ARTIGO ORIGINAL
Aborto em Marab�, Par�: fatores e motivos associados
Abortion in Marab�, Par�: associated factors and reasons
Aborto en Marab�, Par�: factores asociados y razones
Silva, �dria Rodrigues;[1] Franco, Ana Paula Mota;[2] Leal, Am�lia Santos;[3] Real, Rayssa Avelar C�rte;[4] Leite, Daniela Soares[5]
RESUMO
Objetivo: identificar o perfil sociodemogr�fico e de abortamento provocado por mulheres residentes em Marab�, Par� e os principais fatores e motivos associados. M�todo: estudo quantitativo, do tipo transversal, por meio de question�rios coletados de mar�o a dezembro de 2020, envolvendo 394 mulheres residentes em Marab�, alfabetizadas e com idade maior ou igual a 18 anos. Resultados: �37 mulheres que j� tiveram algum aborto estavam na faixa et�ria de 25 a 29 anos, com ensino superior, solteira, com renda familiar de um a dois sal�rios-m�nimos, cat�lica e dom�stica. Os principais motivos para abortar foram: falta de condi��es financeiras, n�o estar preparada para ser m�e e rela��o inst�vel com o parceiro. Conclus�o: o aborto provocado � reflexo de um paradigma socioecon�mico desigual e sua criminaliza��o traz impedimentos � assist�ncia e reconhecimento do problema.
Descritores: Aborto; Aborto induzido; Mortalidade materna; Inqu�ritos epidemiol�gicos
ABSTRACT
Objective: to identify the sociodemographic and abortion profile of women residing in Marab�, Par� and the main associated factors and reasons. Method: quantitative, cross-sectional study, through questionnaires collected from March to December 2020, involving 394 women residing in Marab�, literate and aged 18 years or older. Results: the results showed that the 37 women who had already had an abortion were aged between 25 and 29 years, with higher education, single, with a family income of one to two minimum wages, catholic and domestic. The main reasons for abortion were lack of financial conditions, not being prepared to be a mother and unstable relationship with the partner. Conclusion: induced abortion reflects an unequal socioeconomic paradigm, and its criminalization brings obstacles to care and recognition of the problem.
Descriptors: Abortion; Abortion, induced; Maternal mortality; Health surveys
RESUMEN
Objetivo: identificar el perfil sociodemogr�fico y de aborto de las mujeres residentes en Marab�, Par� y los principales factores y motivos asociados. M�todo: estudio transversal, trav�s de cuestionarios recolectados de marzo a diciembre de 2020, involucrando a 394 mujeres residentes en Marab�, alfabetizadas y con 18 a�os o m�s. Resultados: 37 mujeres que ya hab�an abortado ten�an entre 25 y 29 a�os, con estudios superiores, solteras, con ingreso familiar de uno a dos salarios m�nimos, cat�licas y dom�sticas. Los principales motivos del aborto fueron: falta de condiciones econ�micas, no estar preparada para ser madre y relaci�n inestable en pareja. Conclusi�n: el aborto inducido es reflejo de un paradigma socioecon�mico desigual y su criminalizaci�n trae obst�culos para la atenci�n y reconocimiento del problema.
Descriptores: Aborto; Aborto inducido; Mortalidad maternal; Encuestas epidemiol�gicas
INTRODU��O
H� tempos hist�ricos, o exame minucioso sobre o aborto traz reflex�es e exige dilig�ncias no que tange ao seu enquadramento social. Al�m de representar um grave problema de sa�de p�blica, o tema � centro de debates sociais, culturais, econ�micos, jur�dicos, religiosos, ideol�gicos, pol�ticos e cient�ficos, principalmente a partir de 2015, quando se discutiu a descriminaliza��o do aborto no Brasil no �mbito do Senado Federal.1
Hoje, diante de tais condicionamentos, o tema � alvo de discuss�es conflituosas por todo o mundo; estas oscilam entre posi��es que defendem o direito � vida do feto e o direito � autonomia reprodutiva da mulher.2 Independentemente das opini�es, as pol�ticas brasileiras, inclusive as de sa�de, tratam o aborto sob uma expectativa religiosa e moral e respondem � quest�o com a criminaliza��o e repress�o policial. Esta abordagem tem se mostrado n�o apenas ineficaz, mas tamb�m lesiva. Por um lado, n�o � capaz de diminuir o n�mero de abortos e, por outro, impede que mulheres procurem o acompanhamento e a informa��o de sa�de cogentes para que seja realizado de forma segura ou para planejar sua vida reprodutiva a fim de evitar um segundo evento desse tipo.3
Ademais, o medo da descoberta do aborto provocado limita a fidedignidade das entrevistas objetos de estudo e dificulta a obten��o de informa��es sobre o fen�meno no cen�rio brasileiro. Todavia, estimativas de ocorr�ncias e suas complica��es s�o realizadas por pesquisas que utilizam m�todos diretos (entrevistas e extra��o de dados de prontu�rios) e indiretos (fontes de dados secund�rios de morbidade e mortalidade) possibilitando verificar que a criminaliza��o n�o impede a pr�tica.4 No Brasil, o aborto � considerado legal para mulheres com risco de vida, nas situa��es de gravidez por estupro e na presen�a de anencefalia fetal.5
Nessa perspectiva, o abortamento que n�o seja para preservar a vida da gestante, por motivo de estupro ou feto anencef�lico, tende a ser realizado de forma insegura, na ilegalidade, resultando em graves consequ�ncias sociais, sobretudo por afetar a sa�de da mulher, resultando em elevada morbidade e mortalidade. Al�m disso, sobrecarrega o sistema de sa�de, implica em custos, reduz a produtividade e ainda traz repercuss�es familiares, al�m de estigmatizar a imagem feminina.6
Os dados mais atuais sobre o n�mero de abortos provocados no Brasil e no mundo foram coletados entre os anos de 2010 e 2014 e demonstraram que globalmente, dos 55 milh�es de abortos, 45% foram inseguros, mesmo com os esfor�os parcialmente bem-sucedidos para reduzi-los.7 As gesta��es que n�o s�o pretendidas ou planejadas, tornam-se importunas �s mulheres nessas condi��es que optam entre duas decis�es: prosseguir ou de interromper a gravidez inesperada.8
A preval�ncia de aborto induzido no Brasil � mais elevada em popula��es socialmente vulner�veis, com utiliza��o de medicamentos para a interrup��o da gesta��o e as interna��es por complica��es graves do aborto reduziram-se no per�odo de 2010 a 2016 segundo a Pesquisa Nacional do Aborto. A morbimortalidade materna por aborto apresentou frequ�ncia reduzida devido a dois principais fatores: o acesso aos m�todos mais seguros de interven��o e prov�vel subregistro de �bitos maternos por essa causalidade. Entretanto, metade das mulheres ainda recorre a outros m�todos e o n�mero de interna��es por complica��es do aborto � ainda elevado.9
Considerando toda a popula��o feminina entre 18 e 39 anos no Brasil, 4,7 milh�es de mulheres j� fizeram aborto ao menos uma vez na vida. O perfil da mulher que aborta � comum: 67% t�m filhos, 88% declaram ter religi�o, sendo que 56% s�o cat�licas, 25% evang�licas ou protestantes e 7% professam outras religi�es.9 Sendo assim, monitorar as tend�ncias � ocorr�ncia de aborto provocado � de suma import�ncia para avaliar a sa�de materna, a redu��o de mortalidade e o acesso universal � sa�de reprodutiva conforme requer os novos objetivos de desenvolvimento sustent�vel 2016 a 2030.10.
Todos esses fatores citados, juntamente com a escassez de estudos relacionado ao tema no Norte do pa�s, nos levam ao entendimento de que muito se tem a discutir em rela��o ao aborto. Em uma sociedade relativamente nova, em que os valores morais est�o em constantes mudan�as e o sentimento conservador est� aos poucos sendo substitu�do pelo bom senso, essa pesquisa se faz necess�ria para a formula��o de uma s�ntese a respeito do tema e o melhor conhecimento das caracter�sticas epidemiol�gicas das mulheres, moradoras do munic�pio de Marab�, estado do Par� (PA), que sofreram/provocaram aborto.
Com o intuito de contribuir com o debate sobre o abortamento como problema de sa�de p�blica e fornecer informa��es necess�rias para o desenho de novas sondagens do tipo e par�metros para estimativas indiretas. Assim, o objetivo deste estudo foi identificar o perfil sociodemogr�fico e de abortamento provocado por mulheres residentes em Marab�, PA e os principais fatores e motivos associados.
MATERIAIS E M�TODO
Trata-se de um estudo quantitativo, do tipo transversal, tendo como locais de coleta de dados o Hospital Materno Infantil (HMI) e o Centro de Refer�ncia Integrado � Sa�de da Mulher (CRISMU) de Marab�. Os crit�rios de escolha desses locais foram: ser unidade de sa�de com maior circula��o do p�blico feminino e ser campo de est�gio curricular obrigat�rio de estudantes de Medicina da Universidade do Estado do Par� (UEPA).
Ademais, utilizou-se a diretriz Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology para guiar as etapas de desenvolvimento da pesquisa. O relat�rio encontra-se na Rede Equator Network. Os dados foram coletados de mar�o a dezembro de 2020.
Foi elaborado pelas pesquisadoras, para levantamento das vari�veis, um formul�rio contendo perguntas abertas e fechadas. Este instrumento foi subdividido em tr�s se��es: caracter�sticas sociodemogr�ficas, caracter�sticas reprodutivas e caracter�sticas do abortamento. O formato textual � simples e adaptado � linguagem regional, sem quest�es conceitualmente complexas ou envolvendo ordenamentos e respostas m�ltiplas confusas.
Foi utilizado um m�todo h�brido de aplica��o dos question�rios, atrav�s de entrevistas presenciais durante o andamento do internato das pesquisadoras e por meio de formul�rio eletr�nico enquanto as atividades acad�micas permaneceram suspensas devido � pandemia da Coronavirus Disease 2019 (COVID-19).
Quanto �s entrevistas, a t�cnica da urna (ballot box technique) foi escolhida, buscando maximizar a confidencialidade das informa��es, e assim, melhorar a fidedignidade de respostas �s quest�es socialmente controversas. Esse m�todo baseia-se na utiliza��o de uma urna lacrada, onde a entrevistada colocar� seu question�rio devidamente preenchido, sem passar pela m�o de terceiros.
J� os formul�rios eletr�nicos foram divulgados via plataforma Google Forms atrav�s da t�cnica da bola de neve (snowball), a partir da qual o link do instrumento � divulgado em redes sociais e murais acad�micos e passa por compartilhamento coletivo para alcan�ar efetivamente o p�blico-alvo. Nesta divulga��o, � identificado os crit�rios de inclus�o da pesquisa, o convite a participar da mesma e o pedido de compartilhamento.
Foram entrevistadas 224 mulheres e 170 responderam o formul�rio eletr�nico. Em ambas as aplica��es, a entrevistada respondia inteiramente o question�rio sozinha, ap�s ter aceitado participar da pesquisa e assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual era explicado pelas pesquisadoras e apresentado impresso em duas vias (nas entrevistas pessoais) ou em anexo ao Google Forms no formul�rio eletr�nico. A escolha das mulheres foi aleat�ria, exigindo-se a aus�ncia de conhecimento ou contato pr�vio entre entrevistadora e participante.
Foram inclu�das na pesquisa mulheres residentes na �rea urbana do munic�pio de Marab�, alfabetizadas e com idade maior ou igual a 18 anos. A idade m�nima de 18 anos assegurou maioridade legal �s respondentes e trata-se de uma faixa et�ria que inclui a maioria dos eventos reprodutivos das mulheres brasileiras. A alfabetiza��o foi um requisito inevit�vel para o tipo de question�rio utilizado, visto que as participantes necessitaram ler as perguntas e escrever as respostas no formul�rio. A restri��o �s �reas urbanas buscou reduzir o vi�s associado � n�o realiza��o de entrevistas por analfabetismo, cuja incid�ncia entre mulheres acima de 30 anos � elevada em zonas rurais. Al�m disso, a longa extens�o entre a zona urbana e rural do munic�pio exigiria transporte adequado para o deslocamento, o que se tornou um desafio, j� que o �nibus do campus universit�rio � requerido somente por causas coletivas maiores e o risco � vida das pesquisadoras deve ser considerado.
Embora n�o se tenha dados atualizados sobre a distribui��o da popula��o feminina em cada distrito, segundo o �ltimo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), em 2010, Marab� possui 42.205 mulheres na faixa et�ria de 20 a 39 anos. De acordo com a mesma pesquisa, h� 18.195 pessoas de 15 anos ou mais de idade que n�o sabem ler e escrever, representando uma taxa de 11,4% em rela��o a todos os habitantes com 15 anos ou mais; e 80% dos domic�lios particulares permanentes encontram-se na zona urbana. Entretanto n�o � informado quantas mulheres est�o inclu�das nestas vari�veis. Sendo assim, foi considerada uma popula��o total de 40.000 indiv�duos para estabelecer o tamanho amostral.
Por este motivo, a amostra inclu�da no estudo foi definida de forma aleat�ria e estratificada. Neste caso, a popula��o feminina presente no HMI e no CRISMU e as participantes alcan�adas via eletr�nica constitu�ram os dois estratos do estudo, a partir dos quais foram alvo 394 mulheres. Esse n�mero foi baseado na calculadora amostral padr�o. Para esta caracteriza��o, foi considerada uma popula��o de 40.000 mulheres, com n�vel de confian�a (σ) de 95%, erro amostral m�ximo (e�) de 5% e a distribui��o da popula��o de forma heterog�nea (50/50).
A priori, foi constru�da uma planilha eletr�nica e os dados coletados foram agrupados, organizados e armazenados no programa Microsoft Excel 2013. Posteriormente, as vari�veis qualitativas foram descritas por meio de frequ�ncias absolutas e relativas, enquanto as quantitativas foram classificadas por meio do teste de Shapiro-Wilk como tendo distribui��o normal (p>0,05) ou n�o-normal (p<0,05). As vari�veis quantitativas que apresentaram distribui��o normal foram descritas por meio de m�dia e desvio padr�o, j� as de distribui��o n�o normal foram descritas por meio de mediana e intervalo interquartil 25 e 75. Para avaliar a associa��o entre a realiza��o do aborto provocado e as vari�veis sociodemogr�ficas foi realizado o teste de Qui-quadrado, sendo considerado estatisticamente significativos p≤0,05. O programa estat�stico utilizado foi o Stata 12.0�.
O estudo obedeceu � Resolu��o n� 466/2012 do Conselho Nacional de Sa�de, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos, e foi conduzido ap�s a submiss�o e aprova��o sob n�mero de parecer 3.982.222 pelo Comit� de �tica em Pesquisa da Universidade do Estado do Par� com Certificado de Apresenta��o de Aprecia��o �tica 28818620.1.0000.5174.
RESULTADOS
Ao todo, 394 mulheres participaram dessa pesquisa. A maioria estava na faixa et�ria de 20 a 24 anos (137; 34,77%), com ensino superior (191; 48,48%), tempo de moradia em Marab� de 10 anos ou mais (266; 67,51%), solteira (205; 52,03%), renda familiar de uma a dois sal�rios-m�nimos (105; 26,65%), se declara cat�lica (106; 41,37%) e estudante (121; 30,87%).
J� entre o grupo de mulheres que tiveram aborto (83; 21,07%), a maioria estava na faixa et�ria de 25 a 29 anos (16; 19,28%), com ensino superior (28; 33,73%), tempo de moradia em Marab� de 10 anos ou mais (65; 78,31%), solteira (34; 40,96%), com renda familiar de um a dois sal�rios-m�nimos (29; 34,94%), se declara cat�lica (40; 48,19%) e dom�stica (33; 39,76%). O perfil epidemiol�gico das participantes, tanto no geral quanto no grupo das que tiveram aborto, est� descrito na Tabela 1.
Tabela 1: Perfil sociodemogr�fico das participantes da pesquisa, Marab�-PA, 2020. (n=394)
Vari�vel |
Geral |
Aborto |
||
n |
% |
n |
% |
|
Faixa et�ria |
||||
18 ou 19 anos |
49 |
12,44 |
4 |
4,82 |
20 a 24 anos |
137 |
34,78 |
11 |
13,25 |
25 a 29 anos |
71 |
18,02 |
16 |
19,28 |
30 a 34 anos |
31 |
7,87 |
15 |
18,08 |
35 a 39 anos |
35 |
8,88 |
9 |
10,84 |
40 a 44 anos |
30 |
7,61 |
13 |
15,66 |
45 a 49 anos |
14 |
3,55 |
4 |
4,82 |
50 anos ou mais |
27 |
6,85 |
11 |
13,25 |
Escolaridade |
||||
At� a 4� s�rie |
20 |
5,08 |
9 |
10,84 |
5� a 8� s�rie |
53 |
13,45 |
22 |
26,51 |
Ensino m�dio |
130 |
32,99 |
24 |
28,92 |
Ensino superior |
191 |
48,48 |
28 |
33,73 |
Tempo de moradia |
||||
Menos de 1 ano |
19 |
4,82 |
3 |
3,61 |
De 1 a menos de 5 anos |
63 |
15,99 |
8 |
9,64 |
De 5 a menos de 10 anos |
46 |
11,68 |
7 |
8,43 |
10 anos ou mais |
266 |
67,51 |
65 |
78,32 |
Estado civil |
||||
Solteira |
205 |
52,03 |
34 |
40,97 |
Uni�o est�vel |
78 |
19,80 |
21 |
25,30 |
Casada |
98 |
24,87 |
26 |
31,33 |
Divorciada |
9 |
2,28 |
1 |
1,20 |
Vi�va |
4 |
1,02 |
1 |
1,20 |
Renda familiar |
||||
Menos de 1 sal�rio |
34 |
8,64 |
10 |
12,05 |
1 sal�rio |
77 |
19,54 |
22 |
26,51 |
De 1 a 2 sal�rios |
105 |
26,65 |
29 |
34,94 |
De 3 a 5 sal�rios |
93 |
23,60 |
10 |
12,05 |
5 a 10 sal�rios |
47 |
11,93 |
7 |
8,43 |
Mais de 10 sal�rios |
39 |
9,64 |
5 |
6,02 |
Religi�o |
||||
Cat�lica |
163 |
41,37 |
40 |
48,19 |
Evang�lica/Protestante |
139 |
35,28 |
25 |
30,12 |
Esp�rita |
6 |
1,52 |
1 |
1,20 |
Outra |
16 |
4,06 |
5 |
6,02 |
N�o tem religi�o |
70 |
17,77 |
12 |
14,47 |
Profiss�o (principais) |
|
|
|
|
Estudante |
121 |
30,85 |
10 |
12,05 |
Dom�stica |
92 |
23,44 |
33 |
39,76 |
Professora |
13 |
3,26 |
1 |
1,20 |
Comerciante |
12 |
3,03 |
3 |
3,61 |
Lavradora |
12 |
3,03 |
3 |
3,61 |
Servidora p�blica |
11 |
2,78 |
2 |
2,41 |
Aut�noma |
11 |
2,78 |
1 |
1,20 |
N�o informaram |
122 |
30,83 |
30 |
36,16 |
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2021.
Quando avaliadas todas as participantes, a mediana do n�mero de gesta��es foi de tr�s (p25-75: 2-5) e do n�mero de filhos foi de um (p25-75: 0-2), enquanto de abortos e �bitos fetais foi nula. J� entre o grupo das mulheres que tiveram aborto, a mediana do n�mero de gesta��es foi a mesma (3, p25-75: 2-5) e do n�mero de filhos foi de dois (p25-75: 1-3), sendo tamb�m nula a de �bitos fetais.
Quanto � proporcionalidade dos abortamentos, das mulheres que engravidaram (230), 36% (83) tiveram um ou mais abortos. Destes, 44,5% (37) foram provocados e 55,4% (46) foram espont�neos (Figura 1).
Figura1. Proporcionalidade dos abortamentos, Marab�-PA, 2020 (n=394)
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2021.
Dentre as pacientes que j� tiveram algum aborto, 37 (9,39%) relatam que j� provocaram aborto. Destas, a mediana no n�mero de abortos foi de um (p25-75: 1-1). Quando questionada a idade da participante na ocasi�o do aborto provocado, a faixa et�ria mais citada foi de 18 a 19 anos (11, 29,50%) (Tabela 2). O m�todo abortivo mais citado foi a p�lula (24, 64,86%). Destaca-se que o medicamento informado pelas mulheres foi o misoprostol. Entre as fontes de informa��o sobre o m�todo utilizado, a mais citada foi por uma colega (22, 59,46%).
A maioria das mulheres que alegaram ter provocado pelo menos um aborto, tinham, no momento da entrevista, de 20 a 24 anos e de 40 a 44 anos (8; 21,62% em ambas as categorias), assim como relataram ter completado o ensino superior (21; 56,76%) e morar na cidade h� mais de 10 anos (29; 78,38%). Al�m disso, a maior parte delas diz ser solteira (59,46%), com renda mensal de um sal�rio-m�nimo (29,73%), referindo-se como cat�lica (15; 40,54%) e dom�stica (9; 24,32%). Ao associar as vari�veis sociodemogr�ficas ao aborto provocado, nota-se que a faixa et�ria, escolaridade e profiss�o foram estatisticamente significativas e relevantes (Tabela 3).
Tabela 2: Faixa et�ria, m�todo e fonte de informa��o das participantes na ocasi�o do aborto provocado, Marab�-PA, 2020. (n=37)
Vari�vel |
N |
% |
Faixa et�ria |
||
12 a 15 anos |
2 |
4,39 |
16 ou 17 anos |
10 |
26,91 |
18 ou 19 anos |
11 |
29,50 |
20 a 24 anos |
5 |
13,40 |
25 a 29 anos |
6 |
16,10 |
30 a 34 anos |
4 |
9,70 |
M�todo utilizado |
||
P�lula |
24 |
64,86 |
Introduziu subst�ncia na vagina |
6 |
16,21 |
Curetagem |
3 |
8,11 |
Ch� |
3 |
8,11 |
Sonda |
1 |
2,71 |
Fonte de informa��o sobre o m�todo |
||
Colega |
22 |
59,46 |
Pela internet |
5 |
13,51 |
Familiar |
4 |
10,81 |
Companheiro |
3 |
8,11 |
Balconista de farm�cia |
2 |
5,41 |
Outro |
1 |
2,70 |
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2021.
Tabela 3: Perfil sociodemogr�fico, no momento da entrevista, das participantes que relataram aborto provocado, Marab�-PA, 2020 (n=37)
Vari�vel |
Aborto provocado |
|
n |
% |
|
Faixa et�ria |
|
p=0,006* |
18 ou 19 anos |
1 |
2,70 |
20 a 24 anos |
8 |
21,62 |
25 a 29 anos |
7 |
18,92 |
30 a 34 anos |
6 |
16,22 |
35 a 39 anos |
4 |
10,81 |
40 a 44 anos |
8 |
21,62 |
45 a 49 anos |
1 |
2,70 |
50 anos ou mais |
2 |
5,41 |
Escolaridade |
|
p=0,031* |
At� a 4� s�rie |
2 |
5,41 |
5� a 8� s�rie |
9 |
24,32 |
Ensino m�dio |
5 |
13,51 |
Ensino superior |
21 |
56,76 |
Tempo de moradia (anos) |
|
p=0,527* |
Menos de 1 |
1 |
2,70 |
de 1 a menos de 5 |
4 |
10,81 |
de 5 a menos de 10 |
3 |
8,11 |
10 ou mais |
29 |
78,38 |
Estado civil |
|
p=0,504* |
Solteira |
22 |
59,46 |
Uni�o est�vel |
5 |
13,51 |
Casada |
9 |
24,32 |
Vi�va |
1 |
2,70 |
Renda familiar (sal�rios-m�nimos) |
|
p=0,173* |
Menos de 1 |
4 |
10,81 |
1 |
11 |
29,73 |
de 1 a 2 |
5 |
13,51 |
de 3 a 5 |
6 |
16,22 |
5 a 10 sal�rios |
7 |
18,92 |
Mais de 10 |
4 |
10,81 |
Religi�o |
|
p=0,660* |
Cat�lica |
15 |
40,54 |
Evang�lica/ Protestante |
11 |
29,73 |
Esp�rita |
1 |
2,70 |
Outra |
3 |
8,11 |
N�o tem religi�o |
7 |
18,92 |
Profiss�o (principais) |
|
p=0,001* |
Dom�stica |
9 |
24,32 |
Estudante |
7 |
18,92 |
Faxineira |
4 |
10,81 |
Gerente administrativa |
3 |
8,11 |
Cozinheira |
2 |
5,41 |
Engenheira |
2 |
5,41 |
*Teste qui-quadrado
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2021.
Quando questionadas sobre o companheiro, a maioria relatou que o companheiro ficou sabendo da decis�o (20; 52,63%) e, sobre a participa��o nela, 19 (50%) relataram que o companheiro n�o participou da decis�o, 10 (26,31%) relataram que o companheiro soube e apoiou a decis�o e quatro (10,52%) disseram que o parceiro soube, por�m foi indiferente ou n�o soube se posicionar.
Em rela��o ao motivo que levou a provocar o aborto, a maioria (19; 50%) relatou falta de condi��o financeira, seguido de n�o estar preparada para a gravidez (17; 44,73%) e rela��o inst�vel com o companheiro (12; 31,57%).
DISCUSS�O
Em concord�ncia com o presente estudo, uma pesquisa realizada em Salvador-BA,11 com mulheres internadas em uma maternidade p�blica, que � �poca contava com aproximadamente oitenta leitos e realizava cerca de oito mil interna��es anuais, sendo em torno de 20% curetagens p�s-aborto. As participantes foram 39 jovens de 15 a 29 anos, das quais 12 foram internadas por abortamento e suas caracter�sticas socioecon�micas eram de residentes em bairros de baixa renda, n�o trabalhavam no momento da entrevista e suas rendas familiares variavam de menos de um at� cerca de seis sal�rios-m�nimos.10 entrevistadas se auto classificaram morenas ou negras, uma parda e uma branca, a �ltima pertencia a uma fam�lia de classe m�dia, com renda acima de dez sal�rios-m�nimos. Essa jovem residia em um bairro nobre da cidade e era estudante universit�ria. Das demais, cinco n�o tinham completado o ensino fundamental, uma era analfabeta e duas tinham o ensino m�dio. Quatro entrevistadas com aborto provocado j� eram m�es, uma estava casada, duas eram m�es solteiras e todas induziram o aborto. Entre as mulheres sem filhos, uma vivia em uni�o est�vel, e as demais eram solteiras.
Em outro estudo conduzido em Teresina-PI,12 realizado com jovens na faixa et�ria entre 15 e 19 anos, que finalizaram uma gravidez em seis maternidades do munic�pio, verificou-se que 86,9% estavam em distor��o idade-s�rie, ou seja, fora da faixa et�ria apropriada para a s�rie escolar que frequentavam e metade possu�a renda mensal familiar de at� um sal�rio-m�nimo, realidade diferente da que foi observada em Marab�, onde a pesquisa indicou a maioria das participantes com n�vel superior.
A exist�ncia de um estudo que apresentou alto n�vel de escolariza��o das oito mulheres participantes que fizeram aborto,13 se diferencia dos dados encontrados em produ��es que tratam sobre o tema e se aproxima desta pesquisa, que utiliza estudos comparativos quanto � escolaridade e tamb�m apresenta uma diferen�a no n�vel de escolaridade das participantes, podendo ser explicada pela maior divulga��o do formul�rio eletr�nico entre a comunidade acad�mica marabaense e seus contatos pr�ximos, acrescentando maior n�vel de instru��o ao componente amostral desta pesquisa.
� importante destacar a idade jovem das mulheres que j� tiveram algum aborto. Nesse contexto, em 2015, estimou-se que 503 mil abortos inseguros foram realizados entre mulheres de 20 a 24 anos. E quanto � mortalidade materna, s�o as mulheres abaixo de 20 anos, solteiras e com idade gestacional mais elevada as que apresentam maior risco de morte ap�s o aborto inseguro.14
Tr�s estudos de base hospitalar em �mbito local avaliaram a morbimortalidade materna. A quest�o da juventude das mulheres que tiveram aborto tamb�m chama aten��o na pesquisa realizada em Marab�, em que se verificou que a idade da participante na ocasi�o do aborto provocado estava entre 18 e 19 anos (11; 28,94%).
O estado civil tamb�m se torna relevante, uma vez que, no processo de abortamento, a mulher geralmente necessita de aux�lio f�sico e psicol�gico, o qual espera-se partir do companheiro. Estar solteira pode significar uma rela��o menos est�vel ou duradoura, comprometendo a assist�ncia humanizada � mulher.
A omiss�o ou isen��o do homem na ocasi�o da tomada de decis�o pelo aborto n�o s� estabelece uma responsabiliza��o polarizada � mulher como tamb�m pode minimizar a oportunidade de apoio f�sico e emocional, aumentando os riscos ap�s o procedimento e comprometendo ainda mais a sa�de da mulher.
Em rela��o � preval�ncia do aborto provocado, em uma pesquisa realizada em Teresina-PI,12 78 mulheres entre 20 e 24 anos foram entrevistadas. Todas foram submetidas � curetagem como m�todo de esvaziamento uterino, mais da metade (57,7%) estava gr�vida pela primeira vez e 10,3% j� tinham estado tr�s ou mais vezes. Das mulheres entrevistadas, 19,2% j� tinham abortado anteriormente, sendo que duas delas tinham provocado tr�s abortos.
Um estudo sobre aborto provocado realizado nas 27 capitais brasileiras revelou que das 13.611.082 mulheres de 15 a 49 anos residentes nas capitais do Brasil, 65.682 mulheres fizeram aborto provocado no per�odo de 2011 a 2012, resultando numa incid�ncia acumulada de 4,83 para cada 1.000 mulheres de 15 a 49 anos. Em m�dia, as estimativas da incid�ncia acumulada de mulheres que fizeram aborto foram superiores nas capitais das regi�es Norte e Nordeste do Brasil, como pode ser visto em Boa Vista - RR (9,81 IC95% [6,08; 14,60]), Aracaju - SE (9,26 IC95% [5,66; 14,00]), S�o Lu�s - MA (8,77 IC95% [5,47; 12,95]).15
Em rela��o � amostra total, das 2.002 mulheres alfabetizadas entre 18 e 39 anos entrevistadas pela Pesquisa Nacional do Aborto (PNA) de 2016, 13% (251) j� fez ao menos um aborto.4 Na Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sa�de realizada no Brasil em 1996, 12.612 mulheres em idade f�rtil foram entrevistadas. Desse total, 14% referiram alguma vez ter tido exclusivamente abortos espont�neos e 2,4% referiram ter induzido pelo menos um aborto.6 Em Marab�, esse valor foi de 9,39%.
Sup�e-se que as diversas preval�ncias encontradas nos diferentes estudos comparativos se devem tanto �s particularidades metodol�gicas de cada pesquisa como tamb�m aos fatores sociais e religiosos relacionados � din�mica local e aos vieses de resposta devido ao medo ou ao preconceito de admitir o ato. No mais, evidencia-se alta preval�ncia de abortamentos e maior propor��o de abortos provocados entre as mulheres marabaenses, em compara��o � maioria das pesquisas apresentadas.
Estudos realizados em tr�s capitais brasileiras (Goi�nia/GO, Recife/PE, Fortaleza/CE) e publicados em 2010, indicaram a preval�ncia de outros m�todos que s�o diferentes do m�todo medicamentoso para provocar o aborto, realidade que difere dos resultados de pesquisas mais recentes. Em 2010, os autores entrevistaram 543 mulheres internadas, 25 delas declararam a indu��o do aborto e, destas, 36% referiram uso de misoprostol e 64% utilizaram outros m�todos (ch� de arruda, ch� de buxinha, ch� de folha de laranja, ch� de pimenta-do-reino, ch� de maconha, ch� de boldo, ch� de arruda e canela, inala��o com buxinha, ergotrate, anticoncepcional de emerg�ncia ou sonda intra-uterina).16
Uma pesquisa mais recente realizada entre novembro de 2016 e janeiro de 2017, analisou 18 narrativas dispon�veis em uma comunidade online sobre os m�todos e estrat�gias de mulheres para abortar e indicou o uso prevalente do misoprostol (Cytotec) como m�todo para interromper a gravidez.17
Segundo a Pesquisa Nacional de Aborto 2016 (PNA), o misoprostol � o medicamento mais usado para a interrup��o da gravidez, justamente o recomendado pela Organiza��o Mundial de Sa�de para a realiza��o segura, sendo prov�vel que o abandono de outros m�todos e ado��o do misoprostol venha contribuindo para a diminui��o de interna��es e mortalidade por complica��es. Permanecem, no entanto, outros riscos importantes � sa�de e n�o explorados na PNA como a sa�de mental.9
Em Sergipe, no per�odo entre 2017 a 2019, houve em m�dia 7.941 casos de abortos e curetagens. Destes, 3.196 mulheres sofreram aborto espont�neo, presumindo-se que 4.745 possam ter sido provocados. Essa taxa refor�a a constata��o de que a curetagem uterina � um dos procedimentos mais realizados no sistema p�blico de sa�de e ajuda verificar que atualmente, muitas mulheres procuram a rede hospitalar durante o processo p�s-aborto, demandando provis�o de servi�os e a��es que tenham por finalidade garantir que elas recebam atendimento sem discrimina��o e coer��o devido o tema ainda ser alvo de estigmas sociais e san��es legais.18
Os m�todos mais conhecidos para realizar atendimento �s mulheres no processo p�s-aborto s�o: aspira��o manual ou a el�trica uterina, curetagem, abortamento medicamentoso com utiliza��o do misoprostol. Vale ressaltar que o ato realizado fora do ambiente hospitalar aumenta as chances de poss�veis complica��es como sangramento persistente, hemorragia, endometrite, restos placent�rios, hematoma de colo uterino e perfura��o uterina, que podem ser minimizados quando o processo � realizado sob supervis�o profissional.18
Neste contexto, estudos demonstraram que a utiliza��o do misoprostol no �mbito obst�trico foi menos delet�rio e potencialmente menos perigoso no processo abortivo em compara��o a outras t�cnicas, j� que apresenta menor risco de infec��o, perfura��o de �rg�os e hemorragia do que os m�todos mec�nicos predominantemente usados at� pouco tempo atr�s.19
Contudo, a restri��o legal ao misoprostol devido a criminaliza��o do aborto no Brasil, n�o impediu sua ampla utiliza��o e tem levado as mulheres para o com�rcio ilegal e para o uso inadequado do medicamento, que pode comprometer sua efic�cia quando n�o administrado em meios hospitalares com respaldo de indica��o m�dica e de profissionais capacitados.19
A experi�ncia do abortamento sem apoio do parceiro e na aus�ncia de condi��es socioecon�micas favor�veis � considerado como processo de sobrecarga emocional agravada. Em se tratando da participa��o do parceiro na decis�o e log�stica para o abortamento, s�o relatadas situa��es de aus�ncia, press�o sob amea�as para abortar, isen��o na tomada de decis�o, falta de apoio e recusa da gravidez, impelindo a mulher buscar suporte no c�rculo de amizade para implementar o aborto.20
Quanto aos motivos para abortamento provocado, a pesquisa realizada em 2018, que a decis�o � influenciada por dificuldades financeiras, amea�a de interrup��o de planos futuros, aus�ncia do parceiro, press�o do parceiro e/ou da fam�lia para abortar e como a �nica alternativa num contexto dif�cil. 20
Ademais, outra pesquisa destacou que mulheres em abortamento representam um grupo estigmatizado com representa��o social que dificulta a revela��o de seus abortamentos e a implementa��o de pol�ticas p�blicas, que contribui para continuidade do aborto clandestino e dificuldades de implementa��o de a��es que apoiem a redu��o de danos � sa�de sexual e reprodutiva das mulheres.4
CONCLUS�O
A presente pesquisa demonstrou uma preval�ncia elevada de abortos provocados entre as mulheres marabaenses. Caracter�sticas epidemiol�gicas e socioecon�micas foram concordantes com diversos outros estudos analisados: as mulheres que abortaram foram, em maioria, jovens entre 20 e 30 anos, com baixa renda familiar, dom�sticas e solteiras.�
A baixa renda e inser��o social em um ambiente de rela��es interpessoais in�spitas est�o presentes em diversas fam�lias brasileiras e constituem-se nos principais motivos de abortamento provocado. Neste caso, o problema de sa�de p�blica � reflexo de um paradigma socioecon�mico desigual. O Estado, entretanto, � negligente a respeito, n�o enuncia a quest�o em seus planejamentos pol�ticos de sa�de e n�o explicita condutas para o enfrentamento do problema.
Devido a criminaliza��o do aborto provocado e o medo da puni��o por tal motivo, � prov�vel que haja mais incid�ncias sem registros dessa pr�tica, como tamb�m � poss�vel que mulheres optem por informar aborto espont�neo e n�o aborto provocado, realidade que indica a maior limita��o da pesquisa que investiga este tipo de fen�meno, representando um campo interessante para continuidade de trabalhos que venham contribuir para o desvelamento da real dimens�o do problema.
REFER�NCIAS
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Recebido em: 31/07/2021
Aceito em: 04/12/2022
Publicado em: 21/04/2023
[1] Universidade Estadual de Londrina (UEL). Londrina, Paran� (PR). Brasil (BR). E-mail: adriarodriguess@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7233-0573
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[3] Universidade Federal do Par� (UFPA). Bel�m, Par� (PA), Brasil (BR). E-mail: ameelialeal@hotmail.com ORCID: http://orcid.org/0000-0001-5895-0453
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[5] Universidade do Estado do Par� (UEPA). Marab�, Par� (PA), Brasil (BR). E-mail: danielaleite@uol.com.br ORCID: http://orcid.org/0000-0002-3412-1375
Como citar: Silva AR, Franco APM, Leal AS, Real RAC, Leite DS. Aborto em Marab�, Par�: fatores e motivos associados. J. nurs. health. 2023;13(1):e1316361. DOI: