Memórias da (des)territorialização indígena: A colonização como centro irradiador das vilas

  • Túlio Henrique Pereira Universidade Federal do Piauí
  • Ramon Queiroz Souza Universidade Federal de Feira de Santana
Palavras-chave: Memórias da desterritorialização, Território Indígena, Visualidades, Colônia, A primeira Missa no Brasil

Resumo

Ao tomarmos como objetos de análise a pintura A primeira missa no Brasil, de Victor Meirelles, e a planta da Vila de Abrantes, produzida pelo capitão Domingos Alves Branco Muniz Barreto, sobre o território indígena do sertão baiano, objetivamos compreender algumas das memórias da desterritorialização das terras indígenas e as transformações do espaço natural do território brasileiro a partir do contato estabelecido entre portugueses e indígenas no período colonial. Na análise, refletimos sobre como a apropriação do espaço, antes pertencente aos indígenas, se deu acompanhada de símbolos do poder. Neste artigo, pensamos na transformação do espaço natural convertido em símbolo do poder europeu, evidenciando conflitos e reestruturações de significados do território do sertão baiano a partir do século XV. Abstract:  By taking as subject of analysis the painting A primeira missa no Brasil (The first mass in Brazil) by Victor Meirelles and the plans of Vila de Abrantes (Abrantes Villa) designed by Captain Domingos Alves Branco Muniz Barreto, regarding the indigenous territory of the Bahian’s backland, we aim in this work to understand some of the memories of the deterritorialization of indigenous lands and the transformations of the Brazilian territory natural space since the contact established between Portuguese people and indigenous people in the Colonial Period. In the analysis, we reflect on how the appropriation of the territory happened alongside the use of symbols of power. In this paper, we think about the transformation of the natural space converted in a European symbol of power, revealing conflicts and meaning restructure of the Bahian backland territory from the XV century on.

Biografia do Autor

Túlio Henrique Pereira, Universidade Federal do Piauí
Doutor em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Estágio Pós-Doutoral na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Bolsista PNPD/CAPES. Teresina – PI – Brasil. E-mail: tuliohenriquepereira@gmail.com
Ramon Queiroz Souza, Universidade Federal de Feira de Santana
Mestrado em História pela Universidade Estadual de Feira de Feira de Santana (UEFS). Bolsista CAPES. Jequié – BA – Brasil. E-mail: mom.queiroz@hotmail.com

Referências

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Metamorfoses indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2013.

BARRETO, Domingos Aves Branco Muniz. O feliz clima do Brasil de Domingos Alves Branco Barreto. Rio de Janeiro: Dantes, 2008.

BRUNET, Luciano Campos. De aldeados a súditos: viver, trabalhar e resistir em Nova Abrantes do Espírito Santo. Bahia, 1758-1760. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2008.

CALDEIRA, Junia Marques. A Praça Brasileira: trajetória de um espaço urbano – origem e modernidade. Tese (Doutorado em História). Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2007.

CATHARINO, José Martins. Posse, propriedade e trabalho, In: ______. Trabalho índio em terras da Vera ou Santa Cruz do Brasil: tentativa de resgate ergonlógico. Rio de Janeiro: Salamandra, 1995.

CHAUÍ, Marilena S. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. 1.ed. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2000.

______. Brasil: o mito fundador. Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, n. 19, p. 23-36, out. 2000.

COELHO, Mouro Cezar. A construção de uma lei: o Diretório dos Índios. R. IHGB. v. a n. 168(437), p. 29-48, out./dez. 2007.

COUTO, Maria de Fátima Morethy. Imagens eloquentes: a primeira missa no Brasil. ArtCultura, v. 10, n. 17, p. 159-171, jul–dez. 2008.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a Filosofia? Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992 [1991].

______. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. v. 1. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995 [1980].

______. O Anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia. Lisboa: Assírio & Alvim, s/d. [1972].

DIDI-HUBERMAN, Georges. Devant l’image: question posée aux fins d’une histoire de l’art. Paris: Les Éditions de Minuit, 1990.

FALCON, Francisco José Calazanas. A época pombalina: política econômica e monarquia ilustrada. São Paulo. Ática, 1982.

GOMBRICH, Ernest H. Meditações sobre um cavalinho de pau e outros ensaios sobre a teoria da arte. São Paulo: Edusp, 1999.

GUATTARI, E; ROLNIK, S. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes, 1996.

MARCIS, Teresinha. A integração dos índios como súditos do rei de Portugal: uma análise do projeto, dos autores e da implementação na Capitania de Ilhéus, 1758-1822. Tese (Doutorado em História). Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2013.

MELLO JUNIOR, Donato. Temas históricos. In: VVAA, Victor Meirelles de Lima. Rio de Janeiro: Edições Pinakotheke, 1982.

MOISÉS-PERRONE, Beatriz. Índios livres e índios escravos: Os princípios da legislação indigenista do período colonial (século XVI a XVIII), In: CUNHA, Manuela Carneiro da (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria Municipal de Cultura, FAPESP, 1992.

OLIVEIRA, João Pacheco (Org.). A viagem da volta: etnicidade, política e reelaboração cultural no Nordeste indígena. Rio de Janeiro: Contracapa, 1999.

______. (Org.). A presença indígena no Nordeste: processos de territorialização, modos de reconhecimento e regimes de memória. Rio de Janeiro: Contracapa, 2011.

PEREIRA, Walter Luiz Carneiro. Pintura histórica no Brasil - Imagem e palavra na historiografia da arte. Primeiros escritos, UFF/LABHOI. In: NOVAES, Adauto (Org.). A descoberta do homem e do mundo. São Paulo: Minc,Funarte,Cia das Letras, 1998.

RATTS, Alecsandro, J. P. Os Povos Invisíveis: territórios negros e indígenas no Ceará. Cadernos CERU, v. 2, n. 9, 1998. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/ceru/article/view/74991>. Acessado em 05/5/05/2019.

REGIMENTO DE 1548 DE TOMÉ DE SOUSA. Disponível em: <http://lemad.fflch.usp.br/sites/lemad.fflch.usp.br/files/201804/Regimento_que_levou_Tome_de_Souza_governador_do_Brasil.pdf> . Acessado em 10/10/2018.

RIBEIRO, Núbia Braga. Catequese e civilização dos índios nos sertões do Império Português no século XVII. História, v. 28, n. 1, p. 322-323. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/his/v28n1/12.pdf>. Acessado em 10/10/2018.

SANTOS, Fabrício Lyrio. Da catequese à civilização: colonização e povos indígenas na Bahia. Cruz das Almas: UFRB, 2014.

SCHAMA, Simon. Paisagem e memória. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

______. O desconforto da riqueza: a cultura holandesa na época de ouro. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

WARBURG, Aby. O nascimento de Vénus e a primavera: Sandro Botticelli. Lisboa: KKYM, 2012.

Publicado
2019-06-30
Como Citar
Pereira, T. H., & Souza, R. Q. (2019). Memórias da (des)territorialização indígena: A colonização como centro irradiador das vilas. Cadernos Do LEPAARQ (UFPEL), 16(31), 79-93. https://doi.org/10.15210/lepaarq.v16i31.14676
Seção
Dossiê Comunidades Quilombolas, Negras, Ciganas e Indígenas na América Latina: Racismos Institucional e Epistemológico