Apresentação

  • Marcio Silva Rodrigues Professor Adjunto do Departamento de Administração, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS), do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Sistemas Agroindustriais (PPGDTSA) e do Mestrado Profissional em Administração Pública (PROFIAP) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). http://orcid.org/0000-0002-8810-7077
  • Márcio Barcelos Professor Adjunto do Departamento em Administração, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) e do Mestrado Profissional em Administração Pública (PROFIAP) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). http://orcid.org/0000-0003-3205-1673
  • Larissa Ferreira Tavares Professora Assistente do Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande (ICEAC/FURG) e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGA/UFSC) http://orcid.org/0000-0002-4962-9833

Resumo

A ideia de empresa tornou-se, ao longo do século XX, um modelo de referência (SOLÉ, 2008) não apenas no setor privado, mas também no setor público. Considerada símbolo de eficiência econômica, a gestão empresarial se converte em sistema normativo que se intensifica com a expansão do neoliberalismo nas últimas décadas do século XX e no início do século XXI (FOUCAULT, 2008). O avanço e predomínio da empresa se manifesta não apenas a partir da incorporação das características, da linguagem, das técnicas e dos métodos empresariais por indivíduos e/ou organizações não necessariamente econômicas, mas também como um poder transversal que contribui para redefinir as mais diversas formas de sociabilidade no mundo contemporâneo. Este processo que não apenas constitui, mas amplia o processo de generalização da ideia de empresa, tem afetado tanto os welfare states consolidados nos países centrais do capitalismo quanto os incipientes sistemas de proteção social nos países periféricos. De fato, não são poucas as manifestações de alinhamento dos governos com premissas empresariais, desde o discurso pró privatização, passando pela disseminação de práticas gerenciais próprias de empresas, ao estímulo a parcerias público-privadas e ao empreendedorismo. Subjacente a esse processo, direitos sociais e de cidadania constitucionalmente garantidos passam a ser vistos como produtos e serviços regidos pela lógica da empresa.A análise e discussão sobre o impacto da lógica empresarial na formulação, gestão e entrega de políticas sociais coloca-se, portanto, como agenda de pesquisa relevante para a Sociologia.

Referências

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SOLÉ, A. L’enterprisation du monde. In CHAIZE, J.; TORRES, F. Repenser l'entreprise: Saisir ce qui commence, vingt regards sur une idée neuve. Paris: Le Cherche Midi, 2008.

Publicado
2019-12-31
Seção
Dossiê: A generalização da ideia de empresa nas políticas sociais: características e implicações