v. 15 (2009)

Com este número, História em Revista completa seus 15 anos de existência. Se fosse uma mulher, diríamos “quinze primaveras” e, pelas normas dos tempos antigos, ela estaria apta a participar da vida em sociedade e a escolher/escolherem seu par para toda a vida. Se fosse um homem, aos 15 anos, estaria estudando ou se iniciando nas artes da profissão para a qual sua família/necessidade o destinara. De todas as formas, 15 anos é um marco, mesmo hoje em dia, em que as antigas regras não mais nos governam, o que, por sua vez, é um imenso progresso.Mas nosso tema aqui é uma revista, uma revista cientifica sobre a história e seu fazer, uma revista que foi fruto do esforço conjunto de vários professores e pesquisadores, ao longo de todo esse tempo e que, embora renovada continuamente em sua comissão e seu conselho editorial e, inclusive, em seu estilo gráfico, guarda ainda as marcas de uma produção artesanal, reiterada a cada número. Foi somente graças a persistência de sua equipe que ela conseguiu, ano após ano, trazer a luz um novo número e fazê-lo circular entre o meio acadêmico, para que o objetivo maior de sua criação fosse cumprido: discutir as novas produções na área de ciências humanas, especialmente aquelas feitas nas latitudes mais ao sul do nosso país. Este marco reflete também o apoio que recebemos da comunidade científica, historiadores principalmente, que atenderam ao nosso convite e enviaram seus textos, frutos de árduo trabalho, teórico e prático, para que ela pudesse refletir em suas páginas, um pouco da composição extremamente variada dos estudos em nossa área.E como para acentuar essa composição variada, neste número trazemos artigos bem diferenciados em relação a seus temas, embora alguns compartilhem uma preocupação fundamental com a memória e outros busquem analisar propostas/políticas de estado. Assim, Cathy Oullette, apresenta, com base em processos judiciais, um estudo sobre a moral sexual dos positivistas especialmente em relação à mulher no contexto da república gaúcha. Dois artigos remetem ao Estado e suas demandas: Joana Darc dos Santos analisa as formas possíveis da participação popular em Diadema, em anos recentes e José Antonio Fernandes nos remete a política do estado português em relação a suas (ex) colônias africanas no século XX.Com relação à construção da memória, suas implicações e caminhos temos a discussão de Maria Angélica Zubaran sobre as comemorações negras do 13 de maio em Porto Alegre, entendido como uma forma pedagógica de atuação na/da comunidade negra. A tentativa de construção da memória nacional uruguaia, a partir da comemoração das datas pátrias, é tema de Juarez Rodrigues Fuão, com base em dois periódicos do século XIX, El Siglo e La Nación. Contudo, há outros tipos de memória, e as memórias da infância podem ser dolorosas em casos como o analisado por Denise Bussoletti, que nos traz um ensaio sobre as crianças dos guetos de Terezin, na Segunda Guerra. Afortunadamente, uma infância mais feliz, é o objeto do trabalho de Carla Gastaud e Beatriz Zechlinski, que versa sobre uma experiência concreta de educação patrimonial no Museu da Baronesa, em Pelotas, realizada recentemente.Por fim, em Instrumentos de Trabalho, Caiuá Al-Alam e Marcelo Correa nos brindam com alguma luz sobre quem eram os indivíduos escravizados presos na cadeia de Pelotas, a partir dos poucos dados existentes sobre o assunto.Boa leitura! 
Publicado: 2017-09-28