ARTIGO original

Seguran�a do paciente na administra��o de medica��es parenterais: conhecimento de acad�micos de Enfermagem

Patient safety in the administration of parenteral medications: knowledge of nursin students

Seguridad del paciente en la administraci�n de medicamentos parenterales: conocimiento de los estudiantes de enfermer�a

Rezer, Fabiana;[1] Oliveira, D�bora Naiara Rozin;[2] Faustino, Wladimir Rodrigues[3]

RESUMO

Objetivo: avaliar o conhecimento de acad�micos de enfermagem sobre a administra��o de medica��es parenterais. M�todo: estudo descritivo de abordagem quantitativa. Desenvolvido em duas institui��es de ensino superior, no curso de enfermagem. A pesquisa foi feita atrav�s de uma entrevista com question�rio estruturado, contendo quest�es divididas por via de administra��o parenteral. Resultados: na via intrad�rmica, 48,1% erraram sobre a indica��o e 57,4% erraram sobre o �ngulo de introdu��o da agulha. Na via intramuscular, 66,7% erraram sobre os locais de aplica��o e 57,4% acertaram sobre o �ngulo de pun��o em 90� graus. Na via subcut�nea, 55,6% erraram sobre a dose indicada e 85,2% erraram sobre os locais de aplica��o. Na via endovenosa, 87,0% acertaram sobre a defini��o da via e 90,7% acertaram sobre a finalidade da via. Conclus�o: os acad�micos de enfermagem possuem conhecimento insuficiente sobre as medica��es parenterais, denotando a necessidade de englobar mais conhecimento e evitando eventos adversos.

Descritores: Seguran�a do paciente; Conduta do tratamento medicamentoso; Infus�es parenterais; Enfermagem

ABSTRACT

Objective: to verify the knowledge of nursing students about the administration of parenteral medications. Method: descriptive study of quantitative approach. Developed in two higher education institutions, in the nursing course, through an interview with a structured questionnaire, containing questions divided by parenteral administration. Results: in the intradermal route, 48.1% were wrong about the route indication and 57.4% were wrong about the needle introduction angle. In the intramuscular route, 66.7% were wrong about the application sites and 57.4% were right about the puncture angle at 90 degrees. In the subcutaneous route, 55.6% were wrong about the indicated dose and 85.2% were wrong about the application sites. In the intravenous route, 87.0% were right about the definition of the route and 90.7% were right about the purpose of the route. Conclusion: nursing students have insufficient knowledge about parenteral medications, denoting the need to encompass more knowledge and avoid adverse events.

Descriptors: Patient safety; Medication therapy management; Infusions, parenteral; Nursing

RESUMEN

Objetivo: verificar el conocimiento de los estudiantes de enfermer�a sobre la administraci�n de medicamentos parenterales. M�todo: estudio cuantitativo desarrollado en curso de enfermer�a de dos instituciones de educaci�n superior, con cuestionario estructurado con preguntas por tipo de administraci�n parenteral. Resultados: en la v�a intrad�rmica el 48,1% se equivoc� en la indicaci�n y el 57,4% en el �ngulo de introducci�n de la aguja. En la v�a intramuscular el 66,7% se equivoc� en los sitios de aplicaci�n y el 57,4% acert� en el �ngulo de punci�n. En la v�a subcut�nea, el 55,6% se equivoc� en la dosis indicada y el 85,2% en los sitios de aplicaci�n. En la v�a intravenosa, el 87,0% acert� en la definici�n y el 90,7% acert� en la finalidad. Conclusi�n: los estudiantes de enfermer�a tienen conocimientos insuficientes sobre medicamentos parenterales, denotando la necesidad de abarcar m�s conocimientos y evitar eventos adversos.

Descriptores: Seguridad del paciente; Administraci�n del tratamiento farmacol�gico; Infusiones parenterales; Enfermeria

INTRODU��O

A via parenteral � comumente a mais utilizada para terap�utica cl�nica por agir rapidamente no organismo do paciente, com isso, � importante que os profissionais envolvidos no processo garantam seguran�a ao paciente, livre de danos decorrentes de imper�cia, neglig�ncia e imprud�ncia, de forma que assegure uma assist�ncia eficiente e de qualidade. Para isso, a seguran�a do paciente envolve a��es nas universidades, bem como nas institui��es de sa�de com objetivo de diminuir ou eliminar riscos, incidentes e eventos adversos que podem causar danos aos pacientes durante a assist�ncia prestada � sa�de.1-2

Contudo, mesmo com as rotinas de seguran�a sendo implementadas em sala de aula bem como nas institui��es de sa�de, ainda podem ocorrer eventos adversos durante a assist�ncia, dados do Instituto Brasileiro de Seguran�a do Paciente descrevem que um a cada dez pacientes apresentam evento adverso e que 70% s�o evit�veis, com isso, a preocupa��o com a seguran�a do paciente come�ou a representar o cen�rio mundial pela elevada incid�ncia de danos aos pacientes durante a assist�ncia � sa�de, o que motivou todos os sistemas de sa�de no mundo melhorar a seguran�a do paciente.3-4

Com a percep��o da seriedade dos eventos adversos, foram estabelecidas as seis metas internacionais, entre elas est�o a seguran�a na prescri��o, uso e administra��o de medicamentos. As metas foram descritas pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) e propostos na forma de protocolos, reproduzidos pela Programa Nacional de Seguran�a do Paciente (PNSP), que tem como objetivo contribuir para a qualifica��o do cuidado em sa�de de todos os estabelecimentos de sa�de do pa�s. 5

A OMS instituiu ainda o terceiro desafio global de seguran�a do paciente, denominado de medica��o sem danos, com o objetivo de reduzir pela metade os danos graves relacionados aos eventos adversos nos pacientes, a estrat�gia visa nortear a assist�ncia na prescri��o, distribui��o, administra��o e utiliza��o dos medicamentos.6

Dentre os erros de medica��o, os mais prevalentes que acontecem nas institui��es de sa�de durante a assist�ncia prestada pela equipe de enfermagem s�o as medica��es parenterais incorretas, que s�o causadas por diversos fatores como erros de dose, via de administra��o e hor�rio, paciente errado ou n�o identificado, t�cnica de preparo, administra��o incorreta e omiss�o de dose.7

Os erros de medica��o s�o observados em diversos pa�ses do mundo. Pa�ses como a Alemanha e Inglaterra apresentam taxas de 4,7% e 3,2%, respectivamente, j� os Estados Unidos cont�m apenas 5,6%.8-9 No Brasil foram registradas 64,3% se comparadas a outros pa�ses, no qual o principal erro acontece durante o preparo e administra��o dos medicamentos.10

Estima-se que a seguran�a do paciente seja um assunto que deva ser abordado com maior relev�ncia devido sua import�ncia, nas salas de aula, com conte�do te�rico-pr�tico, simula��es real�sticas, senso cr�tico quer seja em n�vel auxiliar, t�cnico e nas institui��es de ensino superior. � essencial que os acad�micos de enfermagem tenham conhecimentos, habilidades e aptid�es necess�rias e corretas durante o atendimento prestados aos pacientes, especialmente durante o manuseio de medicamentos parenteais.11

Com isso, umas das estrat�gias implementas no PNSP � a articula��o com o Minist�rio da Educa��o (MEC) e com o Conselho Nacional de Educa��o (CNE), a inclus�o do tema seguran�a do paciente nos curr�culos dos cursos de forma��o em enfermagem, com o prop�sito de preparar os profissionais com conhecimentos e habilidades necess�rias para implementar a seguran�a do paciente.12-13

Assim, a administra��o de medicamentos � uma das atividades de grande responsabilidade da enfermagem, que necessita de acur�cia, dom�nio t�cnico e conhecimento cient�fico durante a execu��o, objetivando assegurar mais seguran�a ao paciente. Pesquisas de conhecimento nessa �rea com foco em acad�micos permite a an�lise do conhecimento, fornecendo dados para os cursos de gradua��o em enfermagem usarem como suporte para modifica��es dos paradigmas de ensino-aprendizagem. Portanto, o objetivo desta pesquisa � avaliar o conhecimento de acad�micos de enfermagem sobre a administra��o de medica��es parenterais.

MATERIAIS E M�TODO

Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem quantitativa, baseado no Enhancing the QUAlity and Transparency of health Research, do tipo SQUIRE. O estudo foi realizado em duas Faculdades na Regi�o Norte de Mato Grosso, Brasil, que ofertam o curso de Enfermagem, sendo refer�ncia para dez munic�pios no interior do Estado, no per�odo de julho a setembro de 2020.

O Curso de Enfermagem dos Locais de estudo, conta com um quadro de 100 graduandos de enfermagem. Destes, 60 pertenciam do sexto ao d�cimo semestre e foram eleg�veis para participar da pesquisa. Considerando o percentual estimado de 50%, um erro amostral de 0,04 e a signific�ncia de 5%, o poder de amostra contou com 55 acad�micos. Foram atribu�dos como crit�rios de inclus�o os acad�micos de Enfermagem compreendidos entre o sexto e d�cimos semestres, foram exclu�dos os graduandos que n�o estivessem com a matr�cula regularizada, ou estar afastado por atestado m�dico ou suspens�o.

A coleta de dados foi realizada atrav�s de entrevista, por meio da aplica��o de um question�rio. O objetivo da entrevista foi obter informa��es sobre o conhecimento do graduando de enfermagem na administra��o de medica��es parenterais, incluindo as vias intramuscular, subcut�nea, endovenosa e intrad�rmica. O instrumento de coleta de dados criado cont�m cinco quest�es para caracteriza��o do participante e oito quest�es espec�ficas sobre a administra��o de medica��es parenterais. O instrumento foi elaborado pelos autores baseado em pareceres dos Conselhos Regionais e Federal de Enfermagem. A coleta de dados foi realizada em forma de entrevista individual, a todos os graduandos em turno noturno, ap�s a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os dados foram tabulados atrav�s do Programa Microsoft Excel, com a realiza��o de tabelas, com estat�stica descritiva simples, atrav�s da frequ�ncia absoluta, percentual e �ndice de Validade de Conte�do (IVC).

A pesquisa teve aprova��o do Comit� de �tica em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Mato Grosso, sob certificado de apresenta��o para aprecia��o �tica n�mero 27068819.3.0000.5587. Foram atendidas as diretrizes �ticas previstas na resolu��o n� 466/12 do Conselho Nacional de Sa�de.

RESULTADOS

A amostra contou com 55 graduandos de enfermagem, caracterizou-se por sua maioria do g�nero feminino, na faixa et�ria de 21 a 30 anos e cursando o oitavo semestre. A maioria n�o tinha outra gradua��o e nem trabalhava na �rea da sa�de (Tabela 1).

Tabela 1: Caracteriza��o dos acad�micos de enfermagem em rela��o aos dados demogr�ficos (n=55). Regi�o Norte de Mato Grosso, 2020

Vari�veis

n

%

G�nero

 

 

Feminino

41

74,0

Masculino

14

26,0

Idade

 

 

16 a 20 anos

6

11,0

21 a 30 anos

36

66,0

31 a 40 anos

9

16,0

41 a 50 anos

4

7,0

Semestre da gradua��o

 

 

6� semestre

14

25,0

7� semestre

5

9,0

8� semestre

6

11,0

9� semestre

23

42,0

10� semestre

7

13,0

Possui outra gradua��o ou Curso t�cnico

 

 

Sim, curso t�cnico

11

20,0

N�o

2

4,0

Sim, gradua��o

42

76,0

Trabalha na �rea da sa�de

 

 

Sim

11

20,0

N�o

44

80,0

Total

55

100,0

Fonte: dados da pesquisa, 2020

Em rela��o a via intrad�rmica, verificou-se que a maioria dos entrevistados erraram as quest�es, sobre o volume m�ximo a ser administrado (48,1%), al�m disso, a maioria tamb�m errou sobre o �ngulo de inser��o 57,4% (Tabela 2).

Tabela 2: Distribui��o do conhecimento sobre a via intrad�rmica (n=55). Regi�o Norte de Mato Grosso, 2020

Questionamentos

n

%

IVC

A via intrad�rmica � indicada para testes de hipersensibilidade. Os locais s�o principalmente a face interna do antebra�o e a parte superior das costas, sendo o volume m�ximo a ser administrado de 0,1 a 1 ml.

 

 

 

Certo

21

38,9

0,38

Errado

26

48,1

0,48

N�o Sei

07

13,0

0,13

A via intrad�rmica, o �ngulo de inser��o deve ser 20� com o bisel voltado para cima e agulha de 13x4 mm ou 13x3,8 mm.

 

 

 

Certo

31

57,4

0,57

Errado

16

29,6

0,29

N�o sei

07

13,0%

0,13

Fonte: dados da pesquisa, 2020

Quanto a via intramuscular, 53,0% dos acad�micos erraram a quest�o sobre os locais de aplica��o e quantidade em mililitros que o m�sculo suporta e apenas 57,4% acertaram sobre a quest�o referente ao �ngulo de inser��o e posi��o do bisel (Tabela 3).

Tabela 3: Distribui��o do conhecimento sobre a via intramuscular(n=55). Regi�o Norte de Mato Grosso, 2020

Questionamentos

n

%

IVC

Os locais de aplica��o de medica��o intramuscular s�o os m�sculos: vasto lateral da coxa, ventro gl�teo, deltoide e dorso gl�teo, sendo o volume m�ximo de cada m�sculo em pacientes adultos de 5 ml.

 

 

 

 

Certo

26

47,0

0,48

 

Errado

25

46,0

0,46

 

N�o Sei

04

07,0

0,05

 

Na via intramuscular a posi��o da seringa e agulha s�o de um �ngulo de 90�, com o bisel lateralizado.

 

 

 

 

Certo

19

35,2

0,35

 

Errado

31

57,4

0,57

 

N�o sei

04

07,4

0,07

 

Fonte: dados da pesquisa, 2020

A respeito da via subcut�nea, a maioria dos participantes erraram sobre a dose e sensibilidade do tecido subcut�neo (55,6%), e sobre o local de aplica��o (85,2%) (Tabela 4).

Tabela 4: Distribui��o do conhecimento sobre a via subcut�nea (n=55). Regi�o Norte de Mato Grosso, 2020

Questionamentos

n

%

IVC

Na via subcut�nea s�o administradas pequenas doses (1 a 2 ml) de medicamentos hidrossol�veis, o tecido subcut�neo � sens�vel a solu��es irritantes e a grandes volumes de medicamentos.

 

 

 

Certo

30

55,6

0,55

Errado

18

33,3

0,33

N�o Sei

06

11,1

0,11

Os �nicos locais de aplica��o da inje��o subcut�nea s�o: face posterior externa do bra�o, abdome e a faces anteriores da coxa.

 

 

 

Certo

46

85,2

0,85

Errado

07

13,0

0,13

N�o sei

01

1,8

0,01

Fonte: dados da pesquisa, 2020

Contudo, referente ao conhecimento sobre a via endovenosa, a maioria dos acertos foi sobre o local de administra��o e acessos (87,0%) e sobre a finalidade dessa via de administra��o (90,7%) (Tabela 5).

Tabela 5: Distribui��o do conhecimento sobre a via endovenosa (n=55). Regi�o Norte de Mato Grosso, 2020

Questionamentos

n

%

IVC

A administra��o de medicamentos diretamente na corrente sangu�nea � realizada atrav�s de um acesso venoso perif�rico ou profundo.

 

 

 

Certo

47

87,0

0,87

Errado

04

7,4

0,07

N�o Sei

03

5,6

0,05

A finalidade de administra��o de medicamentos na corrente sangu�nea � uma absor��o r�pida com efeito imediato e/ou que n�o possua indica��o e formula��o para outra via de administra��o.

 

 

 

Certo

49

90,7

0,9

Errado

05

9,3

0,09

N�o sei

00

0,0

0,0

Fonte: dados da pesquisa, 2020

DISCUSS�O

Foi poss�vel observar que dos graduandos de enfermagem o g�nero feminino prevalece, com m�dia de idade entre 21 e 30 anos. Esses dados coincidem com o perfil da Enfermagem Brasileira que apresenta a predomin�ncia de mulheres e de jovens adultos.14 Estudo semelhante realizado em uma Faculdade Privada com 156 acad�micos de enfermagem em Niter�i (RJ), observou a predomin�ncia feminina com 115 participantes (73,7%) e demonstrou uma faixa et�ria de jovens e adultos, entre 18 e 41 anos.15

Ao analisar o conhecimento sobre medica��es parenterais, neste estudo os graduandos de enfermagem majoritariamente erraram as quest�es da via intrad�rmica, especialmente sobre os locais de aplica��o e a dose m�xima. Em um estudo realizado com 63 enfermeiras e cinco parteiras sobre a administra��o intrad�rmica de insulina identificou que 60,3% n�o utilizam as agulhas adequadas para essa t�cnica e ainda demonstrou desconhecimento sobre o volume da medica��o estudada, gerando maior risco de eventos adversos.16

Em sintonia, uma pesquisa feita com 332 Enfermeiros de um hospital de Amhara, na Eti�pia, identificou que 54,0% tiveram algum erro de administra��o de medicamentos e destes 70,5% cometeram erros na administra��o de medica��es parenterais, citando o erro de dose e via como um dos principais fatores, tais dados corroboram com este estudo ao demonstrar que o conhecimento sobre administra��o de medica��es parenterais permeia na enfermagem.17

O conhecimento correto a respeito dos locais de aplica��o, uso de agulhas e uso da t�cnica adequada � importante para uma assist�ncia segura, entre as alternativas que proporcionam melhor desempenho dos acad�micos de enfermagem s�o as aulas pr�ticas e simula��es real�sticas, que refletem de forma positiva uma melhor confian�a e aptid�o para administrar medica��es na via intrad�rmica, por n�o ser uma via de administra��o t�o rotineira e que pode cair no esquecimento pela falta de pr�tica.18

No presente estudo em rela��o as quest�es da via intramuscular apresentaram resultados insatisfat�rios (53,0%) quanto as regi�es que s�o realizadas a administra��o de medicamentos e volume m�ximo que o m�sculo que uma pessoa adulta suporta. Refor�a-se que os m�sculos utilizados na administra��o de medicamentos s�o o m�sculo ventro gl�teo, vasto lateral da coxa, dorso gl�teo e deltoide. Al�m disso, a escolha do material adequado e t�cnica correta, como agulha correta de acordo com a massa muscular do paciente, angula��o de 90� e lateraliza��o do bisel antes da administra��o, s�o realmente muito necess�rios, evitando complica��es e dor no paciente o que garante um atendimento de qualidade respeitando as t�cnicas e evitando poss�veis eventos adversos.19-20

Em um estudo realizado em Campina Grande (PB) com 55 profissionais de enfermagem, descreveu que eles apresentaram dificuldades na identifica��o dos riscos das regi�es, principalmente relacionado a anatomia (11 profissionais), volume das drogas (12) e contraindica��o dos medicamentos (18), apenas um profissional de enfermagem relatou n�o ter nenhuma dificuldade com a via intramuscular. Constata-se a import�ncia n�o s� da proped�utica e pr�tica cl�nica, como no tocante do bom conhecimento de anatomia para realiza��o da t�cnica de administra��o de medica��o IM com maior acur�cia.21

Quando analisados os erros e acertos dos graduandos de enfermagem em rela��o a via subcut�nea, constatou-se erro no tocante de (55,6%) em rela��o ao volume administrado e (88,2%) sobre as regi�es do corpo que s�o administradas medica��es.

O tecido subcut�neo � composto por tecido adiposo, extremamente sens�vel, contendo vasos sangu�neos, linf�ticos, gl�ndulas e nervos, e pelo fato de possuir vasos sangu�neos, torna-se uma via favor�vel para administra��es de medicamentos, que v�o ser absorvidos e transportados � macro circula��o. O volume administrado deve ser de 1 a 3 mL, ou no caso de hiperderm�clise com volumes maiores at� 1500 ml em 24h em pacientes idosos, cuidado domiciliar e ou em cuidados paliativos, percebe-se que a base do cuidado do profissional enfermeiro est� voltado n�o apenas para sala de aula mais sim com atualiza��o constante.22

A regi�o periumbilical e regi�o lateral do bra�o e da coxa s�o os locais mais utilizados para administrar medica��es subcut�neas, pelo f�cil acesso ao tecido conjuntivo frouxo, j� em rela��o a absor��o do medicamento ocorre de forma mais r�pida no abdome e mais lenta nos bra�os, coxas, �reas do quadril e n�degas.23

Um relato de experi�ncia baseado em quatro oficinas sobre terapia de infus�o de flu�dos na vida subcut�nea, realizado em um hospital privado em Niter�i e Rio de Janeiro, descreveu que a t�cnica apresentada na oficina pelos profissionais contrariava o aprendido em sala de aula, e que os profissionais de enfermagem muitas vezes necessitam de treinamento para utiliza��o adequada da via. Os volumes m�ximos, quando se utiliza a terapia de infus�o de fluidos por via subcut�nea, variam conforme o s�tio e a proposta terap�utica e ainda destacou que a maioria dos profissionais de enfermagem desconhecem todas as indica��es da via, fatos estes que convergem com o presente estudo.24

Foi observado que as quest�es da via endovenosa obtiveram a maioria dos acertos, apresentando os resultados satisfat�rios. Esse resultado � importante, considerando que a via endovenosa conseguimos infundir medicamentos de forma mais r�pida e com mecanismo de a��o mais sist�mico, principalmente solu��es que necessitam ser absorvidas rapidamente com a��o imediata.25

Em uma pesquisa realizada em uma Universidade p�blica de Goi�s com 73 acad�micos, verificou-se que 20,6% dos pesquisados vivenciaram erros de medica��o, onde apresentaram inseguran�a como o principal fator apontado nas vias de administra��o de medica��es intrad�rmicas e endovenosas, bem como 79,4% disseram que as pr�ticas laborais n�o foram suficientes; nota-se que estrat�gias, bem como � inser��o do acad�mico em pr�ticas laborais continuas se fazem necess�rias para que se possa evitar esse tipo de erro, melhorando habilidade do acad�mico. 21

Em um estudo realizado com acad�micos de enfermagem, observou que 29 (100%) afirmaram ter conhecimento te�rico e pr�tico referente a administra��o de medicamentos por via endovenosa e manuseio com os sistemas de infus�o, conhecimento muito importante, pois a via endovenosa � a principal via de administra��o de medicamentos al�m de ser a mais utilizada. 26

O estudo teve como limita��o a inclus�o de participantes de apenas duas institui��es de Ensino Superior de um munic�pio com caracter�sticas locais e culturais que restringem os resultados � regionalidade, al�m disso, obteve resist�ncia e desinteresse dos acad�micos de responder ao instrumento. No entanto, os resultados encontrados poder�o servir de alerta, e ainda serem utilizados com o objetivo de melhorar o conhecimento dos acad�micos de enfermagem sobre medica��es parenterais.

Esta pesquisa poder� contribuir para agregar mais conhecimento aos acad�micos de enfermagem, uma vez que a administra��o de medica��o � de compet�ncia da equipe de enfermagem com responsabilidade direta do enfermeiro. Destaca-se a necessidade de melhorias na promo��o do conhecimento dos graduandos, para que assim, possa gerar resultados mais satisfat�rios ap�s sua forma��o.

CONCLUS�O

Mediante o exposto, ressalta-se que os acad�micos de enfermagem possuem conhecimento insuficiente sobre as medica��es parenterais, denotando a necessidade de englobar mais conhecimento e evitando eventos adversos relacionados as medica��es parenterais. Para isso, os futuros profissionais enfermeiros devem executar as a��es de administra��o de medica��o com seguran�a e qualidade, livre de riscos de eventos adversos e poss�veis iatrogenias, percebe-se a necessidade de amplia��o de uma grade curricular mais forte, onde possam ser utilizadas as tecnologias virtuais, laborat�rios 3d, simula��es real�sticas, pr�ticas cl�nicas avan�adas e baseadas em evid�ncias, fortalecendo o conhecimento dos graduandos de enfermagem sobre a administra��o de medica��es parenterais, com vistas a uma forma��o mais s�lida.

Constatou-se que as maiores dificuldades dos acad�micos de enfermagem s�o relacionadas as vias subcut�nea, intrad�rmica e intramuscular, especialmente de volumes, local correto e t�cnica de administra��o segura. Sugere-se que sejam aplicadas tutorias, nivelamento, discuss�es cl�nicas, cartilhas orientativas, projetos integradores e a implementa��o de Protocolos Operacionais Padr�o poderiam ser essenciais para um melhor fortalecimento desta pr�tica assistencial em quest�o.

Destaca-se sobre a necessidade de novos estudos na �rea, com o objetivo de entender melhor as dificuldades na constru��o do conhecimento sobre medica��es parenterais, o que poder� contribuir na qualidade da assist�ncia prestada ao paciente, considerando que com essas informa��es os acad�micos de enfermagem poder�o ter acesso a conte�do imprescind�veis e aperfei�oarem a pr�tica ainda durante a gradua��o, na tentativa de evitar um poss�vel evento adverso posterior a forma��o acad�mica.

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Recebido em: 20/01/2022

Aceito em: 12/12/2022

Publicado em: 24/12/2022



[1] Faculdade do Norte de Mato Grosso (AJES). Guarat� do Norte, Mato Grosso (MT). Brasil (BR). E-mail: fabianarezer@hotmail.com ORCID: 0000-0002-8259-3625

[2] Faculdade do Norte de Mato Grosso (AJES). Guarat� do Norte, Mato Grosso (MT). Brasil (BR). E-mail: fabiana.rezer@ajes.edu.br ORCID: 0000-0001-8777-0769

[3] Faculdade do Norte de Mato Grosso (AJES). Guarat� do Norte, Mato Grosso (MT). Brasil (BR). E-mail: faustino_cfn@yahoo.com.br ORCID: 0000-0002-1272-9689

 

Como citar: Rezer F, Oliveira DNR, Faustino WR. Seguran�a do paciente na administra��o de medica��es parenterais: conhecimento de acad�micos de Enfermagem. J. nurs. health. 2022;12(3):e2212322245. DOI: https://doi.org/10.15210/jonah.v12i3.4609