O corpo transfigurado: porque a noite é sempre outra

Palavras-chave: Fotografia, Noite, Simulacro, Fantasma.

Resumo

Diante do trabalho Da série Incursões Noturnas – Pátio / 003, por mim realizado em 2008, proponho um relato de processo e a leitura da obra, na qual observa-se a transfiguração do corpo na superfície fotográfica. A desorganização da figura pela captura do movimento suscita a relação com o conceito de corpo sem órgãos de Deleuze e Guattari. A forma espectral da imagem que insiste em séries dissemelhantes, sugere a noção de imagem fantasma, possibilitando a discussão sobre a relação da fotografia com a imagem ícone e a imagem simulacro, diferenciadas por Platão. Para pensar o caráter da fotografia no contexto das Incursões Noturnas, cujas imagens afirmam-se como cópias distorcidas da ação, como a imagem fantasma, propõe-se uma análise do conceito de simulacro em Deleuze, a partir da reversão do platonismo em Nietzsche.Palavras-chave: Fotografia; Noite; Simulacro; Fantasma.The transfigured body: because the night is always other  Abstract: In light of From the series Nocturnal Incursions - Patio / 003, a work produced in 2008, I propose a reporting on process and a reading of the work, in which the body’s transfiguration is observed on the photographic surface. The figure’s disorganization captured in movement evokes the relation with Deleuze and Guattari’s concept of body without organs. The spectral form of the image insists on a dissimilar series and suggests the notion of the phantom image, thus raising a discussion about the relationship of photography with the icon and the simulacrum, images differentiated by Plato. In order to consider the nature of photography in the context of Incursões Noturnas, in which the images assert themselves as distorted copies of the action, as phantom images, this article proposes an analysis of the concept of simulacrum in Deleuze, based on the reversion of Platonism in Nietzsche. Keywords: Photography; Night; Simulacrum; Ghost.

Biografia do Autor

Lizângela Torres, Universidade Federal de Pelotas/UFPel
Artista Visual, pesquisadora e professora do Curso de Artes Visuais – Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas/UFPel. Possui graduação, mestrado e doutorado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, com participação no Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior na Faculdade de Belas- Artes da Universidade de Lisboa – Portugal. Atualmente pesquisa formas de apresentação e proposição de experiências deflagradas por ações noturnas através de instalações multimídia: fotografia, vídeo, objeto, pintura e desenho.  

Referências

ALMEIDA, Carlos Souza de; e FERNANDES, Carlos M (Orgs). O lápis mágico: Uma história da construção da fotografia. Lisboa: Instituto Superior Técnico PRESS, 2015.

BAUDRILLARD, Jean. Simulacro e simulação. Lisboa: Relógio D'Água, 1991. p. 198.

BLANCHOT, Maurice. O espaço literário. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia – Vol. 3. São Paulo: Editora 34, 1996.

DELEUZE, Gilles. Lógica do sentido. São Paulo: Perspectiva, 2007.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante do tempo: história da arte e anacronismo das imagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2015.

FLORES, Laura González. Fotografia e pintura: dois meios diferentes? São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal: prelúdio de uma filosofia do futuro. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2009.

_____. Crepúsculo dos ídolos: como filosofar a marteladas. São Paulo: Lafonte, 2018.

PLATÃO. O Sofista. 236b, 264c.

POE, Edgar Allan. Contos de terror de mistério e de morte. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

STOICHITA, Victor. O efeito Pigmalião: para uma antropologia histórica dos simulacros. Lisboa: KKYM, 2011.

Publicado
2020-12-10
Como Citar
Torres, L. (2020). O corpo transfigurado: porque a noite é sempre outra. Paralelo 31, 2(15), 80. https://doi.org/10.15210/p31.v2i15.21001