“PARA DE TER VERGONHA DE TI E ACEITA O CABELO QUE TU TEM”: PERFORMANCES NARRATIVAS DE RAÇA E GÊNERO NA AMAZÔNIA MARAJOARA

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

José Sena
https://orcid.org/0000-0003-4422-8800
Valéria Cristina Dias Silva
Dayana Cristina Leal Sousa

Resumo

Orientada pela perspectiva performativa da linguagem, a presente pesquisa empreende o debate sobre racismos e processos de agência e resistência empreendidos por uma jovem mulher negra marajoara, tendo como aspecto central seu cabelo afro. Apostando em uma abordagem etnográfica e indexical dos fenômenos raciais-discursivos em foco, o texto analisa as peformances narrativas da sujeita focal com base no qual mobiliza reflexões sobre processos macrossociais envolvidos na contrução do racismo estrutural brasileiro e amazônida que incide e gera efeitos perlocucionários sobre os corpos-subjetividades de pessoas negras.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
Sena, J., Silva, V. C. D., & Sousa, D. C. L. (2021). “PARA DE TER VERGONHA DE TI E ACEITA O CABELO QUE TU TEM”: PERFORMANCES NARRATIVAS DE RAÇA E GÊNERO NA AMAZÔNIA MARAJOARA. Caderno De Letras, (40), 35-57. https://doi.org/10.15210/cdl.v0i40.20772
Seção
Dossiê
Biografia do Autor

José Sena, Programa de Pós-graduação em Diversidade Sociocultural do Museu Paraense Emílio Goeldi - PPGDS/MPEG

Doutor em Linguística Aplicada pela UFRJ/CNPq, atualmente é Pesquisador do Programa de Pós-graduação em Diversidade Sociocultural do Museu Paraense Emílio Goeldi - PPGDS/MPEG.

Valéria Cristina Dias Silva

Graduada em Letras - Língua Inglesa pela Universidade Federal do  Pará. Especialista em Educação Especial na perspectiva da Inclusão pela ESAMAZ.

Dayana Cristina Leal Sousa

Graduada em Letras - Língua Inglesa pela Universidade Federal do  Pará. Especialista em Docência do Ensino Superior pela Fainter.

Referências

ASANTE, M. Afrocentricidade: Notas Sobre uma Posição Disciplinar. In: NASCIMENTO, E. (org.) Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.
AUSTIN, J. Quando dizer é fazer. Palavras e Ação. Porto Alegre: Artes Médicas, [1962]1990.
BAMBERG, M.; GEORGAKOPOULOU, A. Small stories as a new perspective in narrative and identity analysis. Text & Talk, Vol. 28, No. 3, pp.377-396, 2008.
BANTON, M. A Ideia de raça. Lisboa: Edições 70, 1979.
BORGES, R.; MELO, G. Quando a raça e o gênero estão em questão: embates discursivos em rede social. Revista Estudos Feministas, v. 27, pp. 1-13, 2019.
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Lei 10.639/03, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D. O. U. 10 de janeiro de 2003.
BRASIL. Lei nº 11.645. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 2008.
BUTLER, J. Gender Trouble: feminism and the subversion of identity. Routledge: New York, 1990.
BUTLER, J. Bodies that Matter: On the Discursive Limits of ´Sex‘. New York and London: Routledge, 1993.
BUTLER, J. Excitable Speech. A politics of performative. Routledge. New York & London, 1997.
BUTLER, J. Mecanismos psíquicos del poder: Teorías sobre la sujeción. 2 ed. Madrid, Ediciones Cátedra, 2010.
CLIFFORD, J. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX/ James Clifford; organizado por José Reginaldo Santos Gonçalves. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, [1994] 2002.
DAVIS, A. Mujeres, raza y clase. Madrid: Akal. [1981]2005.
DERRIDA, J. Margens da Filosofia. Campinas – SP: Papirus, [1972]1991.
DERRIDA, J. Gramatologia. São Paulo, Perspectiva, Ed. da USP, 1973.
FONTEL, L. SENA, J. Performances Discursivas de uma Mulher Militante: a Marcha Mundial das Mulheres na Amazônia Oriental. Revista A Palavrada, v. 02, pp. 387-403, 2017.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Edições Loyola, [1971]2003.
FOUCAULT, M. História da Sexualidade I: A vontade de saber. 13. ed. Rio de Janeiro: Graal, [1976]1999.
GEORGAKOPOULOU, A. From narrative/text to small stories/practice; Beyond the narrative Canon: small stories in action. In: “Small stories, interaction and identities”. Studies in narrative, vol. 8. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2007, pp.1-60.
GOMES, N. L. Trajetórias Escolares, corpo negro, cabelo crespo: reprodução de estereotipos ou ressignificação cultural? Revista Brasileira de Educação. Nº 21, Set/Out/Nov/Dez, 2002, pp.41-51.
GOMES, N. L. Cabelo e cor da pele: uma dupla inseparável. In: BARBOSA, L. M.; GONÇALVES E SILVA, P.; SILVÉRIO, V. (orgs.). De preto a afrodescendente: trajetos de pesquisa sobre relações étnico/raciais no Brasil. São Carlos: Editora UFSCAR, 2003.
GOMES, N. L. Movimento Negro Educador. ..............................................
HOOKS, B. Ain’t I a woman? Black woman and feminism. Cambridge, MA: South End, 1981.
HYDÉN, M. HARRISON, B. ANDREWS, M. ESIN, C. DAVIS, M. SQUIRE, C. The uses of narrative research. In: HYDÉN, L-C. et al. What is narrative research? Londres: Bloomsbury Academic, 2014.
HYDÉN, L. Towards an embodied theory of narrative and storytelling. In: HYDÉN, L.; HYVÄRINEN, H. (org.). The travelling concepts of narrative. Amsterdam: Jhon Benjamins, 2013.
LORDE, A. Age, race, class and sex: women redefining difference. In: Sister outsider: Essays and speeches. Freedom, CA. Press, 1984.
MBEMBE, A. Crítica da Razão Negra. 1. ed. Lisboa: Antígona, 2014.
MELO, G. MOITA LOPES, L. P. A performance narrativa de uma blogueira: “tornando-se preta em um segundo nascimento”. Alfa: Revista de Linguística (UNESP. Online), v. 58, pp. 541-569, 2014a.
MELO, G. MOITA LOPES, L. P. Ordens de Indexicalidades Mobilizadas nas Performances Discursivas de um Garoto de Programa: ser negro e homoerótico. Linguagem em (Dis)curso, v. 14, pp. 653-673, 2014b.
MELO, G. MOITA LOPES, L. P. As performances discursivo-identitárias de mulheres negras em uma comunidade para negros na Orkut. DELTA. Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada (PUCSP. Impresso), v. 29, pp. 237-265, 2013.
MIGNOLO, W. Histórias locais / projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
MIGNOLO, W. Colonialidade: lado mais escuro da modernidade. RBCS, Vol. 32 n° 94 junho/2017, pp.1-18.
MOITA LOPES, L. P. (org.) Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. Parábola Editorial: São Paulo, 2006.
MOITA LOPES, L. P. A performance narrativa do jogador Ronaldo como fenômeno sexual em um jornal carioca: multimodalidade, posicionamento e iconicidade. Revista da ANPOLL, v.27, pp.129-157, 2009.
OLIVERIA, M. MENEGHEL, S. BERNARDES, J. Modos de subjetivação de mulheres negras: efeitos da discriminação racial. Psicologia & Sociedade; 21 (2), pp. 266-274, 2009.
PACHECO, A. En el Corazón de la Amazonía: identidades, saberes e religiosidades no regime das águas marajoaras. Tese (Doutorado em História Social) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Pós-graduação em História, São Paulo, 2009.
PACHECO, A. Diásporas africanas e contatos afroindígenas na Amazônia Marajoara. Cadernos de História, Belo Horizonte, v. 17, n. 26, 1º sem. 2016.
PEIRCE, C. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 1977.
PEIRANO, M. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 20, n. 42, pp. 377-391, jul./dez. 2014.
PEIRANO, M. Etnografia, ou a teoria vivida. Ponto.Urbe (USP), v. vol. 2, vers. 2.0, 2008.
PEREZ, E.; AZEVEDO, A. A presença negra na amazônia: um olhar sobre a vila de mangueiras em salvaterra (PA). Revista Marupiira, Belém/Pará, pp. 08-15, 09 jan. 2015.
QUIJANO, A. Colonialidad y Modernidad-racionalidad. In: BONILLO, H. (comp.). Los conquistados. Tradução de Wanderson flor do nascimento. Bogotá: Tercer Mundo Ediciones; FLACSO, 1992.
SALLES, V. O negro no Pará: sob o regime da escravidão. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, Belém: UFPA, 1971.
SENA, J. Caboka Bixa: perfomances e políticas de territorializar o cu/queer. In: SOUZA, D.; SANTOS, D.; ZACARIAS, V. Bixas pretas: dissidências, memórias e afetividades. No Prelo, 2021.
SENA, J. O protagonismo da linguagem na produção de corpos, discursos e práticas de resistência. Percursos Linguísticos. v. 10 n. 25, pp.123-143, 2020a.
SENA, J. Corpos Dissidentes, Saúde Sexual e Microbiopolíticas de Resistência na Amazônia Atlântica. Trabalhos em Linguística Aplicada, Unicamp. 2020b, pp. 1710-1734.
SENA, J.; MENDES, C. Dona Rouxita: concepções e práticas de uma pajé afropindorâmica, n. 36. V.1 Revista África e Africanidade, 2020, pp. 15-20.
SENA, J.; NUNES, H. Amazônia Marajoara em Escritas Criativas: problematizando narrativas de gênero e sexualidades. Revista A Palavrada, v. Esp., pp. 24-42, 2015.
SILVA, V. SOUSA, D. “Para de ter vergonha de ti e aceita o cabelo que tu tem”: narrative performances of gender and race in the Amazon Marajoara region. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso em Letras – Língua Inglesa). Soure/Marajó, UFPA, 2017.
SILVERSTEIN, M. Metapragmatic discourse and metapragmatic function. In: LUCY, J. (ed.). Reflexive language, reported speech and metapragmatics. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.
SILVERSTEIN, M. Indexical order and the dialectics of sociolinguistic life. Language & Communication, 23, pp.193-229, 2003.
TELLES, E. Racismo à Brasileira: Uma Nova Perspectiva Sociológica. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2003.
THORNBORROW, J.; COATES, J. The sociolinguistics of narrative: Identity, performance, culture. In: THORNBORROW, J; COATES, J. (eds.). The sociolinguistics of narrative. Philadelphia, Pennsylvania: John Benjamins, 2005, pp. 1-16.
THREADGOLD, T. Performing theories of narrative: theorizing narrative performance. In: THORNBORROW, J.; COATES, J. (eds.). The sociolinguistics of narrative. Philadelphia, Pennsylvania: John Benjamins, 2005, pp. 261-278.
WORTHAM, S. Narrative in action: a strategy for research and analysis. New York: Teachers’ College Press, 2001.