Perfil de profissionais e organiza��o do trabalho em centrais de transplantes
Profile of professionals and organization of work in transplant centers
Perfil de los profesionales y organizaci�n del trabajo en los centros de trasplante
Magalh�es, Aline Lima Pestana;[1] Santos, Rosane Lucilene dos;[2] Knihs, Neide da Silva;[3] Pessoa, Jo�o Luis Erbs;[4] Brehmer, Laura Cavalcanti de Farias;[5] Melo, Polianna Costa Bortolon[6]
RESUMO
Objetivo: identificar o perfil de profissionais e a organiza��o do trabalho nas centrais nacional e estaduais de transplante. M�todo: pesquisa quantitativa, descritiva, realizada com 34 profissionais das centrais de transplantes. Realizou-se coleta de dados entre junho e setembro de 2020, por meio de question�rio eletr�nico. Os dados foram analisados pela estat�stica descritiva. Resultados: as equipes de transplantes s�o compostas principalmente por enfermeiros (73,5%), com tempo de forma��o entre 11 e 20 anos (41,2%) e atua��o nas centrais entre cinco e 10 anos (44,1%). As atividades de gest�o foram as mais citadas, seguida pelas de educa��o, e por fim atividades assistenciais. Conclus�o: a partir deste estudo foi poss�vel evidenciar quem s�o os profissionais atuantes nas Centrais de Transplantes. O enfermeiro destaca-se como integrante das equipes das centrais. A atua��o do enfermeiro no processo de doa��o de �rg�os � de extrema import�ncia, visto que � o gestor do cuidado.
Descritores: Obten��o de tecidos e �rg�os; Transplantes; Papel do profissional de enfermagem
ABSTRACT
Objective: to identify the profile of professionals and the organization of work at national and state transplant centers. Method: quantitative, descriptive research carried out with 34 professionals from transplant centers. Data were collected between June and September 2020, through an electronic questionnaire. Data were analyzed using descriptive statistics. Results: the transplant teams are mainly composed of nurses (73.5%), with training time between 11 and 20 years (41.2%) and working in the centers between five and 10 years (44.1%). Management activities were the most cited, followed by education, and finally assistance activities. Conclusion: from this study it was possible to show who are the professionals working in the Transplant Centers. The nurse stands out as a member of the teams at the centers. The role of nurses in the organ donation process is extremely important, as they are the care managers.
Descriptors: Tissue and organ procurement; Transplants; Nurse�s role
RESUMEN
Objetivo: identificar el perfil de los profesionales y la organizaci�n del trabajo en los centros de trasplante nacionales y estatales. M�todo: investigaci�n cuantitativa, descriptiva, realizada con profesionales de centros de trasplante. La recolecci�n de datos se realiz� entre junio y septiembre de 2020, a trav�s de un cuestionario electr�nico. Los datos fueron analizados utilizando estad�stica descriptiva. Resultados: los equipos de trasplante est�n compuestos mayoritariamente por enfermeras (73,5%), con tiempo de formaci�n entre 11 y 20 a�os (41,2%) y trabajando en los centros entre cinco y 10 a�os (44,1%). Las actividades de gesti�n fueron las m�s citadas, seguidas de las de educaci�n y finalmente las de asistencia. Conclusi�n: fue posible evidenciar qui�nes son los profesionales que act�an en los Centros de Trasplante. La enfermera tiene un papel destacado como miembro del equipo al ser la gestora de cuidados en el proceso de donaci�n de �rganos.
Descriptores: Obtenci�n de tejidos y �rganos; Trasplantes; Rol de la enfermera
INTRODU��O
O processo de doa��o de �rg�os e tecidos necessita do envolvimento de v�rios profissionais da sa�de em diferentes n�veis de atua��o no Sistema Nacional de Transplantes (SNT).� Dentro do SNT existem as Centrais Nacional (CNT) e Estaduais de Transplantes (CET) que s�o respons�veis pela log�stica e distribui��o de �rg�os e tecidos em �mbito Nacional e Estadual.1 O sucesso e avan�o do programa de transplantes no Brasil est� atribu�do a diversos fatores, como a organiza��o do trabalho ali estabelecido e � atua��o de todos seus profissionais que contribuem para a melhoria dos aspectos relacionados � doa��o de �rg�os e tecidos.
As Centrais de Transplantes contam com a organiza��o e efetiva atua��o das equipes de transplantes que s�o de extrema import�ncia em todo o processo de doa��o de �rg�os e tecidos para transplantes, pois cabe a esta equipe multiprofissional a presta��o de servi�os em todas as etapas desse processo. Para tanto, s�o necess�rios profissionais comprometidos, que atuam em conformidade com a qualidade da assist�ncia e do servi�o, em suas diferentes �reas, trabalhando em conjunto com interven��es em diferentes focos, mas com o objetivo em comum de aumentar as taxas de doa��es de �rg�os e transplantes, e assim diminuir o tempo de espera na fila para transplante.2-3
A organiza��o do trabalho na doa��o de �rg�os e tecidos remete � forma como o servi�o � prestado, sendo assim contribui para a qualidade da assist�ncia e das atividades que envolvem todas as etapas de doa��o e transplante, e impactam diretamente nos resultados obtidos. A organiza��o do trabalho est� relacionada ao modo como este � realizado ou como s�o desenvolvidas as atividades profissionais, com o objetivo de realizar estrat�gias e a��es que visam aumentar a taxa de doadores existentes no Brasil.4
A atua��o do profissional de enfermagem � essencial no processo de doa��o e transplante de �rg�os e tecidos e tem se destacado ao longo dos anos. Esse profissional transita em todas as etapas do processo, sendo parte importante das equipes de transplante, visto que a sua fun��o se configura em gerenciar o cuidado desenvolvendo a��es de gest�o, assist�ncia, ensino e pesquisa.5
Sendo assim, o profissional de enfermagem que atua nesse contexto est� amparado pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e pelo SNT por meio da legisla��o vigente no pa�s, no qual respalda sua atua��o em cada uma das etapas do processo de doa��o e transplante. O COFEN preconiza ao enfermeiro respons�vel pelo processo de doa��o de �rg�os e transplante, privativamente, o planejamento, execu��o, coordena��o, supervis�o e avalia��o dos procedimentos de enfermagem prestados ao doador e receptor, bem como, a assist�ncia no perioperat�rio.6
Na literatura cient�fica muito se fala das fun��es do enfermeiro no processo de doa��o de �rg�os e tecidos7-8 relatando sua responsabilidade assistencial nesse processo. Outro ponto destacado nos estudos s�o as reflex�es ou dificuldades relacionadas �s Comiss�es Intra-hospitalares de Doa��o de �rg�os e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs), tal como os desafios encontrados pela equipe de enfermagem e a necessidade de educa��o continuada para os profissionais atuantes nas comiss�es intra-hospitalares.9
Por�m, identificou-se uma lacuna na literatura cient�fica acerca do conhecimento quando se trata do perfil e da organiza��o do trabalho dos profissionais atuantes nas Centrais Nacional e Estaduais de transplantes. Desse modo, o estudo traz a seguinte quest�o norteadora: Qual o perfil dos profissionais atuantes nas centrais de transplante? Como acontece a organiza��o do trabalho desses profissionais? O objetivo do presente estudo � identificar o perfil e a organiza��o do trabalho dos profissionais atuantes nas centrais nacional e estaduais de transplante.
MATERIAIS E M�TODO
Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa, realizada na Central Nacional de Transplante, a qual est� disposta no Distrito Federal, e nas Centrais Estaduais de Transplantes, dispostas em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Participaram do estudo 34 profissionais atuantes h� pelo menos seis meses nas centrais de transplantes. Esse per�odo foi determinado para que fizessem parte do estudo profissionais com experi�ncia, que estivessem mais habituados � organiza��o do trabalho dentro das centrais.
Foram exclu�dos do estudo profissionais que estavam de licen�a, afastados, em f�rias e aqueles que n�o retornaram ap�s tr�s tentativas de contato via e-mail. Participaram do estudo um profissional da Central Nacional de Transplantes e 33 profissionais das Centrais Estaduais de Transplantes. Destaca-se que n�o houve c�lculo amostral devido n�o existir mensura��o do n�mero de profissionais que atuam nas CETs do pa�s. Assim, foi considerado uma amostra n�o probabil�stica, intencional.
A coleta de dados foi realizada no per�odo de junho a setembro de 2020. Inicialmente foi enviado um e-mail aos coordenadores das centrais de transplantes. A rela��o das coordena��es Nacional e Estaduais de Transplantes, bem como o e-mail foram retirados do Registro Brasileiro de Transplantes, ve�culo oficial da Associa��o Brasileira de Transplantes de �rg�os. No e-mail explicou-se sobre a pesquisa, e foi encaminhado o link de acesso ao question�rio online. Na sequ�ncia, os coordenadores encaminharam aos demais profissionais vinculados � sua central de transplante para que respondessem � pesquisa.
O instrumento para coleta de dados foi elaborado pelas pesquisadoras na ferramenta Google Forms, composto por 27 quest�es, que foram validadas por dois enfermeiros atuantes na �rea de doa��o e transplantes. A primeira parte do instrumento foi constitu�da pela caracteriza��o sociodemogr�fica dos participantes: g�nero, idade, cor, estado civil, religi�o, forma��o acad�mica, tempo de formado, titula��o m�xima, central a qual est� vinculado, tempo de atua��o na central, carga hor�ria semanal, renda mensal, se possui outro v�nculo empregat�cio.
As demais quest�es estavam relacionadas ao organiza��o do trabalho: Infraestrutura do local onde trabalha, profissionais que constituem sua equipe de trabalho, �rea de atua��o na central, treinamentos que recebeu para entrar ou que recebe periodicamente, cotidiano e responsabilidades na central em que atua, articula��o da CNT com a CET, articula��o da CET com CIHDOTT e Organiza��o de Procura de �rg�os (OPO), indicadores relacionados ao processo de doa��o e padroniza��o do organiza��o do trabalho.
Os dados foram organizados em planilha do Excel e, posteriormente, analisados por meio da estat�stica descritiva, utilizando as frequ�ncias relativas (percentuais), frequ�ncia absoluta (n). Ap�s a an�lise, os dados foram apresentados em forma de quadro, tabelas ou gr�ficos.� A pesquisa foi aprovada pelo Comit� de �tica de refer�ncia da institui��o proponente sob o n�mero do parecer 3.908.798 e Certificado de Apresenta��o e Aprecia��o �tica n�mero 26203119.00000.0121. Todos os participantes concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dispon�vel na primeira p�gina do instrumento de coleta de dados.
RESULTADOS
Participaram do estudo 34 profissionais, sendo 33 atuantes nas centrais estaduais de transplante e um profissional da central nacional de transplante. 31 (91,2%) s�o do g�nero feminino, 16 (47,1%) est�o na faixa et�ria entre 30-40 anos, 17 (50%) se autodeclararam como pardos, 20 (58,9%) cat�licos e 21 (61,8%) casados.
Quanto ao grau de titula��o m�xima, 20 (58,9%) participantes possuem especializa��o e nove (26,4%) mestrado. Em rela��o � forma��o: 25 (73,7%) s�o enfermeiros, tr�s (8,8%) s�o profissionais de servi�o social, dois (5,9%) s�o psic�logos, um (2,9%) � formado em administra��o hospitalar, um (2,9%) em medicina, um (2,9%) em biomedicina e um (2,9%) em administra��o. Os profissionais que atuam na central possuem, em sua maioria, 14 (41,2%) entre 11 e 20 anos de formados. Em rela��o ao tempo de atua��o dos participantes na equipe da CET/CNT, a maioria 15 (44,1%) exerce suas fun��es na CET/CNT entre cinco e 10 anos, 18 (52,9%) com carga hor�ria de 40 horas semanais e renda mensal entre tr�s e cinco mil Reais 19 (55,9%). A Tabela 1 apresenta as caracter�sticas sociodemogr�fica dos profissionais atuantes nas centrais de transplantes participantes do estudo.
Tabela 1: Caracteriza��o sociodemogr�fica dos profissionais atuantes nas Centrais Nacional e Estadual (n=34), Santa Catarina, Brasil, 2020.
Vari�veis |
n |
% |
Sexo |
|
|
Masculino |
03 |
8,8 |
Feminino |
31 |
91,2 |
Idade |
|
|
Entre 30 e 40 anos |
16 |
47,1 |
Entre 41 e 50 anos |
10 |
29,4 |
Entre 51 e 60 anos |
07 |
20,6 |
Mais de 60 anos |
01 |
2,9 |
Cor |
|
|
Branca |
15 |
44,1 |
Preta |
02 |
5,9 |
Parda |
17 |
50,0 |
Religi�o |
|
|
Cat�lica |
20 |
58,9 |
Evang�lica |
05 |
14,7 |
Crist� |
01 |
2,9 |
Esp�rita |
07 |
20,6 |
Sem religi�o |
01 |
2,9 |
Estado civil |
|
|
Solteiro |
10 |
29,4 |
Casado |
21 |
61,8 |
Divorciado |
03 |
8,8 |
Titula��o m�xima |
|
|
Gradua��o |
02 |
5,9 |
Mestrado |
09 |
26,4 |
Doutorado |
02 |
5,9 |
Resid�ncia |
01 |
2,9 |
Especializa��o |
20 |
58,9 |
Caracteriza��o da forma��o de ensino superior |
|
|
Enfermagem |
25 |
73,7 |
Administra��o Hospitalar |
01 |
2,9 |
Servi�o Social |
03 |
8,8 |
Medicina |
01 |
2,9 |
Biomedicina |
01 |
2,9 |
Psicologia |
02 |
5,9 |
Administra��o |
01 |
2,9 |
Tempo de conclus�o do curso |
|
|
Entre 1 e 10 anos |
06 |
17,6 |
Entre 11 e 20 anos |
14 |
41,2 |
Entre 21 e 30 anos |
08 |
23,6 |
Entre 31 e 40 anos |
06 |
17,6 |
Tempo de atua��o na equipe CET/CNT |
|
|
Menos de 5 anos |
06 |
17,6 |
Entre 5 e 10 anos |
15 |
44,1 |
Mais de 10 anos |
13 |
38,3 |
Carga hor�ria semanal |
|
|
30h |
14 |
41,2 |
40h |
18 |
53,0 |
60h |
02 |
5,8 |
Renda Mensal (R$) |
|
|
Entre 3 e 5 mil |
19 |
55,9 |
Entre 6 e 10 mil |
11 |
32,4 |
Entre 11 e 15 mil |
04 |
11,7 |
Fonte: dados da pesquisa, 2020
Os 34 participantes do estudo estavam distribu�dos em 17 centrais sendo elas a central nacional e as centrais estaduais dos seguintes estados: cinco (14,7%) profissionais atuam em Santa Catarina, cinco (14,7%) na Bahia, quatro (11,8%) na central do Par�, tr�s (8,8%) em Rond�nia, tr�s (8,8%) atuam no Distrito Federal, dois (5,9%) em S�o Paulo, dois (5,9%) no Maranh�o, um (2,9%) no Pernambuco, um (2,9%) no Paran�, um (2,9%) no Tocantins, um (2,9%) no Esp�rito Santo, um (2,9%) da central de Alagoas, um (2,9%) do Piau�, um (2,9%) de Minas Gerais, um (2,9%) de Goi�s, um (2,9%) da central do Mato Grosso do Sul e um (2,9%) do Rio de Janeiro (Figura 1).
src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=7772&revision=1&submissionId=4611&stageId=5" />Figura 1: Distribui��o dos participantes do estudo quanto � central e o estado de atua��o, Santa Catarina, Brasil, 2020.
Fonte: elaborado pelos, 2020.
Referente aos profissionais que comp�em a equipe de trabalho das centrais de transplantes, destaca-se o profissional de enfermagem, no qual foi citado por 34 (100%) dos participantes, seguido pelo profissional de medicina com 31 (91,1%) cita��es, 20 (58,8%) participantes citaram o assistente social como componente da equipe, 19 (55,8%) t�cnico administrativo, 13 (38,2%) psic�logo, seis (17,6%) t�cnico de enfermagem, quatro (11,7%) biom�dico, tr�s (8,8%) farmac�utico, dois (5,8%) motorista, dois (5,8%) analista de sistemas e um (2,9%) participante citou o cirurgi�o dentista como componente da equipe (Figura 2).
src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=7773&revision=1&submissionId=4611&stageId=5" />Figura 2: Distribui��o dos profissionais que comp�em a equipe de trabalho da CNT/CET, Santa Catarina, Brasil, 2020
Fonte: Autores, 2020.
Ao que se refere a �rea de atua��o dentro do processo de doa��o e transplantes de �rg�os, 17 (50,0%) profissionais atuam na notifica��o de potenciais doadores e log�stica/distribui��o de �rg�os, enquanto que 15 (44,1%) na �rea de coordena��o e dire��o, 15 (44,1%)� treinamento e capacita��o, 12 (35,2%) distribui��o de tecido ocular, 10 (29,4%) cadastro t�cnico, tr�s (8,8%) controle, avalia��o e auditoria, tr�s (8,8%) credenciamento de equipe e estabelecimentos de sa�de, dois (5,8%) na parte financeira e de contratos, dois (5,8%) nos recursos humanos (Figura 3).
src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=7774&revision=1&submissionId=4611&stageId=5" />Figura 3: �rea de atua��o dos profissionais dentro do processo de doa��o-transplante, Santa Catarina, Brasil, 2020.
Fonte: Autores, 2020.
Ainda, ao que se refere ao cotidiano dos profissionais atuantes nas centrais de transplante, suas responsabilidades, atribui��es e trabalho em equipe s�o separados em assist�ncia, gest�o e educa��o. A Tabela 2 apresenta as atividades e responsabilidades do cotidiano dos profissionais atuantes nas centrais de transplante.
Tabela 2: Atividades e responsabilidades do cotidiano dos profissionais atuantes nas centrais de transplante. Santa Catarina, Brasil, 2020.
Vari�veis |
n |
% |
Assist�ncia |
|
|
Atividades de busca ativa |
02 |
5,8 |
Atividades relacionadas ao acompanhamento do protocolo ME manuten��o do PD e orienta��es das equipes da CIHDOTT |
10 |
14,7 |
Entrevista Familiar |
03 |
8,8 |
Coordena��o de sala de capta��o |
03 |
8,8 |
Gest�o |
|
|
Credenciamento e recredenciamento das equipes |
12 |
32,2 |
Gerenciamento do Cadastro T�cnico �nico |
07 |
20,5 |
Atividades de capta��o e distribui��o de �rg�os e tecidos |
14 |
41,1 |
Atividades relacionadas � log�stica |
05 |
14,7 |
Articula��o com equipes de transplantes, SES e demais colaboradores |
14 |
41,1 |
Atividades relacionadas a elabora��o de documentos para facilitar a gest�o do processo |
02 |
5,8 |
Atividades relacionadas a dados estat�sticos |
01 |
2,9 |
Monitoramento dos indicadores do processo de doa��o |
01 |
2,9 |
Confer�ncia documental para garantia do cumprimento dos crit�rios legais e t�cnicos |
03 |
8,8 |
Auditoria dos protocolos encerrados |
04 |
11,7 |
Verificar os processos de Tratamento Fora Domic�lio (TFD) relacionados a transplantes |
03 |
8,8 |
Educa��o |
|
|
Atividades de educa��o para profissionais e comunidade |
11 |
32,3 |
Esclarecimento de d�vidas aos receptores e familiares |
05 |
14,7 |
Fonte: dados da pesquisa, 2020.
Ao que se refere � capacita��o/treinamento, 31 (91,2%) participantes afirmam ter recebido capacita��o ou treinamento para compor a equipe da CET/CNT e 27 (79,4%) ainda recebem algum tipo de capacita��o ou treinamento periodicamente. Destaca-se que sete (20,6%) participantes n�o recebem nenhum tipo de treinamento ou capacita��o periodicamente (Figura 4).
src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=7775&revision=1&submissionId=4611&stageId=5" />Figura 4:Profissionais que receberam/recebem treinamento, Santa Catarina, Brasil, 2020
Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
Ao que se refere �s atividades desenvolvidas para promover a articula��o entre CNT com as CET,� 18� (52,9%) participantes citaram o uso de relat�rios mensais da CET para a CNT como meio de articula��o, 13 (38,2%) destacaram o gerenciamento das atividades da CET, 11 (31,3%) feedback � CET da an�lise dos relat�rios, nove (26,4%) elabora��o de plano de trabalho conjuntamente, tr�s (8,8%) relatam n�o ocorrer a��es conjuntas e um (2,9%) citou o uso de instru��es operacionais para promover a articula��o entre as equipes da CNT e CET.
Al�m disso, referente �s atividades desenvolvidas para promover a articula��o entre CET com as CIHDOTT e OPO, 29 (85,2%) participantes citaram o uso de relat�rios mensais da CIHDOTT, 26 (76,4%) reuni�es peri�dicas, 25 (73,5%) gerenciamento das atividades da CIHDOTT, 24 (70,5%) participantes citaram a elabora��o de plano de trabalho, 18 (52,9%) feedback � CIHDOTT ou OPO e dois (5,8%) citaram as capacita��es dos membros da CHT.
Quanto � padroniza��o do trabalho, 30 (88,2%) destacam que existe padroniza��o das atividades desenvolvidas pelas equipes atuantes nas CET/CNT.
Quanto �s ferramentas de padroniza��o, a mais citada 12 (35,2%), foi o uso de Procedimentos Operacionais Padr�o (POP), seguido por discuss�es do organiza��o do trabalho nove (26,4%), formul�rios padronizados seis (17,6%), treinamentos e cursos cinco (14,7%), tabelas e gr�ficos para monitoramento quatro (11,7%), apps de mensagem quatro (11,7%), instru��o operacional tr�s (8,8%), rotinas operacionais dois (5,8%), checklist operacional dois (5,8%), relat�rios dois (5,8%), PDCA dois (5,8%) e uso de ferramentas administrativas do governo citada por um (2,9%) participante.
Quanto � infraestrutura da CNT/CET, 34 (100%) participantes citaram que o espa�o f�sico da CNT/CET possui linhas telef�nicas, impressora, acesso � internet e scanner/copiadora, 33 (97%) citaram possuir computadores, 30 (88,2%) �rea f�sica exclusiva, 25 (73,5%) website para informa��es gerais e 13 (38,2%) participantes citaram possuir fax (Tabela 3).
Tabela 3:�Caracteriza��o das Centrais de Transplantes, Santa Catarina, Brasil, 2020.
Vari�veis |
n |
% |
Atividades desenvolvidas para articula��o da CNT com a CET |
|
|
Relat�rios mensais |
18 |
52,9 |
Gerenciamento das atividades da CET |
13 |
38,2 |
Feedback � CET da an�lise dos relat�rios |
11 |
31,3 |
Elabora��o de plano de trabalho |
09 |
26,4 |
N�o ocorre a��es conjuntas |
03 |
8,8 |
Instru��es operacionais |
02 |
2,9 |
Atividades desenvolvidas para articula��o da CET COM CIHDOTT E OPO |
|
|
Uso de relat�rios mensais da CIHDOTT |
29 |
85,2 |
Reuni�es peri�dicas |
10 |
29,4 |
Gerenciamento das atividades da CIHDOTT |
25 |
73,5 |
Elabora��o de plano de trabalho |
24 |
70,5 |
Feedback � CIHDOTT ou OPO |
18 |
52,9 |
Capacita��es dos membros da CHT |
02 |
5,8 |
Distribui��o das ferramentas de padroniza��o entre o trabalho das equipes da CET E CNT |
||
POPs |
12 |
35,2 |
Discuss�es da organiza��o do trabalho |
09 |
26,4 |
Formul�rios padronizados |
06 |
17,6 |
Treinamentos e cursos |
05 |
14,7 |
Tabelas e gr�ficos para monitoramento |
04 |
11,7 |
Instru��o operacional |
03 |
8,8 |
Rotinas operacionais |
02 |
5,8 |
Relat�rios |
02 |
5,8 |
PDCA |
02 |
5,8 |
Ferramentas administrativas do governo |
01 |
2,9 |
Gerenciamento das atividades da CET |
13 |
38,2 |
Feedback � CET da an�lise dos relat�rios |
11 |
31,3 |
Elabora��o de plano de trabalho |
09 |
26,4 |
N�o ocorre a��es conjuntas |
03 |
8,8 |
Instru��es operacionais |
02 |
2,9 |
Infraestrutura |
|
|
Linhas telef�nicas/Impressoras/Copiadoras |
34 |
100,0 |
Computadores |
33 |
97,7 |
�rea f�sica exclusiva |
30 |
88,2 |
Website |
25 |
73,5 |
Fax |
13 |
38,2 |
Fonte: dados da pesquisa, 2020.
Os indicadores relacionados ao processo de doa��o e transplante de �rg�os fornecem uma base para medir os acontecimentos relacionados a doa��o e transplante e orientam a tomada de decis�o baseada em evid�ncias em sa�de. Tendo em vista isso, 32 (94,1%) participantes citaram n�mero de doador como indicador utilizado, seguido por n�mero de �rg�os transplantados, que foi citado 29� (85,2%) vezes, 27 (79,4%) participantes citaram n�mero de �rg�os extra�dos por doador, 27 (79,4%) percentual de recusas familiares, 26 (76,4%) n�mero de ME por institui��o, 24� (70,5%) taxa de convers�o de PD em doadores efetivos, 23 (67,6%) origem do �rg�o, 22 (64,7%) caracteriza��o dos doadores, 21 (61,7%) PD exclu�do por crit�rios de exclus�o m�dica, 20 (58,8%) percentual de �rg�os oferecidos e aceitos, 20 (58,8%) capacidade geradora de ME por institui��o, 19 (55,8%) tempo de espera em lista, 18� (52,9%) caracter�sticas das mortes por ano, 14 (41,1%) qualidade dos �rg�os, 14 (41,1%) causas para n�o transplanta��o de �rg�os doados, 13 (38,2%) identifica��o/notifica��o de eventos adversos, 12 (35,2%) situa��o cl�nica do potencial doador, 11 (32,3%) tempo de log�stica, oito (23,5%) percentual de sobrevida dos receptores transplantados, seis (17,6%) satisfa��o da fam�lia no atendimento, cinco (14,7%) citaram outros indicadores n�o mencionados antes, s�o eles: �rg�os ofertados pela CNT, Custo do processo para o SUS local, Efici�ncia das CIHDOTTs, Tempo de dura��o do protocolo para diagn�stico de ME, N�mero de doadores por milh�o de habitantes (Figura 5).
src="https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/JONAH/$$$call$$$/api/file/file-api/download-file?fileId=7776&revision=1&submissionId=4611&stageId=5" />Figura 5: Distribui��o dos indicadores relacionados ao processo de doa��o-transplante, Santa Catarina, Brasil, 2020.
Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
DISCUSS�O
Os programas de transplantes no Brasil dependem da organiza��o e efetiva atua��o das equipes participantes do processo de doa��o e transplante de �rg�os, que s�o de extrema import�ncia em todas as etapas.
As Centrais Nacional e Estaduais de Transplantes s�o respons�veis pela execu��o das atividades de coordena��o, log�stica e distribui��o de �rg�os e tecidos durante todo o processo de doa��o e pelo processo de identifica��o, valida��o e efetiva��o dos potenciais doadores.1
O profissional de enfermagem est� em maior n�mero atuando nas Centrais de Transplantes. Isso se d� ao fato de que sua atua��o tem se destacado ao longo dos anos fazendo com que tenha papel determinante no sucesso do processo de doa��o e transplante, visto que � o profissional que transita em todas as etapas, atuando privativamente, no �mbito da equipe de enfermagem, desde o planejamento, execu��o, coordena��o e avalia��o dos procedimentos de enfermagem prestados ao doador, bem como, ao receptor e familiares.5-6
Esse profissional est� envolvido desde a busca ativa por potenciais doadores, como na identifica��o, avalia��o, valida��o e manuten��o do potencial doador, tamb�m � o profissional que participa do processo de viabiliza��o da realiza��o do diagn�stico de Morte Encef�lica (ME), notifica��o do potencial doador, entrevista com a fam�lia, coordena��o da sala cir�rgica, envio dos documentos relacionados ao processo, distribui��o dos �rg�os para transplante, e todo o processo de gerenciamento de distribui��o dos �rg�os e log�stica em �mbito nacional e estadual.5,10
No que se refere �s responsabilidades e atribui��es dos profissionais atuantes nas Centrais de Transplante, as atividades de gest�o foram as mais citadas, e est� relacionada ao fato de que o maior n�mero de profissionais que comp�em as equipes de transplantes s�o enfermeiros, e as atividades gerenciais s�o exclusivas desses profissionais. Tamb�m vale ressaltar que as atividades de gest�o, como organizar, coordenar e regular as atividades de doa��o e transplante s�o espec�ficas das Centrais de Transplantes.1,6
As atividades gerenciais s�o de extrema import�ncia no processo de doa��o de �rg�os para transplante, visto que visam o planejamento e execu��o de a��es voltadas para o funcionamento e melhoria desse processo, bem como atividades de capta��o, distribui��o e log�stica de �rg�os, monitoramento dos indicadores do processo, articula��o com as equipes de transplante em �mbito nacional e estadual, entre outras atividades que contribuem para a efic�cia do programa de transplante e para a redu��o das listas de espera por transplantes.1,11
As atividades assistenciais como, busca ativa, acompanhamento do protocolo de ME, manuten��o do potencial doador, entrevista familiar e coordena��o da sala de capta��o de �rg�os, tamb�m foram citadas pelos participantes como de responsabilidade das Centrais de Transplante. Tais atividades s�o de responsabilidade do profissional de enfermagem, e em sua maioria s�o realizadas pelas equipes da OPO e CIHDOTT, por�m destaca-se aos diferentes cen�rios formados pelas CETs de cada estado, em algumas realidades s�o atividades realizadas por enfermeiros das CETs, e, em outros contextos, desenvolvida por enfermeiros da CIHDOTT e OPO.1,12
Outra atividade realizada pelos profissionais da Central de Transplantes s�o as voltadas � capacita��o de profissionais e educa��o em sa�de para comunidade, como esclarecimento de d�vidas dos pacientes receptores e familiares de doadores. As Centrais de Transplantes participam ativamente da forma��o, capacita��o, habilita��o e educa��o permanente das equipes de transplantes, promovendo o treinamento dos profissionais que comp�em sua equipe, como tamb�m das equipes da CIHDOTT e OPOs.1,13
A maioria dos profissionais foram capacitados para compor a equipe da CNT/CET, isso � de extrema import�ncia, visto que a �rea de doa��o e transplante de �rg�os necessita de conhecimento cient�fico aprofundado e espec�fico para que os profissionais saibam lidar com todos os aspectos, sejam eles, �ticos, psicol�gicos, morais, fisiol�gicos ou sociais que envolvem todo o processo de doa��o e transplante, para que exer�am suas atividades de forma qualificada e segura.7
Todavia, um n�mero expressivo de profissionais, sendo 20,0% ao total, relataram n�o receber capacita��o periodicamente, o que � um �ndice relevante e preocupante, visto que estudos evidenciam que existe um d�ficit no conhecimento dos profissionais acerca do processo de doa��o e transplantes. Dados semelhantes foram identificados em estudo14 em que os profissionais tiveram dificuldade para exercer suas atividades ao iniciarem sua atua��o na �rea de doa��o e transplantes, por n�o terem sido treinados anteriormente. E as principais fragilidades acerca do processo de doa��o e transplante referem-se ao conhecimento dos crit�rios de diagn�stico de ME.15
Falhas na identifica��o e notifica��o de potenciais doadores, bem como na manuten��o hemodin�mica destes e problemas na entrevista familiar, representam empecilhos na efetiva��o de doa��es. Profissionais brasileiros que atuam nos transplantes t�m na Associa��o Brasileira de Transplantes de �rg�os � ABTO, o apoio para qualifica��o profissional na �rea, por�m sem haver direcionamento espec�fico aos enfermeiros, profissionais que comp�e em maior n�mero as equipes mencionadas no presente estudo. Para esses profissionais, apenas entidades internacionais fornecem forma��o e capacita��es direcionadas, destacando-se a International Transplant Nurses Society e Transplant Nurses Association.16
O enfermeiro, assim como os demais profissionais atuantes no processo de doa��o e transplante, necessita de forma��o e qualifica��o espec�fica para desenvolver suas atividades, pois � isso, somado � experi�ncia adquirida, que fornece subs�dios para que desenvolva sua atua��o com o objetivo principal de assegurar a continuidade do cuidado com qualidade e �tica, seja ao paciente ou aos seus familiares.16
Desta forma, pol�ticas educativas devem ser garantidas durante a forma��o do profissional, contribuindo na melhoria constante do processo de doa��o de �rg�os e tecidos, fortalecendo as suas atitudes e sua atua��o, somando esse conhecimento �s legisla��es pertinentes.13
Assim, a educa��o permanente � um instrumento capaz de transformar e aperfei�oar a pr�tica do profissional inserido no processo de doa��o de �rg�os, tendo em vista que � uma �rea que exige um conhecimento espec�fico, al�m das atualiza��es e acompanhamento das mudan�as de legisla��o que ocorrem. Dessa maneira a educa��o deve ser um processo cont�nuo para os profissionais que atuam nessa �rea, com foco nas necessidades de forma��o e desenvolvimento dos profissionais17 pois quando capacitados, conseguem compreender todo o processo e os fatores que influenciam, intervindo de forma apropriada para favorecer a doa��o de �rg�os para transplantes.18
A CNT atua no processo de doa��o de �rg�os e tecidos para transplantes em �mbito nacional, enquanto que a CET atua em �mbito estadual, e seu plano de trabalho est�o articulados entre si, pois cabe a CNT articular a rela��o durante o processo de aloca��o dos �rg�os entre as unidades da federa��o, como receber as notifica��es de n�o utiliza��o de �rg�os pela CET,� gerenciamento das atividades, relat�rios mensais, distribui��o de �rg�os entre os estados, como tamb�m aux�lio na log�stica de distribui��o dos �rg�os doados.1
A CET atua junto aos estabelecimentos de sa�de por meio das OPOs, de maneira supra hospitalar, e por meio da CIHDOTT de forma intra-hospitalar, articulam-se entre si atrav�s de relat�rios e reuni�es peri�dicas, elabora��o de plano de trabalho e gerenciamento das suas atividades. Dessa maneira, ap�s realizada a busca ativa e identifica��o do potencial doador, as CIHDOTT e OPOs devem notificar a CET, a partir disso todas as equipes de transplantes atuam em conjunto para que o processo de doa��o ocorra o mais rapidamente poss�vel. Tamb�m � de responsabilidade da CET o treinamento e capacita��o das equipes da CIHDOTT e OPOs.2,14,19
A padroniza��o do trabalho est� presente na maioria das equipes da CET e CNT principalmente atrav�s dos POPs, discuss�o dos processos de trabalho, formul�rios padr�es, treinamentos e cursos. Sistematizar e padronizar os processos permite um melhor desenvolvimento do servi�o prestado, tornando poss�vel que o profissional realize seus servi�os de forma orientada e segura, o que reflete diretamente nos resultados obtidos. E � de extrema import�ncia que as equipes de transplante tenham sua organiza��o do trabalho padronizado, visto que auxilia diretamente na qualidade da assist�ncia prestada ao potencial doador e ao receptor, o que por sua vez, reflete no aumento das notifica��es de potenciais doadores, e consequentemente no n�mero de doa��es realizadas.20-21
O desempenho do sistema de transplantes � monitorado atrav�s dos indicadores que refletem aspectos que impactam o processo de doa��o e transplante de �rg�os, no qual s�o usados para avaliar a sua efici�ncia e mapear poss�veis falhas, visando contribuir para melhorar o processo de doa��o e transplante, a fim de aumentar o n�mero de transplantes realizados e consequentemente diminuir a fila �nica de espera.22
Apesar do n�mero alto de indicadores existentes, � poss�vel evidenciar que existe falta de indicadores em etapas importantes do processo de doa��o e transplantes, como na etapa de distribui��o de �rg�os, onde n�o existem indicadores de perda de �rg�os, ou em etapas de p�s transplantes, como indicadores de qualidade de vida ap�s cirurgia, ou por exemplo, apesar de a sobrevida dos receptores transplantados terem sido citadas como um indicador, � usado por um n�mero pequeno dos participantes, apenas oito pessoas citaram esse indicador, o que corrobora com os achados de estudo que objetivou verificar e listar os indicadores usados no processo de doa��o-transplante, e evidenciando lacunas na mensura��o da efici�ncia nas etapas de distribui��o e p�s transplantes.22
Outro indicador pouco citado foi o indicador de identifica��o/notifica��o de eventos adversos, o que � um �ndice preocupante, visto que se trata de um indicador de gest�o de risco, que tem por finalidade garantir a seguran�a do paciente e a qualidade do servi�o e procedimentos prestados, e que deveria ser usado para prevenir a ocorr�ncia e recorr�ncia de eventos adversos. Dessa maneira ressalta-se a import�ncia de gerar pr�ticas mais seguras atrav�s do uso de indicadores de seguran�a do paciente, visto que o risco est� presente em todo o processo de doa��o e transplante.23-24
Quanto � infraestrutura, a maioria dos participantes citaram ter a infraestrutura m�nima referida pela portaria n� 2.600 do minist�rio da sa�de de 2009 que aprova o regulamento t�cnico do SNT, que deve contar com �rea f�sica exclusiva, linhas telef�nicas, fax, computadores, impressora, acesso � internet, scanner ou copiadora e web site, no qual garantem agilidade e seguran�a dos processos de trabalho.19
Por�m, destaca-se que nem todos os participantes, citaram possuir ou fazer o uso de website ou tecnologia similar no seu ambiente de trabalho, o que � uma ferramenta importante para o acesso �s informa��es gerais � sociedade. A Internet faz cada vez mais parte da vida das pessoas, sendo um meio que facilita conex�es e intera��es, e por isso � de extrema import�ncia que esse espa�o seja usado para disseminar informa��es, como tamb�m para sensibilizar a popula��o acerca da doa��o de �rg�os e tecidos para transplantes.
CONSIDERA��ES FINAIS
A partir deste estudo foi poss�vel evidenciar quem s�o os profissionais atuantes nas Centrais Nacional e Estaduais de Transplantes, como tamb�m suas responsabilidades e atribui��es. O enfermeiro destacou-se como integrante das equipes das Centrais de Transplantes. A atua��o deste profissional no processo de doa��o de �rg�os e tecidos � de extrema import�ncia, e tem papel fundamental, visto que � o gestor do cuidado.
As atividades de gest�o, foram as mais citadas como atribui��es dos profissionais atuantes nas centrais, sendo: Atividades relacionadas a log�stica, articula��o com as equipes de transplantes, SES e demais colaboradores, credenciamento e recredenciamento das equipes e gerenciamento do cadastro t�cnico �nico.
Quanto �s contribui��es do estudo, destaca-se o conhecimento, visibilidade e reconhecimento dos profissionais atuantes nas Centrais de Transplantes, como tamb�m as atividades realizadas por eles. Esse estudo tamb�m servir� para nortear suas a��es, visto que foi realizado um mapeamento da situa��o atual das centrais, sendo poss�vel identificar quais os pontos positivos, a fim de potencializ�-los, como tamb�m foi mapeado as fragilidades encontradas na organiza��o do trabalho destas equipes, o que servir� como subs�dio te�rico para capacita��es e melhorias na organiza��o do trabalho.
Quanto �s limita��es, compreende-se uma lacuna na literatura cient�fica acerca do conhecimento sobre quem s�o os profissionais que atuam nas Centrais de Transplantes, e o papel desempenhado por eles. A coleta de dados foi realizada durante a pandemia do novo coronav�rus, e muitos profissionais tiveram suas rotinas de trabalho alteradas, por causa do home office ou novas demandas causadas pela pandemia, o que acabou dificultando o contato com eles e o retorno das respostas.
REFER�NCIAS
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Recebido em: 12/01/2022
Aceito em: 07/12/2022
Publicado em: 26/12/2022
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[2] Escola de Sa�de P�blica da Prefeitura Municipal de Florian�polis. Florian�polis, Santa Catarina (SC). Brasil (BR). E-mail: enf.rosanesantos@gmail.com ORCID: 0000-0001-5901-419X
[3] Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florian�polis, Santa Catarina (SC). Brasil (BR). E-mail: neide.knihs@ufsc.br ORCID: 0000-0003-0639-2829
[4] Central Estadual de Transplantes de S�o Paulo. S�o Paulo, S�o Paulo (SP). Brasil (BR). E-mail: joaoerbs@gmail.com ORCID: 0000-0002-9266-102X
[5] Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florian�polis, Santa Catarina (SC). Brasil (BR). E-mail: laura.brehmer@ufsc.br ORCID: 0000-0001-9965-8811
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Como citar: Magalh�es ALP, Santos RL, Knihs NS, Pessoa JLE, Brehmer LCF, Melo PCB. Perfil de profissionais e organiza��o do trabalho em centrais de transplantes. J. nurs. health. 2022;12(3):e2212322043. DOI: https://doi.org/10.15210/jonah.v12i3.4611