 (38,2%) destacaram o gerenciamento das atividades da CET, 11 (31,3%) feedback � CET da an�lise dos relat�rios, nove (26,4%) elabora��o de plano de trabalho conjuntamente, tr�s (8,8%) relatam n�o ocorrer a��es conjuntas e um (2,9%) citou o uso de instru��es operacionais para promover a articula��o entre as equipes da CNT e CET.

Al�m disso, referente �s atividades desenvolvidas para promover a articula��o entre CET com as CIHDOTT e OPO, 29 (85,2%) participantes citaram o uso de relat�rios mensais da CIHDOTT, 26 (76,4%) reuni�es peri�dicas, 25 (73,5%) gerenciamento das atividades da CIHDOTT, 24 (70,5%) participantes citaram a elabora��o de plano de trabalho, 18 (52,9%) feedback � CIHDOTT ou OPO e dois (5,8%) citaram as capacita��es dos membros da CHT.

Quanto � padroniza��o do trabalho, 30 (88,2%) destacam que existe padroniza��o das atividades desenvolvidas pelas equipes atuantes nas CET/CNT.

Quanto �s ferramentas de padroniza��o, a mais citada 12 (35,2%), foi o uso de Procedimentos Operacionais Padr�o (POP), seguido por discuss�es do organiza��o do trabalho nove (26,4%), formul�rios padronizados seis (17,6%), treinamentos e cursos cinco (14,7%), tabelas e gr�ficos para monitoramento quatro (11,7%), apps de mensagem quatro (11,7%), instru��o operacional tr�s (8,8%), rotinas operacionais dois (5,8%), checklist operacional dois (5,8%), relat�rios dois (5,8%), PDCA dois (5,8%) e uso de ferramentas administrativas do governo citada por um (2,9%) participante.

Quanto � infraestrutura da CNT/CET, 34 (100%) participantes citaram que o espa�o f�sico da CNT/CET possui linhas telef�nicas, impressora, acesso � internet e scanner/copiadora, 33 (97%) citaram possuir computadores, 30 (88,2%) �rea f�sica exclusiva, 25 (73,5%) website para informa��es gerais e 13 (38,2%) participantes citaram possuir fax (Tabela 3).

Tabela 3:�Caracteriza��o das Centrais de Transplantes, Santa Catarina, Brasil, 2020.

Vari�veis

n

%

Atividades desenvolvidas para articula��o da CNT com a CET

 

 

Relat�rios mensais

18

52,9

Gerenciamento das atividades da CET

13

38,2

Feedback � CET da an�lise dos relat�rios

11

31,3

Elabora��o de plano de trabalho

09

26,4

N�o ocorre a��es conjuntas

03

8,8

Instru��es operacionais

02

2,9

Atividades desenvolvidas para articula��o da CET COM CIHDOTT E OPO

 

 

Uso de relat�rios mensais da CIHDOTT

29

85,2

Reuni�es peri�dicas

10

29,4

Gerenciamento das atividades da CIHDOTT

25

73,5

Elabora��o de plano de trabalho

24

70,5

Feedback � CIHDOTT ou OPO

18

52,9

Capacita��es dos membros da CHT

02

5,8

Distribui��o das ferramentas de padroniza��o entre o trabalho das equipes da CET E CNT

POPs

12

35,2

Discuss�es da organiza��o do trabalho

09

26,4

Formul�rios padronizados

06

17,6

Treinamentos e cursos

05

14,7

Tabelas e gr�ficos para monitoramento

04

11,7

Instru��o operacional

03

8,8

Rotinas operacionais

02

5,8

Relat�rios

02

5,8

PDCA

02

5,8

Ferramentas administrativas do governo

01

2,9

Gerenciamento das atividades da CET

13

38,2

Feedback � CET da an�lise dos relat�rios

11

31,3

Elabora��o de plano de trabalho

09

26,4

N�o ocorre a��es conjuntas

03

8,8

Instru��es operacionais

02

2,9

Infraestrutura

 

 

Linhas telef�nicas/Impressoras/Copiadoras

34

100,0

Computadores

33

97,7

�rea f�sica exclusiva

30

88,2

Website

25

73,5

Fax

13

38,2

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

Os indicadores relacionados ao processo de doa��o e transplante de �rg�os fornecem uma base para medir os acontecimentos relacionados a doa��o e transplante e orientam a tomada de decis�o baseada em evid�ncias em sa�de. Tendo em vista isso, 32 (94,1%) participantes citaram n�mero de doador como indicador utilizado, seguido por n�mero de �rg�os transplantados, que foi citado 29� (85,2%) vezes, 27 (79,4%) participantes citaram n�mero de �rg�os extra�dos por doador, 27 (79,4%) percentual de recusas familiares, 26 (76,4%) n�mero de ME por institui��o, 24� (70,5%) taxa de convers�o de PD em doadores efetivos, 23 (67,6%) origem do �rg�o, 22 (64,7%) caracteriza��o dos doadores, 21 (61,7%) PD exclu�do por crit�rios de exclus�o m�dica, 20 (58,8%) percentual de �rg�os oferecidos e aceitos, 20 (58,8%) capacidade geradora de ME por institui��o, 19 (55,8%) tempo de espera em lista, 18� (52,9%) caracter�sticas das mortes por ano, 14 (41,1%) qualidade dos �rg�os, 14 (41,1%) causas para n�o transplanta��o de �rg�os doados, 13 (38,2%) identifica��o/notifica��o de eventos adversos, 12 (35,2%) situa��o cl�nica do potencial doador, 11 (32,3%) tempo de log�stica, oito (23,5%) percentual de sobrevida dos receptores transplantados, seis (17,6%) satisfa��o da fam�lia no atendimento, cinco (14,7%) citaram outros indicadores n�o mencionados antes, s�o eles: �rg�os ofertados pela CNT, Custo do processo para o SUS local, Efici�ncia das CIHDOTTs, Tempo de dura��o do protocolo para diagn�stico de ME, N�mero de doadores por milh�o de habitantes (Figura 5).

src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=7776&revision=1&submissionId=4611&stageId=5" />

Figura 5: Distribui��o dos indicadores relacionados ao processo de doa��o-transplante, Santa Catarina, Brasil, 2020.

Fonte: elaborado pelos autores, 2020.

DISCUSS�O

Os programas de transplantes no Brasil dependem da organiza��o e efetiva atua��o das equipes participantes do processo de doa��o e transplante de �rg�os, que s�o de extrema import�ncia em todas as etapas.

As Centrais Nacional e Estaduais de Transplantes s�o respons�veis pela execu��o das atividades de coordena��o, log�stica e distribui��o de �rg�os e tecidos durante todo o processo de doa��o e pelo processo de identifica��o, valida��o e efetiva��o dos potenciais doadores.1

O profissional de enfermagem est� em maior n�mero atuando nas Centrais de Transplantes. Isso se d� ao fato de que sua atua��o tem se destacado ao longo dos anos fazendo com que tenha papel determinante no sucesso do processo de doa��o e transplante, visto que � o profissional que transita em todas as etapas, atuando privativamente, no �mbito da equipe de enfermagem, desde o planejamento, execu��o, coordena��o e avalia��o dos procedimentos de enfermagem prestados ao doador, bem como, ao receptor e familiares.5-6

Esse profissional est� envolvido desde a busca ativa por potenciais doadores, como na identifica��o, avalia��o, valida��o e manuten��o do potencial doador, tamb�m � o profissional que participa do processo de viabiliza��o da realiza��o do diagn�stico de Morte Encef�lica (ME), notifica��o do potencial doador, entrevista com a fam�lia, coordena��o da sala cir�rgica, envio dos documentos relacionados ao processo, distribui��o dos �rg�os para transplante, e todo o processo de gerenciamento de distribui��o dos �rg�os e log�stica em �mbito nacional e estadual.5,10

No que se refere �s responsabilidades e atribui��es dos profissionais atuantes nas Centrais de Transplante, as atividades de gest�o foram as mais citadas, e est� relacionada ao fato de que o maior n�mero de profissionais que comp�em as equipes de transplantes s�o enfermeiros, e as atividades gerenciais s�o exclusivas desses profissionais. Tamb�m vale ressaltar que as atividades de gest�o, como organizar, coordenar e regular as atividades de doa��o e transplante s�o espec�ficas das Centrais de Transplantes.1,6

As atividades gerenciais s�o de extrema import�ncia no processo de doa��o de �rg�os para transplante, visto que visam o planejamento e execu��o de a��es voltadas para o funcionamento e melhoria desse processo, bem como atividades de capta��o, distribui��o e log�stica de �rg�os, monitoramento dos indicadores do processo, articula��o com as equipes de transplante em �mbito nacional e estadual, entre outras atividades que contribuem para a efic�cia do programa de transplante e para a redu��o das listas de espera por transplantes.1,11

As atividades assistenciais como, busca ativa, acompanhamento do protocolo de ME, manuten��o do potencial doador, entrevista familiar e coordena��o da sala de capta��o de �rg�os, tamb�m foram citadas pelos participantes como de responsabilidade das Centrais de Transplante. Tais atividades s�o de responsabilidade do profissional de enfermagem, e em sua maioria s�o realizadas pelas equipes da OPO e CIHDOTT, por�m destaca-se aos diferentes cen�rios formados pelas CETs de cada estado, em algumas realidades s�o atividades realizadas por enfermeiros das CETs, e, em outros contextos, desenvolvida por enfermeiros da CIHDOTT e OPO.1,12

Outra atividade realizada pelos profissionais da Central de Transplantes s�o as voltadas � capacita��o de profissionais e educa��o em sa�de para comunidade, como esclarecimento de d�vidas dos pacientes receptores e familiares de doadores. As Centrais de Transplantes participam ativamente da forma��o, capacita��o, habilita��o e educa��o permanente das equipes de transplantes, promovendo o treinamento dos profissionais que comp�em sua equipe, como tamb�m das equipes da CIHDOTT e OPOs.1,13

A maioria dos profissionais foram capacitados para compor a equipe da CNT/CET, isso � de extrema import�ncia, visto que a �rea de doa��o e transplante de �rg�os necessita de conhecimento cient�fico aprofundado e espec�fico para que os profissionais saibam lidar com todos os aspectos, sejam eles, �ticos, psicol�gicos, morais, fisiol�gicos ou sociais que envolvem todo o processo de doa��o e transplante, para que exer�am suas atividades de forma qualificada e segura.7

Todavia, um n�mero expressivo de profissionais, sendo 20,0% ao total, relataram n�o receber capacita��o periodicamente, o que � um �ndice relevante e preocupante, visto que estudos evidenciam que existe um d�ficit no conhecimento dos profissionais acerca do processo de doa��o e transplantes. Dados semelhantes foram identificados em estudo14 em que os profissionais tiveram dificuldade para exercer suas atividades ao iniciarem sua atua��o na �rea de doa��o e transplantes, por n�o terem sido treinados anteriormente. E as principais fragilidades acerca do processo de doa��o e transplante referem-se ao conhecimento dos crit�rios de diagn�stico de ME.15

Falhas na identifica��o e notifica��o de potenciais doadores, bem como na manuten��o hemodin�mica destes e problemas na entrevista familiar, representam empecilhos na efetiva��o de doa��es. Profissionais brasileiros que atuam nos transplantes t�m na Associa��o Brasileira de Transplantes de �rg�os � ABTO, o apoio para qualifica��o profissional na �rea, por�m sem haver direcionamento espec�fico aos enfermeiros, profissionais que comp�e em maior n�mero as equipes mencionadas no presente estudo. Para esses profissionais, apenas entidades internacionais fornecem forma��o e capacita��es direcionadas, destacando-se a International Transplant Nurses Society e Transplant Nurses Association.16

O enfermeiro, assim como os demais profissionais atuantes no processo de doa��o e transplante, necessita de forma��o e qualifica��o espec�fica para desenvolver suas atividades, pois � isso, somado � experi�ncia adquirida, que fornece subs�dios para que desenvolva sua atua��o com o objetivo principal de assegurar a continuidade do cuidado com qualidade e �tica, seja ao paciente ou aos seus familiares.16

Desta forma, pol�ticas educativas devem ser garantidas durante a forma��o do profissional, contribuindo na melhoria constante do processo de doa��o de �rg�os e tecidos, fortalecendo as suas atitudes e sua atua��o, somando esse conhecimento �s legisla��es pertinentes.13

Assim, a educa��o permanente � um instrumento capaz de transformar e aperfei�oar a pr�tica do profissional inserido no processo de doa��o de �rg�os, tendo em vista que � uma �rea que exige um conhecimento espec�fico, al�m das atualiza��es e acompanhamento das mudan�as de legisla��o que ocorrem. Dessa maneira a educa��o deve ser um processo cont�nuo para os profissionais que atuam nessa �rea, com foco nas necessidades de forma��o e desenvolvimento dos profissionais17 pois quando capacitados, conseguem compreender todo o processo e os fatores que influenciam, intervindo de forma apropriada para favorecer a doa��o de �rg�os para transplantes.18

A CNT atua no processo de doa��o de �rg�os e tecidos para transplantes em �mbito nacional, enquanto que a CET atua em �mbito estadual, e seu plano de trabalho est�o articulados entre si, pois cabe a CNT articular a rela��o durante o processo de aloca��o dos �rg�os entre as unidades da federa��o, como receber as notifica��es de n�o utiliza��o de �rg�os pela CET,� gerenciamento das atividades, relat�rios mensais, distribui��o de �rg�os entre os estados, como tamb�m aux�lio na log�stica de distribui��o dos �rg�os doados.1

A CET atua junto aos estabelecimentos de sa�de por meio das OPOs, de maneira supra hospitalar, e por meio da CIHDOTT de forma intra-hospitalar, articulam-se entre si atrav�s de relat�rios e reuni�es peri�dicas, elabora��o de plano de trabalho e gerenciamento das suas atividades. Dessa maneira, ap�s realizada a busca ativa e identifica��o do potencial doador, as CIHDOTT e OPOs devem notificar a CET, a partir disso todas as equipes de transplantes atuam em conjunto para que o processo de doa��o ocorra o mais rapidamente poss�vel. Tamb�m � de responsabilidade da CET o treinamento e capacita��o das equipes da CIHDOTT e OPOs.2,14,19

A padroniza��o do trabalho est� presente na maioria das equipes da CET e CNT principalmente atrav�s dos POPs, discuss�o dos processos de trabalho, formul�rios padr�es, treinamentos e cursos. Sistematizar e padronizar os processos permite um melhor desenvolvimento do servi�o prestado, tornando poss�vel que o profissional realize seus servi�os de forma orientada e segura, o que reflete diretamente nos resultados obtidos. E � de extrema import�ncia que as equipes de transplante tenham sua organiza��o do trabalho padronizado, visto que auxilia diretamente na qualidade da assist�ncia prestada ao potencial doador e ao receptor, o que por sua vez, reflete no aumento das notifica��es de potenciais doadores, e consequentemente no n�mero de doa��es realizadas.20-21

O desempenho do sistema de transplantes � monitorado atrav�s dos indicadores que refletem aspectos que impactam o processo de doa��o e transplante de �rg�os, no qual s�o usados para avaliar a sua efici�ncia e mapear poss�veis falhas, visando contribuir para melhorar o processo de doa��o e transplante, a fim de aumentar o n�mero de transplantes realizados e consequentemente diminuir a fila �nica de espera.22

Apesar do n�mero alto de indicadores existentes, � poss�vel evidenciar que existe falta de indicadores em etapas importantes do processo de doa��o e transplantes, como na etapa de distribui��o de �rg�os, onde n�o existem indicadores de perda de �rg�os, ou em etapas de p�s transplantes, como indicadores de qualidade de vida ap�s cirurgia, ou por exemplo, apesar de a sobrevida dos receptores transplantados terem sido citadas como um indicador, � usado por um n�mero pequeno dos participantes, apenas oito pessoas citaram esse indicador, o que corrobora com os achados de estudo que objetivou verificar e listar os indicadores usados no processo de doa��o-transplante, e evidenciando lacunas na mensura��o da efici�ncia nas etapas de distribui��o e p�s transplantes.22

Outro indicador pouco citado foi o indicador de identifica��o/notifica��o de eventos adversos, o que � um �ndice preocupante, visto que se trata de um indicador de gest�o de risco, que tem por finalidade garantir a seguran�a do paciente e a qualidade do servi�o e procedimentos prestados, e que deveria ser usado para prevenir a ocorr�ncia e recorr�ncia de eventos adversos. Dessa maneira ressalta-se a import�ncia de gerar pr�ticas mais seguras atrav�s do uso de indicadores de seguran�a do paciente, visto que o risco est� presente em todo o processo de doa��o e transplante.23-24

Quanto � infraestrutura, a maioria dos participantes citaram ter a infraestrutura m�nima referida pela portaria n� 2.600 do minist�rio da sa�de de 2009 que aprova o regulamento t�cnico do SNT, que deve contar com �rea f�sica exclusiva, linhas telef�nicas, fax, computadores, impressora, acesso � internet, scanner ou copiadora e web site, no qual garantem agilidade e seguran�a dos processos de trabalho.19

Por�m, destaca-se que nem todos os participantes, citaram possuir ou fazer o uso de website ou tecnologia similar no seu ambiente de trabalho, o que � uma ferramenta importante para o acesso �s informa��es gerais � sociedade. A Internet faz cada vez mais parte da vida das pessoas, sendo um meio que facilita conex�es e intera��es, e por isso � de extrema import�ncia que esse espa�o seja usado para disseminar informa��es, como tamb�m para sensibilizar a popula��o acerca da doa��o de �rg�os e tecidos para transplantes.

CONSIDERA��ES FINAIS

A partir deste estudo foi poss�vel evidenciar quem s�o os profissionais atuantes nas Centrais Nacional e Estaduais de Transplantes, como tamb�m suas responsabilidades e atribui��es. O enfermeiro destacou-se como integrante das equipes das Centrais de Transplantes. A atua��o deste profissional no processo de doa��o de �rg�os e tecidos � de extrema import�ncia, e tem papel fundamental, visto que � o gestor do cuidado.

As atividades de gest�o, foram as mais citadas como atribui��es dos profissionais atuantes nas centrais, sendo: Atividades relacionadas a log�stica, articula��o com as equipes de transplantes, SES e demais colaboradores, credenciamento e recredenciamento das equipes e gerenciamento do cadastro t�cnico �nico.

Quanto �s contribui��es do estudo, destaca-se o conhecimento, visibilidade e reconhecimento dos profissionais atuantes nas Centrais de Transplantes, como tamb�m as atividades realizadas por eles. Esse estudo tamb�m servir� para nortear suas a��es, visto que foi realizado um mapeamento da situa��o atual das centrais, sendo poss�vel identificar quais os pontos positivos, a fim de potencializ�-los, como tamb�m foi mapeado as fragilidades encontradas na organiza��o do trabalho destas equipes, o que servir� como subs�dio te�rico para capacita��es e melhorias na organiza��o do trabalho.

Quanto �s limita��es, compreende-se uma lacuna na literatura cient�fica acerca do conhecimento sobre quem s�o os profissionais que atuam nas Centrais de Transplantes, e o papel desempenhado por eles. A coleta de dados foi realizada durante a pandemia do novo coronav�rus, e muitos profissionais tiveram suas rotinas de trabalho alteradas, por causa do home office ou novas demandas causadas pela pandemia, o que acabou dificultando o contato com eles e o retorno das respostas.

REFER�NCIAS

1 Brasil. Decreto n� 9175, de 18 de outubro de 2017. Regulamenta a Lei n� 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, para tratar da disposi��o de �rg�os, tecidos, c�lulas e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. Di�rio Oficial da Uni�o. 19 out 2017; Se��o 1:2. Dispon�vel em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/164855918/dou-secao-1-19-10-2017-pg-2

2 Silva BLM, Lima IL, Lira VL, Fontes FLL, Lopes MCF, Soares JC, et al. Atribui��es da equipe multiprofissional diante do processo de doa��o de �rg�os e tecidos. Revista Eletr�nica Acervo Sa�de. 2019;24:e454. DOI: https://doi.org/10.25248/reas.e454.2019

3 Santos RL, Magalh�es ALP, Knihs NS, Silva EL, Pessoa JLE, Souza RS. Atua��o do enfermeiro na doa��o e transplante de �rg�os: revis�o integrativa de literatura. Revista Cient�fica de Enfermagem. 2021;11(36):30-42. DOI: https://doi.org/10.24276/rrecien2021.11.36.30-42

4 Vieira MS, Nogueira LT. The work process in the context of organ and tissue donation. Rev. Enferm. UERJ (Online). 2015;23(6). DOI: https://doi.org/10.12957/reuerj.2015.11744

5 Basso LD, Salbego C, Gomes IEM, Raos TK, Antunes AP, Almeida PP. Difficulties faced and actions evidenced in the nurses� performance regarding organ donation: integrative review. Ci�nc. cuid. sa�de. 2019;18(1):e42020. DOI: https://doi.org/10.4025/CIENCCUIDSAUDE.V18I1.42020

6 Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolu��o COFEN n� 611/2019. Atualiza a normatiza��o referente � atua��o da Equipe de Enfermagem no processo de doa��o de �rg�os e tecidos para transplante, e d� outras provid�ncias. 2019. Dispon�vel em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-611- 2019_72858.html

7 Ramos ASMB, Carneiro AR, Pessoa DLR, Fontenele RM, Machado MCAM, Nunes SFL. O enfermeiro no processo de doa��o e transplante de �rg�os. Revista Cient�fica de Enfermagem. 2019;9(25):03-10. Dispon�vel em: https://www.recien.com.br/index.php/Recien/article/view/178/0

8 Furtado LBS, Moraes FM, Souza TV, Roure JGR, Lima TP, Arantes AA, et al. O papel do enfermeiro frente a casos de morte encef�lica e doa��o de �rg�os e tecidos. Research, Society and Development. 2021;10(2):e01102124422. DOI: https://doi.org/10.33448/rsd-v10i2.12422

9 Silva TR, Alves MS, Braz PB, Carbogim FC. Intra-hospital commission on organ and tissue donation for transplant: nurses' experience. Rev. Enferm. UERJ (Online). 2018; 26. DOI: http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2018.34120

10 Cabral AS, Knihs NS, Magalh�es ALP, Alvarez AG, Catarina AA, Martins SR, et al. Safety culture in the organ donation process: a literature review. Acta Paul. Enferm. (Online). 2018;31(6):667-73. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201800091

11 Gao W, Plummer V, Williams A. Perioperative nurses' attitudes towards organ procurement: a systematic review. J. clin. nurs. 2016;26(3-4):302-19. DOI: https://doi.org/10.1111/jocn.13386

12 Costa BYF, Lopes TP, Teston EF, Oliveira JLC, Correia JF, Souza VS. Processo de trabalho da comiss�o de doa��o de �rg�os e tecidos: percep��o da equipe. Ci�nc. cuid. sa�de. 2019;18(4):e43275. Dispon�vel em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/43275/751375150006

13 Tolfo FD, Camponogara S, Montesinos MJL, Beck CLC, Lima SBS, Dias GL. The role of nurses in the intra-hospitalar organ and tissue donation commission. Rev. Enferm. UERJ (Online). 2018;26. DOI: https://doi.org/10.12957/reuerj.2018.27385

14 Silva TR, Alves MS, Braz PR, Carbogim FC. Intra-hospital commission on organ and tissue donation for transplant: nurses' experience. Rev. Enferm. UERJ (Online). 2018;26. DOI: https://doi.org/10.12957/reuerj.2018.34120

15 Cordeiro TV, Knihs NS, Magalh�es ALP, Barbosa SFF, Paim SMS. Weaknesses in the knowledge of critical care unit teams related to the process of organ and tissue donation. Cogitare Enferm. (Online). 2020;25:e66128. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v25i0.66128

16 Mendes KDL, Roza BA, Barbosa SFF, Schirmer J, Galv�o CM. Organ and tissue transplantation: responsibilities of nurses. Texto & contexto enferm. 2012;21(4):945-53. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-07072012000400027

17 Koerich M, Nascimento ERP, Lazzari DD, Perin DC, Becker A, Malfussi LBH. Facilitating elements in the organ donation process from the perspective of professionals. Rev. eletr�nica enferm. 2021;23(63492):1-6. DOI: https://doi.org/10.5216/ree.v23.63492

18 Gois RSS, Galdino MJQ, Pissinati PSC, Pimentel RRS, Carvalho MDB, Haddad MCFL. Effectiveness of the organ donation process. Acta Paul. Enferm. (Online). 2017;30(6):621-7. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-0194201700089

19 Brasil. Portaria n� 2.601, de 21 de outubro de 2009. Institui, no �mbito do Sistema Nacional de Transplantes, o Plano Nacional de Implanta��o de Organiza��es de Procura de �rg�os e Tecidos � OPO. Di�rio Oficial da Uni�o. 30 out 2009; Se��o 1:119 Dispon�vel em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/915830/pg-119-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-de-30-10-2009

20 Machado KM, Lysakowki S, Caregnato RCA, Blatt CR. Donation of organs and tissues for transplantation: organization of the service and participation of the nurse. Advances in Nursing and Health. 2019;1:34-51. DOI: http://dx.doi.org/10.5433/anh.2019v1.id38063

21 Zo�iga-Fajuri A. Transparencia y trasplantes: �es posible? dilemas bio�ticos de la adjudicaci�n de �rganos. Acta bioeth.� 2017;23(2):237-43. DOI: http://dx.doi.org/10.4067/S1726-569X2017000200237

22 Tondinelli M, Galdino M, Carvalho M, Barreto M, Haddad M. Desempenho das comiss�es intra-hospitalares de doa��o de �rg�os e tecidos para transplantes. Rev. Sa�de P�blica Paran� (Online). 2021;3(2):47-60. DOI: https://doi.org/10.32811/25954482-2020v3n2p47

23 Roza BA, Kusahara DM, Pessoa JLE, Treviso P, Oliveira PC, Leite RF, et al. Biovigilance and transplantation models and initiatives: a narrative review. Vigil. sanit. debate. 2019;7(4):10-6. DOI: https://doi.org/10.22239/2317-269X.01403

24 Brasil. Resolu��o de diretoria Colegiada -� RDC N� 339, de 20 de fevereiro de 2020. Disp�e sobre a institui��o do Sistema Nacional de Biovigil�ncia. Di�rio oficial da Uni�o. 26 fev 2020; Se��o 1:72-3. Dispon�vel em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/285112333/dou-secao-1-26-02-2020-pg-72

Recebido em: 12/01/2022

Aceito em: 07/12/2022

Publicado em: 26/12/2022



[1] Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florian�polis, Santa Catarina (SC). Brasil (BR). E-mail: aline.pestana@ufsc.br ORCID: 0000-0001-8564-7468

[2] Escola de Sa�de P�blica da Prefeitura Municipal de Florian�polis. Florian�polis, Santa Catarina (SC). Brasil (BR). E-mail: enf.rosanesantos@gmail.com ORCID: 0000-0001-5901-419X

[3] Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florian�polis, Santa Catarina (SC). Brasil (BR). E-mail: neide.knihs@ufsc.br ORCID: 0000-0003-0639-2829

[4] Central Estadual de Transplantes de S�o Paulo. S�o Paulo, S�o Paulo (SP). Brasil (BR). E-mail: joaoerbs@gmail.com ORCID: 0000-0002-9266-102X

[5] Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florian�polis, Santa Catarina (SC). Brasil (BR). E-mail: laura.brehmer@ufsc.br ORCID: 0000-0001-9965-8811

[6] Hospital Municipal Djalma Marques. Hospital Universit�rio da Universidade Federal do Maranh�o (HU-UFMA). S�o Luiz, Maranh�o (MA). E-mail: polianna.melo@huufma.br ORCID: 0000-0003-4376-4249

 

Como citar: Magalh�es ALP, Santos RL, Knihs NS, Pessoa JLE, Brehmer LCF, Melo PCB. Perfil de profissionais e organiza��o do trabalho em centrais de transplantes. J. nurs. health. 2022;12(3):e2212322043. DOI: https://doi.org/10.15210/jonah.v12i3.4611