Estratifica��o de risco de pacientes com Diabetes Mellitus acompanhados na sa�de suplementar
Risk stratification of patients with Diabetes Mellitus accompanied in supplementary health
Estratificaci�n de riesgo de pacientes con Diabetes Mellitus acompa�ada de salud complementaria
Fran�a, Thayna Cristina;[1] Gouvea, Pollyana Bortholazzi;[2] Kersten, Mayara Ana da Cunha;[3] Munaro, Clarice Aparecida;[4] Rangel, Rita de Cassia Teixeira[5]
RESUMO
Objetivo: analisar estratifica��o de risco para complica��es provenientes do Diabetes Mellitus em pacientes acompanhados na sa�de suplementar. M�todo: estudo descritivo, realizado por meio da aplica��o de um question�rio estruturado cujos participantes foram usu�rios com Diabetes Mellitus que frequentam uma cl�nica privada. Os dados foram analisados atrav�s de estat�stica descritiva. Pesquisa aprovada sob parecer: 4.959.698. Resultados: totalizaram 100 usu�rios, dos quais, 37,0% eram do sexo masculino. Quanto a estratifica��o de risco, 60,0% dos pacientes obtiveram classifica��o como �m�dio risco� para desenvolvimento de complica��es. Conclus�o: por meio da estratifica��o de risco dos pacientes, foi poss�vel identificar os diferentes graus de riscos que corroboram no desenvolvimento de complica��es da Diabetes Mellitus, contribuindo para a formula��o dos par�metros de cuidado, baseados na individualidade de cada grupo estratificado, auxiliando na efetividade das a��es desenvolvidas.
Descritores: Diabetes mellitus; Complica��es do diabetes; Perfil de sa�de
ABSTRACT
Objective: to analyze the risk stratification for complications from Diabetes Mellitus in patients monitored by supplementary health. Method: descriptive study, carried out through the application of a structured questionnaire whose participants were users with Diabetes Mellitus who attend a private clinic. Data were analyzed using descriptive statistics. Research approved under opinion: 4,959,698. Results: totaled 100 users, of which 37.0% were male. As for risk stratification, 60.0% of patients were classified as �medium risk� for developing complications. Conclusion: through the risk stratification of patients, it was possible to identify the different degrees of risks that corroborate the development of complications of Diabetes Mellitus, contributing to the formulation of care parameters, defined based on the individuality of each stratified group, helping in the effectiveness of the actions developed.
Descriptors: Diabetes mellitus; Diabetes complications; Health profile
RESUMEN
Objetivo: analizar la estratificaci�n de riesgo de complicaciones de la Diabetes Mellitus en pacientes seguidos por la salud complementaria. M�todo: estudio descriptivo, realizado mediante la aplicaci�n de un cuestionario estructurado cuyos participantes fueron usuarios con Diabetes Mellitus que acuden a una cl�nica privada. Los datos fueron analizados utilizando estad�stica descriptiva. Investigaci�n aprobada bajo dictamen: 4.959.698. Resultados: totalizaron 100 usuarios, de los cuales el 37,0% eran hombres. En cuanto a la estratificaci�n de riesgo, el 60,0% de los pacientes fueron clasificados como de �riesgo medio� para desarrollar complicaciones. Conclusi�n: a trav�s de la estratificaci�n de riesgo de los pacientes, fue posible identificar los diferentes grados de riesgo que corroboran el desarrollo de complicaciones de la Diabetes Mellitus, contribuyendo para la formulaci�n de par�metros de atenci�n, definidos a partir de la individualidad de cada grupo estratificado, auxiliando en la eficacia de las acciones desarrolladas.
Descriptores: Diabetes mellitus; Complicaciones de la diabetes; Perfil de salud
INTRODU��O
A Diabetes Mellitus (DM) tem sido considerada nos �ltimos anos um grave problema de sa�de p�blica devido a sua incid�ncia e preval�ncia, por exemplo, no ano de 2017, foi estimado que 425 milh�es de pessoas no mundo possu�am DM, destas 79% viviam em pa�ses em desenvolvimento. Se as tend�ncias persistirem o n�mero estimado de pessoas com DM em 2045 ser� superior a 628,6 milh�es.1-2
Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS),3 estima-se que a glicemia elevada � o terceiro fator de import�ncia de causa da mortalidade prematura, superada apenas por press�o arterial aumentada e uso do tabaco. Al�m de que, a DM est� entre a quarta e oitava principal causa b�sica de �bito, ademais, frequentemente � omitida pelo fato de suas complica��es, principalmente as cardiovasculares, se configurarem como a causa de �bito.
Dessa forma, ressalta-se a import�ncia do tratamento adequado da DM com mudan�as no comportamento relacionado a alimenta��o saud�vel, redu��o de peso, monitoriza��o dos n�veis glic�micos e realiza��o de atividade f�sica, juntamente com a terapia medicamentosa baseada no uso de antidiab�ticos orais ou insulina para o adequado tratamento e preven��o de suas complica��es.4-5
Sob esta l�gica, estratificar o risco significa reconhecer que diferentes pessoas portadoras de uma mesma doen�a t�m diferentes graus de riscos ou vulnerabilidades que corroboram no desenvolvimento de complica��es. Sendo assim, tais indiv�duos possuem diferentes necessidades de estrat�gias de preven��o, por meio da identifica��o das gradua��es do risco como baixo, m�dio e alto. Assim, torna-se poss�vel delinear e planejar a��es de preven��o baseadas na equidade da demanda dos indiv�duos.6 Isto posto, o presente estudo tem objetivo de analisar estratifica��o de risco para complica��es provenientes do DM em pacientes acompanhados na sa�de suplementar.
MATERIAIS E M�TODO
Trata-se de um estudo descritivo do tipo observacional de abordagem quantitativa, cuja escrita foi norteada pelas diretrizes Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE).
A pesquisa foi realizada em uma cl�nica de sa�de privada do munic�pio de Itaja�, Santa Catarina que presta atendimento e acompanhamento por meio de consultas presenciais e/ou por atendimento remoto, via teleconsulta. Fizeram parte do presente estudo todas as pessoas diagnosticadas com DM e, para fins de c�lculo a amostral, considerou-se um Intervalo de Confian�a de 95%, sem perdas amostrais, correspondendo a um n�mero m�nimo de 80 pessoas. Nesta pesquisa, o n�mero de participantes superou o m�nimo proposto pelo c�lculo amostral. A amostragem foi aleat�ria simples, tendo como crit�rio de inclus�o: ter diagn�stico confirmado de DM, fazer uso de medica��es, fazer acompanhamento na cl�nica de sa�de suplementar. O per�odo de coleta foi em setembro de 2021.
A cada participante foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e, ap�s o aceite em participar da pesquisa, foi entregue aos participantes um question�rio estruturado, elaborado pelas pesquisadoras com perguntas fechadas relacionadas as vari�veis sociodemogr�ficas, cl�nicas e terap�uticas.
Para a estratifica��o de risco, utilizou-se instrumento7 que � constitu�do de oito fatores com pontua��o de zero, um, dois, tr�s ou quatro, dependendo do fator presente, os quais somados ao final, indicam o grau de risco de complica��es decorrentes do DM, a saber, de dois a tr�s pontos - baixo risco; de quatro a sete pontos - m�dio risco e de oito a 13 pontos - alto risco.
Os dados foram tabulados em planilha do Excel for Windows, e posteriormente foram analisados por meio de estat�stica descritiva, utilizando-se de frequ�ncias relativas e absolutas para apresenta��o dos resultados. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comit� de �tica e Pesquisa da Universidade do Vale do Itaja� sob o parecer de n.� 4.959.698.
RESULTADOS
Participaram da pesquisa 100 pacientes com DM que frequentam a cl�nica privada de sa�de. A caracteriza��o dos participantes est� apresentada na Tabela 1.
Tabela 1: Distribui��o dos participantes quanto as caracter�sticas sociodemogr�ficas, por sexo. Itaja�-SC, 2021. n=100
Vari�veis |
Sexo |
|||
Masculino |
Feminino |
|||
N |
% |
N |
% |
|
Idade |
|
|
|
|
20-30 anos |
00 |
0,0 |
02 |
3,2 |
31-40 anos |
03 |
8,1 |
07 |
11,1 |
41-50 anos |
06 |
16,2 |
05 |
8,0 |
51-60 anos |
10 |
27,0 |
12 |
19,0 |
61-70 anos |
09 |
24,3 |
20 |
31,7 |
71-80 anos |
08 |
21,7 |
12 |
19,0 |
81-90 anos |
01 |
2,7 |
05 |
8,0 |
IMC |
||||
18,5- 24,9 (adequado) |
04 |
10,8 |
11 |
17,5 |
25,0 - 29,9 (pr�-obeso) |
11 |
29,7 |
17 |
27,0 |
30,0 - 34,9 (obesidade grau 1) |
17 |
46,0 |
23 |
36,5 |
35,0 -39,9 (obesidade grau 2) |
02 |
5,4 |
06 |
9,5 |
>=40 (obesidade grau 3) |
03 |
8,1 |
06 |
9,5 |
Ra�a |
|
|
|
|
Negra |
00 |
0,0 |
03 |
4,8 |
Parda |
05 |
13,5 |
00 |
0,0 |
Branca |
32 |
86,5 |
60 |
95,2 |
Escolaridade |
|
|
|
|
Ensino fundamental incompleto |
06 |
16,2 |
16 |
25,4 |
Ensino fundamental completo |
03 |
8,1 |
09 |
14,3 |
Ensino m�dio incompleto |
01 |
2,7 |
03 |
4,8 |
Ensino m�dio completo |
09 |
24,3 |
10 |
15,9 |
Ensino superior |
18 |
48,7 |
24 |
38,1 |
Ensino superior incompleto |
00 |
0,0 |
01 |
1,5 |
Tipo de DM |
|
|
||
Tipo 1 |
02 |
5,4 |
01 |
1,6 |
Tipo2 |
35 |
94,6 |
62 |
98,4 |
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.
A an�lise da compara��o entre os sexos, verificou-se a preval�ncia da faixa et�ria de 51-60 anos (27,0%) no sexo masculino e 61-70 anos (31,7%) no sexo feminino. Com rela��o ao IMC observa-se uma paridade nos sexos na classifica��o em 30,0-34,9, configurando obesidade grau 1 (45,9% e 36,5%, no sexo masculino e feminino, respectivamente).
Em rela��o �s informa��es relacionadas ao DM, a Tabela 2 apresenta as caracter�sticas cl�nicas dos participantes da pesquisa.
Tabela 2: Distribui��o dos participantes quanto as caracter�sticas cl�nicas relacionadas ao DM. Itaja�-SC, 2021. n=100
Vari�veis |
n |
% |
Tempo de diagn�stico |
||
Menos de 1 ano |
06 |
6,0 |
1-5 anos |
20 |
20,0 |
6-10 anos |
28 |
28,0 |
Mais de 10 anos |
46 |
46,0 |
Medicamentos |
||
Antidiab�ticos orais |
82 |
82,0 |
Insulina |
03 |
3,0 |
Antidiab�ticos orais e insulina |
15 |
15,0 |
Tratamento N�o medicamentoso |
||
Dieta |
49 |
51,0 |
Exerc�cio f�sico |
47 |
49,0 |
Tipos de Exerc�cios f�sicos |
||
Caminhada |
28 |
59,6 |
Muscula��o |
06 |
12,8 |
Corrida |
02 |
4,2 |
Nata��o |
01 |
2,1 |
Outros* |
10 |
21,3 |
Frequ�ncia |
|
|
1-2x na semana |
15 |
31,9 |
3-4x na semana |
20 |
42,6 |
>5x na semana |
12 |
25,5 |
IMC |
||
18,5- 24,9 (adequado) |
15 |
15,0 |
25,0 - 29,9 (pr�-obesidade) |
28 |
28,0 |
30,0 - 34,9 (obesidade grau 1) |
40 |
40,0 |
35,0 - 39,9 (obesidade grau 2) |
08 |
8,0 |
>=40 (obesidade grau 3) |
09 |
9,0 |
*Outros: se refere a pr�ticas esportivas combinadas, por exemplo, muscula��o + caminhada ou corrida + surf e assim por diante.
Fonte: dados da pesquisa, 2021.
A partir dos resultados apresentados, pode-se verificar a preval�ncia do sexo feminino, da faixa et�ria de 61 a 70 anos, autodeclarados brancos, com ensino superior completo, e renda familiar maior que quatro sal�rios-m�nimos. Com rela��o �s vari�veis da doen�a, a preval�ncia obtida foi do DM tipo 2, predom�nio de hist�rico familiar da DM e m�dio risco para complica��es decorrentes do DM. Assim, tais achados ser�o discutidos adiante.
Tabela 3: Distribui��o dos participantes conforme estratifica��o de risco para complica��es do DM, conforme sexo. Itaja�-SC, 2021. n=100
Estratifica��o de risco |
Sexo |
|
|
|||
Masculino |
Feminino |
Total |
||||
n |
% |
n |
% |
N |
% |
|
0-1 (sem classifica��o) |
01 |
2,7 |
05 |
7,9 |
06 |
6,0 |
2-3 (baixo) |
07 |
18,9 |
18 |
28,6 |
25 |
25,0 |
4-7 (m�dio) |
26 |
70,3 |
34 |
54,0 |
60 |
60,0 |
8-13 (alto) |
03 |
8,1 |
06 |
9,5 |
09 |
9,0 |
Total |
37 |
100,0 |
63 |
100,0 |
100 |
100,0 |
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.
DISCUSS�O
Quando comparadas as caracter�sticas sociodemogr�ficas, verificou-se que a preval�ncia do sexo feminino foi similar ao apresentado nos estudos.8-9 De acordo com esses estudos, a predomin�ncia feminina se justifica pelo fato de mulheres serem mais preocupadas e interessadas em sua sa�de, al�m de apresentarem uma maior procura pelos servi�os de sa�de quando apresentam sintomas ou sinais f�sicos de doen�a, o que resulta em um n�mero maior de diagn�sticos. Por outro lado, essa preval�ncia tamb�m pode estar associada a uma maior tend�ncia de aumento de peso do sexo feminino, o que predisp�e � resist�ncia � insulina.8,10
J� em rela��o a faixa et�ria, estudos apontam que a faixa et�ria de 60 anos ou mais, a pr�tica de exerc�cios f�sicos e uma dieta controlada tendem a diminuir, favorecendo o aumento da circunfer�ncia abdominal, do bra�o, da cintura e do quadril, acarretando no desenvolvimento ou exacerba��o da obesidade, que se configura em um dos principais fatores para o aparecimento da DM.11-12 Ademais, ressalta-se que no processo de envelhecimento ocorrem mudan�as fisiol�gicas que favorecem o surgimento de altera��es que comp�em a s�ndrome metab�lica, como eleva��o dos n�veis press�ricos, deposi��o de gordura abdominal, altera��es nos n�veis lip�deos e, em alguns casos, nos n�veis glic�micos, o que, como j� descrito, aliado ao sedentarismo e falta de dieta equilibrada, culminam na preval�ncia de obesidade e consequente predisposi��o � DM.12
Sobre o �ndice de Massa Corporal (IMC), a literatura destaca que seu uso � limitado devido a incapacidade de diferenciar massa magra e massa gorda e sem a distin��o da localiza��o da gordura. No presente estudo, com rela��o ao IMC, obteve-se preval�ncia de usu�rios classificados com algum grau de obesidade. Tais resultados foram semelhantes ao apresentado em outros estudos,11, 13 cuja maioria dos pacientes estavam acima do peso.
Entretanto, apesar de suas limita��es, o IMC pode ser o primeiro a demonstrar que uma pessoa n�o est� dentro das medidas de refer�ncia ideias para a sua sa�de. E quando aumentado, demonstra n�veis de obesidade, o que revela um predisposto para o desenvolvimento da DM, visto que, estudos j� destacam a rela��o do aumento do IMC com o desenvolvimento e agravamento da DM.13
Com rela��o a escolaridade e renda, o presente estudo obteve resultados diferentes de outros estudos9, 14-15 em que a escolaridade e renda foram divergentes aos aqui apresentados.� Essa diverg�ncia pode ser justificada pelo fato de que, outros estudos apontam que a escolaridade atua de forma proporcional sobre a renda. Ou seja, os indiv�duos que possuem maior escolaridade recebem uma melhor remunera��o, em fun��o da aquisi��o de conhecimentos e habilidades, por quem estuda, o que reflete na melhora de suas oportunidades profissionais e sociais e consequente renda. O que explica a alta renda do estudo, devido aos n�veis superiores de escolaridade.16-17
Verificou-se predom�nio da DM tipo II nesta e em outras pesquisas sobre o tema e, nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Diabetes relata que o DM tipo II representa de 90% a 95% dos casos e o aumento da preval�ncia de DM tipo II est� associado a mudan�as nutricionais, com maior ingesta de produtos ricos em lip�deos e a��cares, estilo de vida sedent�rio, excesso de peso e crescimento do envelhecimento da popula��o.18�
A presen�a de hist�rico familiar de DM, est� presente na maioria dos relatos desta e de outras pesquisas, tal fato demonstra a import�ncia de se questionar a presen�a de hist�rico familiar de DM tipo 2 durante uma consulta em busca do rastreamento da doen�a, uma vez que indiv�duos com hist�ria familiar de DM tipo 2, t�m entre 5 a 10 vezes maior risco de desenvolver a doen�a, comparados com indiv�duos com iguais fatores de risco, por�m, sem hist�ria familiar.19-20
No que tange a terap�utica medicamentosa no momento do diagn�stico de DM tipo 2, o profissional m�dico se baseia em aspectos como mecanismos de resist�ncia � insulina, fal�ncia progressiva da c�lula beta, m�ltiplos transtornos metab�licos (disglicemia, dislipidemia e inflama��o vascular) e repercuss�es micro e macrovasculares que acompanham a hist�ria da doen�a para a escolha do antidiab�tico oral de tratamento, que tem como finalidade manter os n�veis glic�micos normais.18 Nesse sentido, verifica-se que o perfil de preval�ncia em uso de antidiab�ticos orais no tratamento da DM tipo 2, se d�, por conta da introdu��o de insulina ser geralmente protelada por muitos anos, o que ocorre devido � in�rcia terap�utica de condutas m�dicas e a avers�o dos pacientes ao ganho de peso e risco de hipoglicemia. Sendo o seu uso, de in�cio imediato em casos de altos graus de descompensa��o metab�lica.18, 21
Complementar a terap�utica medicamentosa, o cuidado nutricional � apontado como significativo na redu��o dos valores da hemoglobina glicada, em ambos os tipos de DM, ap�s tr�s a seis meses de acompanhamento com profissional especialista capacitado; por meio de uma alimenta��o variada e equilibrada que forne�a as necessidades nutricionais em todas as fases da vida. Embora uma quantidade de estudos busque identificar a melhor combina��o de nutrientes para os pacientes, uma revis�o sistem�tica mostrou que n�o h� propor��o ideal aplic�vel, portanto, as prescri��es devem ser individualizadas e com acompanhamento e reavalia��es cont�nuas.18
A pr�tica de exerc�cios f�sicos tamb�m � referida como uma estrat�gia para controle dos n�veis glic�micos, novamente, por meio da individualiza��o do plano de exerc�cios, levando em considera��es comorbidades presentes e se a hist�ria do paciente sugere presen�a de doen�as cardiovasculares. Ap�s essa avalia��o, a estrat�gia ideal para pacientes com DM � a combina��o de exerc�cios aer�bicos com exerc�cios de muscula��o. Dessa forma, pacientes que praticam exerc�cio f�sico regulamente demonstram resultados positivos comparados com pacientes que n�o praticam.18
Dados da OMS descrevem22 que quase metade da popula��o brasileira n�o se exercita, colocando o Brasil na 5� posi��o mundial de pa�ses com o maior n�mero de sedent�rios, al�m de que, o sedentarismo aumenta progressivamente com o avan�ar da idade, com uma m�dia de 64,4% de sedentarismo nos indiv�duos entre 65 e 74 anos, segundo o Minist�rio do Esporte.
Com rela��o a estratifica��o de risco, a popula��o do estudo apresentou preval�ncia da classifica��o de �risco m�dio�, tal fato nos chama a aten��o, pois se faz necess�rio a constru��o de uma linha de cuidado para encaminhamentos com interven��es espec�ficas para cada grupo.6 Entretanto, n�o foi poss�vel localizar na literatura atual, estudos com popula��es similares a deste estudo, dificultando assim a compara��o dos resultados, uma vez que as pessoas acompanhadas pela sa�de suplementar, por vezes, pode ter acesso a mais recursos que a majorit�ria popula��o acompanhada pelo Sistema �nico de Sa�de.
Sob esta perspectiva, a literatura sugere algumas a��es para cada n�vel de classifica��o, a saber: a popula��o classificada como �risco baixo� deve ser acompanhada em consultas programadas e intercaladas a cada 6 meses com m�dico e enfermeiro, sendo que essas consultas devem ser voltadas para o manejo e conscientiza��o sobre o risco de desenvolvimento das complica��es da DM, investiga��o de fatores de risco como risco cardiovascular, monitoramento do peso, circunfer�ncia abdominal e monitoramento de exames de lip�deos s�ricos e hemoglobina glicada.7, 23
J� para a popula��o classificada como �risco m�dio�, as consultas devem ser programadas e intercaladas a cada 3 meses com m�dico e enfermeiro. Com consultas voltadas para o manejo de controle da press�o arterial, LDL-colesterol e hemoglobina glicada, ajuste de medicamentos, orienta��es quanto a mudan�as de h�bitos de vida inadequados como, alimenta��o inadequada, inatividade f�sica, uso de tabaco, �lcool e outras drogas, bem como o monitoramento do peso, IMC e circunfer�ncia abdominal; E encaminhamento para avalia��o especializada de endocrinologista.7, 23�
J� a popula��o classificada como �risco alto�, preconiza-se que o acompanhamento seja com consultas intercaladas e programadas a cada 2 meses com m�dico e enfermeiro, al�m de visitas domiciliares pelo profissional de enfermagem para apoio. E as consultas voltadas para o manejo do tratamento de complica��es como retinopatia diab�tica, doen�a renal diab�tica, tratamento do p� diab�tico, s�ndromes dolorosas e disfun��es aut�nomas, tratamento de doen�a arterial coronariana, acidente vascular encef�lico e doen�a vascular perif�rica com acompanhamento peri�dico para se evitar interna��es, refor�o das mudan�as de h�bitos de vida inadequados como, alimenta��o inadequada, inatividade f�sica, uso de tabaco, �lcool e outras drogas, monitoramento de peso, circunfer�ncia abdominal e IMC; e encaminhamentos para demais especialidades conforme complica��o apresentada.7, 23
As consultas intercaladas com m�dico e enfermeiro objetivam um cuidado conjunto que se baseia em alguns pressupostos como, a �nfase em a��es educativas e no autocuidado do paciente, �nfase na abordagem integral do processo sa�de doen�a com a��es voltadas a promo��o, preven��o, tratamento, cura e reabilita��o do paciente, e o monitoramento sistem�tico a ades�o do paciente as orienta��es e cuidados.7, 23
Complementar a isso, deve-se levar em considera��o a autonomia e processo de trabalho de cada categoria profissional, sendo o m�dico o respons�vel pela solicita��o de exames de rotina e outros quando necess�rio e atua��o na tomada de decis�o quanto a terap�utica medicamentosa preconizada e seu in�cio, bem como a prescri��o de terap�uticas n�o medicamentosas, o que inclui, avalia��o da capacidade para a realiza��o de atividade f�sica, tendo como refer�ncia valores glic�micos, estado geral e comorbidades. E em conjunto a atua��o do enfermeiro em realizar consultas de enfermagem voltadas a orienta��o de mudan�as de h�bitos de vida n�o saud�veis e autocuidado, bem como o monitoramento dos pacientes e sua ades�o ao tratamento e o acompanhamento do cuidado com pacientes com p� diab�tico.7,23
Ademais, � recomendado que as popula��es, independente da classifica��o de risco, sejam convidadas a participar de grupos voltados para a��es que promovam educa��o em sa�de, cujas tem�ticas abordadas dever�o ser de acordo com a estratifica��o de cada grupo e realizadas em grupo fechado para forma��o de v�nculo e confian�a proveniente do conv�vio para facilita��o da troca de experi�ncias entre os participantes.7
CONCLUS�O
Os resultados do estudo evidenciam que o perfil da popula��o diab�tica que frequenta uma cl�nica privada no sul do Brasil se assemelha ao perfil nacional cuja preval�ncia � o DM tipo 2, com presen�a de hist�rico familiar, diagn�stico superior h� 10 anos e preval�ncia no uso de antidiab�ticos orais para tratamento medicamentoso e, sobre a estratifica��o de risco, percebeu-se que a classifica��o em risco m�dio prevaleceu na popula��o estudada.
Entretanto, temos como limita��o desta pesquisa a n�o possibilidade de generaliza��o dos dados neste momento, haja vista que a popula��o atendida nesta rede privada possui caracter�sticas sociais e econ�micas que os diferenciam da majorit�ria popula��o acompanhada pela rede p�blica, que em grande parte carece de informa��es acerca dos cuidados � pr�pria sa�de, acesso aos servi�os de sa�de e condi��es para manuten��o de melhores h�bitos de vida.
Desta forma, justifica-se a necessidades de mais pesquisas acerca desta tem�tica, envolvendo tamb�m a popula��o acompanhada pelo Sistema �nico de Sa�de, uma vez que os par�metros de cuidado podem ser definidos considerando a individualidade de cada grupo estratificado e assim, corroborando para a efetividade das a��es desenvolvidas no �mbito da assist�ncia ao paciente com DM, por meio do monitoramento de riscos e avalia��es peri�dicas que identifiquem se estas a��es estar�o possibilitando mudan�as na estratifica��o de risco da popula��o assistida.�
REFER�NCIAS
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Recebido em: 11/03/2021
Aceito em: 21/12/2022
Publicado em: 29/12/2022
[1] Universidade do Vale do Itaja� (UNIVALI). Itaja�, Santa Catarina (SC). Brasil (BR). E-mail: thaynacfranca@hotmail.com ORCID: 0000-0002-3066-5068
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[4] Universidade do Vale do Itaja� (UNIVALI). Itaja�, Santa Catarina (SC). Brasil (BR). E-mail: clarice@univali.br ORCID: 0000-0002-2371-0596
[5] Universidade do Vale do Itaja� (UNIVALI). Itaja�, Santa Catarina (SC). Brasil (BR). E-mail: rctrangel@gmail.com ORCID: 0000-0001-9713-0220
Como citar: Fran�a TC, Gouvea PB, Kersten MAC, Munaro CA, Rangel RCT. Estratifica��o de risco de pacientes com Diabetes Mellitus acompanhados na sa�de suplementar. J. nurs. health. 2022;12(3):e2212322479. DOI: https://doi.org/10.15210/jonah.v12i3.4648