ARTIGO ORIGINAL

Benef�cios da participa��o paterna no processo gestacional

Benefits of paternal participation in the gestational process

Beneficios de la participaci�n paterna en el proceso gestacional

Farias, Isadora Caroline;[1] Fiorentin, Luj�cia Felipes;[2] de Bortoli, Cleunir De F�tima Candido[3]

RESUMO

Objetivo: conhecer o processo de participa��o paterna durante o per�odo grav�dico na perspectiva das mulheres. M�todo: caracterizou-se por um estudo de campo de abordagem qualitativa e de car�ter descritivo. Participaram dez pu�rperas, prim�paras e mult�paras e os dados coletados por meio da t�cnica de entrevista semiestruturada, no per�odo de mar�o a abril de 2021. A an�lise ocorreu pela t�cnica de an�lise de conte�do tem�tica. Resultados: os resultados indicam que os benef�cios do apoio paterno no processo grav�dico, envolvem o apoio, a seguran�a e o empoderamento da mulher. Envolvimento do homem durante este per�odo, fortalece o v�nculo com a crian�a e reflete significativamente na sa�de do bin�mio m�e e filho. Conclus�es: a presen�a do companheiro durante esse processo, proporciona uma experi�ncia �nica e prazerosa na vida da mulher.

Descritores: Gravidez; Parto; Per�odo p�s-parto; Paternidade; Cuidado pr�-natal

ABSTRACT

Objective: to know the process of paternal participation during the pregnancy period from the perspective of women. Method: was characterized by a field study of qualitative and descriptive approach. Ten puerperal women, primiparous and multiparous women participated and the data collected through the semi-structured interview technique participated, from march to april 2021. The analysis was performed using the thematic content analysis technique. Results: the results indicate that the benefits of paternal support in the pregnancy process involve the support, safety and empowerment of women. Involvement of the man during this period, strengthens the bond with the child and significantly reflects on the health of the mother and child binomial. Conclusions:� the presence of the companion during this process, provides a unique and pleasurable experience in the woman's life.

Descriptors: Pregnancy; Childbirth; Postpartum period; Paternity; Prenatal care

RESUMEN

Objetivo: conocer el proceso de participaci�n paterna durante el periodo de embarazo desde la perspectiva de la mujer. M�todo: se caracteriz� por un estudio de campo de abordaje cualitativo y descriptivo. Participaron diez mujeres pu�rperas, prim�paras y multipar�ceas y participaron los datos recogidos a trav�s de la t�cnica de entrevista semiestructurada, de marzo a abril 2021. El an�lisis se realiz� mediante la t�cnica de an�lisis de contenido tem�tico. Resultados: los resultados indican que los beneficios del apoyo paterno en el proceso de embarazo implican el apoyo, la seguridad y el empoderamiento de las mujeres. La participaci�n del hombre durante este per�odo, fortalece el v�nculo con el ni�o y se refleja significativamente en la salud del binomio madre e hijo. Conclusi�n: la presencia del acompa�ante durante este proceso, proporciona una experiencia �nica y placentera en la vida de la mujer.

Descriptores: Embarazo; Parto; Periodo posparto; Paternidad; Atenci�n prenatal

INTRODU��O

A gesta��o � um dos momentos mais marcantes da vida de uma mulher. Mesmo com todas as altera��es corporais e hormonais que ocorrem no seu corpo durante a gesta��o e o puerp�rio, h� uma adapta��o da mulher junto com seu parceiro, tendo em vista que essas mudan�as influenciam na vida dos dois.1

A gravidez traz um conjunto de emo��es, de atitudes, de preocupa��es, de novas experi�ncias, de transforma��es e o medo do desconhecido � a parte mais dif�cil do processo. Com isso, a mulher tende a se tornar prisioneira de pensamentos negativos, questionamentos e d�vidas em rela��o � sua capacidade. Esses pensamentos podem atrapalhar esse momento, deixando de ser prazeroso e tornando a maternidade complicada.2

A vida de um casal se transforma com a descoberta de uma gesta��o. Al�m das mudan�as emocionais e fisiol�gicas da mulher, o pai tamb�m passa por mudan�as. Esse processo pode causar desequil�brio no relacionamento, tornando o momento muito mais delicado. Por�m, quando h� uma participa��o ativa do homem, nos cuidados pr�-natais, a gestante tende a se sentir amparada, segura, apoiada e, at� mesmo, empoderada para o parto, o que torna o processo do puerp�rio mais f�cil, tendo em vista que as mudan�as fisiol�gicas, hormonais e de amamenta��o exigem muito da gestante.2-3

O envolvimento do homem no processo grav�dico-puerperal, ocasiona um despertar de sentimentos para a mulher e at� mesmo para o companheiro. As emo��es vividas no per�odo acarretam rea��es de carinho e afeto entre o casal, � um momento singular na vida do homem e da mulher. A gestante percebe a necessidade do apoio do companheiro que, por sua vez, torna-se excepcional. Os reflexos desta presen�a ocasionam o fortalecimento de elos familiares e afetuosos entre o casal, apresentando um emaranhado de sentimentos, al�m da cria��o do v�nculo extempor�neo entre pai e filho.4

A participa��o paterna no processo grav�dico puerperal, est� amparada pela legisla��o e � estimulada atrav�s das pol�ticas p�blicas de assist�ncia materna e infantil. Conhecida como Lei do Acompanhante, a Lei Federal n� 11.108 de 07 de abril de 2005, assegura � gestante o direito de um acompanhante, tanto na rede p�blica quanto na rede privada, durante todo o per�odo de trabalho de parto e no p�s-parto. A Lei determina que este acompanhante seja indicado pela gestante, podendo ser o pai do beb�, o parceiro atual, a m�e, amigos ou outra pessoa de sua escolha.5

Na Consolida��o das Leis do Trabalho (CLT) tamb�m existe o amparo da figura paterna, na justificativa de falta ao trabalho para acompanhamento puerperal, assegurando at� dois dias para acompanhar sua esposa ou companheira, em consultas m�dicas e exames durante a gesta��o.6

A participa��o paterna no ciclo grav�dico-puerperal traz muitos benef�cios para o desenvolvimento do la�o m�e/pai/beb� e atua de forma muito positiva em rela��o � conviv�ncia familiar, consequentemente fortalecendo a rela��o entre o casal. Al�m de aumentar o envolvimento nos cuidados direcionados ao beb� ap�s o seu nascimento, distribuindo de forma equitativa as atividades e responsabilidades quanto a cria��o dos filhos, rompendo assim um paradigma cultural, construindo uma sociedade mais justa na perspectiva da igualdade de g�nero.7

Diante do exposto, o presente teve como objetivo conhecer o processo de participa��o paterna durante o per�odo grav�dico, na perspectiva das mulheres.

MATERIAIS E M�TODO

Trata-se de um estudo de campo, com abordagem qualitativa, de car�ter descritivo.8 Para a descri��o do m�todo, utilizou-se de alguns crit�rios dispostos no guia Consolidated Criteria For Reporting Qualitative Research (COREQ), em sua vers�o em portugu�s falado no Brasil.9

A abordagem das participantes foi realizada em uma cl�nica m�dica refer�ncia na assist�ncia � sa�de da mulher, no munic�pio de Pato Branco, no Estado do Paran�. O recrutamento ocorreu por conveni�ncia, sendo convidadas aquelas que estavam vivenciando o puerp�rio imediato assistidas pela cl�nica, no per�odo da pesquisa. Participaram do estudo dez mulheres, todas as convidadas a participarem do estudo foram aceitas e inclu�das na pesquisa. Utilizou-se como crit�rio de inclus�o: ser pu�rperas com idade acima de 18 anos, sendo prim�paras e mult�paras, independentemente do tipo de parto, assistidas por conv�nios ou particulares. Como crit�rio de exclus�o: mulheres estrangeiras devido a barreira lingu�stica e ind�genas.

A coleta de dados foi realizada no primeiro semestre de 2021, seguindo um roteiro elaborado pelas pr�prias pesquisadoras, que contemplou duas etapas: a primeira relacionada a caracteriza��o das participantes, com informa��es acerca do contexto socioecon�mico e hist�rico obst�trico; a segunda etapa versou sobre quest�es relacionadas aos objetivos do estudo, sendo elas: Seu companheiro conseguiu participar com voc� nesse processo? Se n�o, por qu�? Como foi para voc� a participa��o paterna durante toda sua gesta��o? Comente sobre os direitos que voc� e seu acompanhante possuem em rela��o ao acompanhamento gestacional? Como a equipe que estava lhe acompanhando incentivou a participa��o do companheiro/pai? Voc� acha que algum fator cultural pode ter influenciado no seu autocuidado e no cuidado ao rec�m-nascido em rela��o ao cuidado do companheiro/pai? Durante este processo, qual foi o momento mais marcante para voc�?

As entrevistas foram gravadas, com a autoriza��o pr�via das participantes, seguindo uma orienta��o de Minayo, possibilitando assim, uma maior fidedignidade dos dados. A coleta de dados foi realizada atrav�s da plataforma Zoom, numa sala reservada que assegurou a privacidade e o conforto das participantes. As pu�rperas receberam o convite atrav�s de um link mandado via WhatsApp.8

A an�lise dos dados ocorreu por meio da t�cnica de an�lise de conte�do tem�tica, pela proposta operativa. A t�cnica � caracterizada por dois momentos operacionais: a fase explorat�ria e a fase interpretativa. Na fase explorat�ria, s�o tratadas as caracteriza��es fundamentais de dados constru�dos, constituindo um mapeamento geral dos dados previamente investigados.8

No segundo momento operacional, buscou-se, atrav�s dos relatos das participantes, os sentidos. Esta fase apresentou-se em duas etapas: a ordena��o dos dados, em que se incluiu a transcri��o do material, a releitura e organiza��o dos dados coletados em determinada ordem; e sua classifica��o, na qual se realizou a leitura horizontal e exaustiva dos textos, e leitura transversal, fazendo um recorte do material coletado, separando-os por temas e partes semelhantes, buscando conex�es. Posteriormente foram analisadas e discutidas com a literatura.8

Esse estudo seguiu as normas preconizadas pela Resolu��o n� 466/2012, do Conselho Nacional de Sa�de, relativa � pesquisa envolvendo seres humanos. Obteve a aprova��o do Comit� de �tica em Pesquisa, sob o Certificado de Apresenta��o para Aprecia��o �tica 66879317.6.0000.0116. Foi assegurado o sigilo e anonimato das participantes, identificando-as por um sistema alfanum�rico, composto pela letra P (pu�rpera), seguido de um numeral.

RESULTADOS

Participaram do estudo dez pu�rperas, entre elas prim�paras e mult�paras, com idade entre 21 e 33 anos. Com rela��o ao estado civil uma delas era solteira; cinco, casadas e quatro estavam em uni�o est�vel. Em rela��o � escolaridade, uma com o ensino m�dio incompleto, quatro com o ensino m�dio completo, duas com superior completo, duas com especializa��o e uma com mestrado. A renda familiar das entrevistadas esteve entre um e quinze sal�rios-m�nimos (com base no ano vigente � 2021).

No que concerne aos tipos de parto, oito foram partos vaginais e duas foram cesarianas, com sete gesta��es planejadas e tr�s n�o planejadas. Entre elas, foram estratificadas desde o risco habitual ao alto risco, seis n�o participaram de grupos educativos e quatro participaram. Todas realizaram acompanhamento pr�-natal.

Analisando os relatos das participantes, constatou-se com clareza os benef�cios sentidos por elas. O apoio foi fundamental, e isso variou de acordo com cada casal. No parto, o papel paterno foi de compreens�o pelo momento �nico que a mulher estava passando, pelas dores que ele jamais vai sentir, consequentemente fornecendo seguran�a nesse processo t�o turbulento.�

Compreendeu-se o envolvimento paterno e os benef�cios como um conjunto. O apoio paterno � ben�fico n�o s� para a gestante, mas para a equipe que est� acompanhando o casal, onde a uni�o dos dois faz o processo grav�dico ser mais f�cil e mais prazeroso. Quando uma gestante sabe que tem sua rede de apoio, consequentemente empodera-se mais, sabendo que tem algu�m ali apoiando suas escolhas.

Conforme relataram as pu�rperas:

A gente se sente segura, a gente n�o sabe como vai ser [...], sabendo que pelo menos a gente vai poder descansar e ele vai cuidar da nen�, essa era minha preocupa��o, que ele tivesse l� pra cuidar da beb�. (P2)

Na hora do nascimento, pelo fato do meu esposo estar ali ao meu lado porque na outra ele n�o estava, ele trouxe o Jo�o ali para mim ver que eu fiquei mais emocionada, mais feliz. (P3)

Foi muito importante eu ter o apoio dele, principalmente com a escolha de eu fazer o parto porque a gente se sente muito insegura em v�rios aspectos durante a gesta��o e voc� tendo seu companheiro te acompanhando e dando for�a e te encorajando � muito importante, foi o mais importante pra [sic.] mim durante a gesta��o ter o apoio dele. (P4)

E o momento mais lindo que me marcou foi quando ele fez tudo e mais um pouco do que eu imaginei que ele faria, quando ele cortou o cord�o umbilical foi m�gico. Ele acreditar na minha for�a e n�o deixar eu desistir foi essencial para meu parto ser o momento mais lindo da minha vida. (P9)

A participa��o do pai precisa come�ar ainda antes do beb� nascer. Ele deve acompanhar a mulher nas consultas de pr�-natal, tirar suas d�vidas, conhecer a equipe que assistir� o trabalho de parto e o parto e, depois, os profissionais que ir�o acompanhar o desenvolvimento da crian�a.

Sabe-se o quanto � importante demonstrar que o v�nculo com a crian�a inicia ainda na gesta��o, incentivando que o pai converse com o beb�. Isso vai fazer com que o feto se acostume com aquela voz e reconhe�a mais f�cil a voz paterna ap�s o nascimento. Sem falar que o gesto trar� boas sensa��es para a gestante, que passa isso diretamente para o filho.

A participa��o do pai nos cuidados e rotina com a crian�a como, por exemplo, trocar fraldas, dar banho e ninar o beb�, s�o outros exemplos de fortalecimento de la�os entre a mulher e o companheiro e entre a crian�a e os pais. Essas s�o tarefas que podem ser divididas com o pai, n�o mais como obriga��o apenas da m�e, consequentemente refletindo positivamente no conv�vio do casal, como observamos nos relatos a seguir:

� bem importante que o pai esteja presente em todos os momentos mesmo, porque eu noto que eles criam um v�nculo maior quando eles participam de todas as etapas do processo tanto antes do parto quanto durante o parto e ap�s, por que os la�os, a gente j� come�a a desenvolver durante a gesta��o. (P7)

Eu at� comentei com ele que se n�o fosse ele l�, eu tinha desistido. (P9)

Na nossa fam�lia a gente tem essa coisa do pai ser participativo, ajudar nos cuidados do beb� tamb�m, n�o ser s� a m�e que cuida. (P4)

� cultural sim que a m�e tenha apoio da sua pr�pria m�e ou at� de outras mulheres e n�o do pai do beb�, que o pai n�o ajude a cuidar do beb� e da casa, ainda mais no puerp�rio onde a mulher est� l� toda perdida, virada. O que acabou influenciando no meu autocuidado e do beb�. (P8)

� uma quest�o de acordo como a pessoa, quais os est�mulos e o tipo de educa��o que recebe ao longo da vida interferem como ela vai se posicionar na situa��o. (P7)

Evidencia-se assim, a diferen�a na constru��o de v�nculos, quando existe a participa��o paterna durante a gesta��o, mostrando que a fase mais dif�cil acaba se tornando a volta ao trabalho do pai, pelo fato dele ser participativo e ajudar em todas as tarefas. Isso refor�a a import�ncia dessa inser��o do pai no processo grav�dico e puerperal, trazendo muitos benef�cios para o casal e podendo evitar problemas relacionados � sa�de integral da pu�rpera.

Segundo as entrevistadas:

Uma das coisas negativas foi quando o papai voltou a trabalhar. Ficou muito dif�cil porque o Saulo � muito participativo n�, ele me ajudou bastante enquanto ele estava em casa, agora em casa ele ajuda muito n�o preciso nem mandar, ele j� sabe o que tem que ser feito. A gente est� numa gera��o onde se entende que o homem tem que fazer isso n�, � uma obriga��o paterna, � o papel dele tamb�m. (P4)

Ele sempre foi bem parceiro. (P9)

Foi muito importante, eu me senti mais segura, mas sabendo que eu poderia contar com ele. (P10)

� muito importante que o pai entenda que o papel do homem � fundamental em todas as etapas da gravidez. O seu envolvimento possibilitar� a ele conhecimento para compreender melhor cada fase que sua mulher vem passando. Sempre que poss�vel, � necess�rio que ele participe das consultas de pr�-natal, tire suas d�vidas e demonstre interesse. Isso proporciona maior seguran�a � mulher, satisfa��o em rela��o ao per�odo gestacional e feliz pelo engajamento do parceiro neste momento �mpar da vida dos dois.

DISCUSS�O

� de grande import�ncia a forma��o do elo entre a m�e-pai-filho desde a gesta��o, ao considerar que a presen�a mais ativa do pai encoraja a m�e, al�m de se caracterizar como um aspecto positivo para o sucesso do parto. A import�ncia do envolvimento paterno, de acordo com as especificidades e as expectativas de cada um, contribui para melhorar a liga��o emocional com o filho, com repercuss�es positivas para o casal e para a sociedade.10

Nessa perspectiva, compartilhar esse momento do parto e nascimento e contar com a parceria do companheiro, podem ser aspectos facilitadores do trabalho de parto para a parturiente. Estudos revelam que os pais procuram manter a calma durante o trabalho de parto por acreditarem que, permanecendo assim, transmitem seguran�a �s suas esposas e companheiras. Tamb�m valorizaram o momento do parto e ofereceram ajuda � mulher.10

A presen�a do pai durante todo o processo gestacional e trabalho de parto, promove seguran�a e encorajamento na mulher. A presen�a do companheiro � considerada como fonte de apoio a mulher durante o per�odo gestacional e de puerp�rio, proporcionando um sentimento de seguran�a, contribuindo para um processo mais r�pido e seguro de parto, reduzindo a interven��es durante a assist�ncia ao trabalho de parto e parto. Al�m do mais, revela-se como importante aspecto na promo��o da sa�de materna e infantil.11-12

Corroborando com isso, os autores evidenciaram em seus estudos, os benef�cios diretos � m�e, que podem contribuir para o relacionamento do casal, al�m de fortalecer os la�os familiares, independente do �mbito sociocultural em que a fam�lia est� inserida. Os autores frisam ainda, a import�ncia da inser��o do pai durante todo o processo gestacional.13

A Organiza��o Mundial da Sa�de, apresenta em suas diretrizes, a necessidade de apoiar as mulheres e rec�m-nascidos no per�odo p�s-natal. Entre suas recomenda��es, est� o incentivo ao envolvimento do parceiro, presente durante as consultas, e apoiando � mulher nos cuidados com o cuidar do rec�m-nascido.14

� importante ressaltar que os pap�is de g�nero v�m sofrendo uma transforma��o gradualmente, emergindo novos conceitos sobre pai/paternidade e suas varia��es, apesar de n�o houver uma mudan�a completa em rela��o ao modelo tradicional, pais t�m buscado participar do per�odo gestacional de modo mais presente, com isso criando v�nculos com o beb� desde o �tero, compartilhando viv�ncias e emo��es maternas, e as tarefas di�rias e dom�sticas destinadas at� h� pouco exclusivamente � mulher.15

Mesmo reconhecendo que no contexto da aten��o pr�-natal, na maioria dos servi�os de sa�de h� uma invisibilidade da figura paterna, o enfermeiro tem a fun��o de amplificar a participa��o do homem. Inciativas como o pr�-natal masculino, promovem o envolvimento dos mesmos neste contexto de cuidado, onde al�m de favorecer a sa�de da mulher e da crian�a, reflete sobre o cuidado com a sua pr�pria sa�de.16

A demonstra��o de sentimentos afetivos pela fam�lia e pelo cuidado com os filhos revelam uma vis�o de paternidade que come�a a romper com o papel tradicional dos pais. O desejo desses pais de viver uma rela��o de carinho permite que experimentem novas rela��es com seus filhos e estabele�am conex�es emocionais que ser�o favor�veis � concretiza��o dos v�nculos familiares.10

Neste contexto da parturi��o, envolto de muitos sentimentos vivenciados pelo casal, destaca-se a import�ncia da equipe de enfermagem, estimulando cada vez mais a presen�a do pai como acompanhante na sala de parto, esclarecendo como estes podem ajudar de forma ativa no nascimento do filho e como a sua presen�a beneficiar� todo o processo de parto.11

CONSIDERA��ES FINAIS

� evidente que a import�ncia da inser��o do pai/companheiro no processo grav�dico, representa in�meros benef�cios para o casal, fam�lia, rec�m-nascido e a mulher.� A presen�a do seu companheiro durante todo esse processo traz sentimentos de seguran�a, apoio, confian�a, amparo tornando esse momento uma experi�ncia �nica e prazerosa.

Com amparo na legisla��o, sem preju�zos financeiros, o estudo refor�a a import�ncia da presen�a do pai/companheiro nas consultas de pr�-natal e parto. No per�odo do puerp�rio, a sua participa��o nos cuidados com a pu�rpera e com o rec�m-nascido, auxiliando nas atividades dom�sticas, participando dos cuidados com o rec�m-nascido e amparo na amamenta��o, melhora o enfrentamento das dificuldades vividas neste momento, prevenindo uma depress�o p�s-parto.

Com a an�lise dos resultados deste estudo, pode-se observar a participa��o do companheiro no processo grav�dico e puerperal, reflete diretamente na sa�de materna e infantil. Os resultados obtidos podem sensibilizar os profissionais envolvidos com a aten��o pr�-natal e beneficiar outros casais/fam�lias, atrav�s de uma assist�ncia de qualidade, promovendo esse envolvimento em todo o processo gestacional e de puerp�rio.

No contexto de aten��o ao pr�-natal, o enfermeiro como membro da equipe de sa�de, tanto na rede p�blica quanto na rede privada, possui papel fundamental no incentivo e promo��o da participa��o paterna, visando todos os benef�cios para o bem-estar do bin�mio m�e-filho e da integralidade da aten��o � sa�de do homem.

Como poss�veis limita��es do estudo, considera-se o fato da investiga��o ter abordado apenas mulheres assistidas pela rede privada, retratando uma realidade onde a participa��o paterna e o envolvimento do parceiro, est�o favorecidos.

Entre as contribui��es para a pr�tica profissional, o estudo possibilitar� uma reflex�o dos enfermeiros envolvidos com a assist�ncia pr�-natal, quanto ao incentivo da participa��o paterna durante o pr�-natal e no puerp�rio, proporcionando maior seguran�a e conforto para a mulher.

REFER�NCIAS

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Recebido em: 16/02/2022

Aceito em: 28/09/2023

Publicado em: 02/10/2023



[1] Centro Universit�rio de Pato Branco (UNIDEP). Pato Branco, Paran� (PR). Brasil (BR). E-mail: dorabela98@hotmail.com ORCID: http://orcid.org/0000-0001-7339-2357

[2] Centro Universit�rio de Pato Branco (UNIDEP). Pato Branco, Paran� (PR). Brasil (BR). E-mail: lujacia.fiorentin@unidep.edu.br ORCID: http://orcid.org/0000-0001-6635-7684

[3] Centro Universit�rio de Pato Branco (UNIDEP). Pato Branco, Paran� (PR). Brasil (BR). E-mail: cleunir_candido@hotmail.com ORCID: http://orcid.org/0000-0002-1266-5267

 

Como citar: Farias IC, Fiorentin LF, de Bortoli CFC. Benef�cios da participa��o paterna no processo gestacional. J. nurs. health. 2023;13(1):e13122369. DOI: https://doi.org/10.15210/jonah.v13i1.22369