PASSAGENS: BENJAMIN, PARIS, BORGES, BUENOS AIRES

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Claudio Celso Alano da Cruz

Resumo

Dando início ao projeto Passagens: Benjamin, Paris, Borges, Buenos Aires, e tendo como foco principal O Livro das Passagens, o que se pretende aqui é estabelecer um diálogo inicial entre a obra de Borges e a de Benjamin. Já contamos, neste sentido, com alguns aportes pioneiros de Ricardo Forster, Sylvia Molloy e Kate Jenckes. Como alguns comentadores de Benjamin já vêm chamando a atenção, o inacabamento d’O Livro das Passagens fez dele uma espécie de “obra aberta”, em conformidade com a célebre concepção proposta por Umberto Eco. Por outro lado, se é verdade, como dizia o próprio Borges, que a melhor forma de ler um livro é reescrevê-lo, reescrever O Livro das Passagens talvez seja a melhor forma de fazer jus a ele. Dada a riqueza de seus 4234 fragmentos, dispostos em 36 seções temáticas (konvoluts), essa obra incita-nos a criar nossa própria operação de montagem, conforme vêm propondo alguns comentadores de Benjamin. Na verdade, o livro sugere-nos mesmo a possibilidade de conceber nossos próprios arquivos temáticos, colecionando e reunindo fragmentos escolhidos por nós próprios, arquivos originais, abrindo perspectivas para outras e variadas montagens. Um caminho, entre tantos outros possíveis, seria estabelecer uma “passagem” entre a “central” Paris de Benjamin e a “periférica” Buenos Aires de Borges, a fim de constituir um arquivo à semelhança do por Benjamin, mas agora dedicado a Buenos Aires. A importância das cidades e dos autores para efeito de um estudo da modernidade ocidental é por demais evidente, e não seriam necessárias justificativas para aproximá-los, principalmente se houver uma intenção de melhor entender as tensões típicas do mundo contemporâneo, dividido entre centro e periferia, muito mais do que entre capitalismo e comunismo, como parecia para todos no século XX. Trata-se hoje, muito mais, de investigar as tensões Norte/Sul. Neste sentido, pode ser muito produtivo lançar um olhar benjaminiano a essa “Paris sul-americana”, que teve em Borges talvez o seu fruto mais precioso e contraditório.Palavras-chave: Missão do escritor; nação; identidade nacional; projeto literário.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
Cruz, C. C. A. da. (2016). PASSAGENS: BENJAMIN, PARIS, BORGES, BUENOS AIRES. Caderno De Letras, (26), 15-27. https://doi.org/10.15210/cdl.v0i26.8857
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Claudio Celso Alano da Cruz, UFSC

Escritor, professor e pesquisador. Realizou Pós-Doutorado na Universidad de Buenos Aires (2008) e Doutorado em Teoria Literária na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1997). É Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, desenvolvendo atualmente o projeto intitulado "Passagens: Benjamin, Paris, Borges, Buenos Aires". Tem textos publicados no país e no exterior (Estados Unidos, Argentina, Holanda, França, Venezuela, Paraguai, Chile). Ocupa o cargo de Professor Associado 4 na Universidade Federal de Santa Catarina, onde atua na área de Teoria Literária, Literatura Brasileira e Literatura Argentina, enfocando principalmente os seguintes temas: representações da experiência no espaço (campo/subúrbio/cidade) e no tempo (história/memória) no âmbito da literatura moderna, principalmente a partir de conceitos de Walter Benjamin. Em 2000 adaptou para o palco o romance "Os Ratos", de Dyonélio Machado, com temporadas no Teatro Gláucio Gil (Rio de Janeiro) e Teatro do Sesi (Porto Alegre). Publicou, entre outros livros, "Marcos IV,23" (1988), "Literatura e Cidade Moderna" (1994), Simões Lopes Neto (1999), "Arrabaleros" (2006), A Ilha do Tesouro e outros poemas (2009) e "Recordações de um encenador da província" (2010). No mesmo ano publicou "Poesia herege" (Florianópolis:Editora da UFSC, 2010) - poemas traduzidos de Evaristo Carriego. Organizou em 2012 uma edição comemorativa ao centenário de publicação de "Contos Gauchescos" (João Simões Lopes Neto) para a Editora da UFSC. Organizou a coletânea de ensaios "Orfeu do Vinicius & Cia" (Florianópolis:Editora da UFSC, 2015).