O Português indígena sateré-mawe

Um projeto de pesquisa sociolinguística

Palavras-chave: Português indígena, Sateré-mawé, Contato entre línguas, Bilinguismo, Morfossintaxe

Resumo

O artigo apresenta uma proposta de pesquisa sociolinguística do português indígena sateré-mawé, situado no município de Parintins, no Estado do Amazonas, bem como seus primeiros resultados empíricos, com a identificação de aspectos da morfossintaxe dessa variedade linguística supostamente derivados do contato entre línguas. A pesquisa é baseada em uma amostra de fala vernácula coletada, de acordo com as técnicas de pesquisa de campo da Sociolinguística variacionista, nas comunidades indígenas, com 16 falantes bilíngues em sateré-mawé e português. O artigo também faz uma descrição socioeconômica, demográfica e etnográfica do povo sateré-mawé e discute o conceito de português indígena e as implicações do seu estudo para o conhecimento da diversidade etnolinguística do país e para o ensino de língua de português nas comunidades indígenas.

Referências

ALMEIDA, A. W. B. de; RUBIM, A. C. Kokama: a reconquista da língua e as novas fronteiras políticas. Revista Brasileira de Linguística Antropológica, v. 4, n. 1, p. 67-80, 2012. https://doi.org/10.26512/rbla.v4i1.20669

BICKERTON, D. Roots of language. Ann Arbor: Karoma, 1981.

BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas. Brasília: MEC, 1998.

CHISTINO, B.; SILVA, M. Concordância verbal e nominal na escrita em Português-Kaingang. Papia, v. 22, n. 2, p. 415-428, 2012.

COSTA, Januacele Francisca da. Bilinguismo e Atitudes Linguística Interétnicas: Aspectos do Contato Português-Ya:thê. 1993. 148 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal de Pernambuco, 1993.

CRUZ, A. Fonologia e Gramática do Nheengatú: a língua geral falada pelos povos Baré, Warekena e Baniwa. 2011. 233 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Vrije Universiteit, Amsterdam, 2011.

CSPM. Nossa unidade de beneficiamento. Disponível em: https://photos.google.com/share/AF1QipPUSoFvQxtwJ-bRIIlwZx3qVMOU04BgxooxWyAdiwDLNZFosH6cfN8yz6WqsWVJug?key=MEtDd1FIbDVHUW1OcXg2dC1HeGZzZXhYUXFjaGh3. Acesso em 23 set. 2020.

D’ANGELIS, W. R. Línguas Indígenas no Brasil: urgência de ações para que sobrevivam. In: BOMFIM, A. B.; COSTA, F. V. F. da (orgs). Revitalização de língua indígena e educação escolar indígena inclusiva. Salvador: Egba, 2014. p. 93-117.

DRUDE, S. On the position of the Awetí language in the Tupi family. In. DIETRICH, W.; SYMEONIDIS, H. (Eds). Guaraní y “Mawetí-Tupí-Guaraní. Berlin: Lit Verlag, 2006.

EMMERICH, C. O português de contato no Parque Indígena do Xingu. Estudos Linguísticos e Literários, n. 13, p. 57-90, 1992.

FERREIRA, M. Descrição de aspectos da variante étnica usada pelos parkatêjê. DELTA, v. 21, n. 1, p. 1-21, 2005. https://doi.org/10.1590/S0102-44502005000100001

FOUGHT, C. Ethnic Identity and Linguistic Contact. In: HICKEY, R. (ed.). The Handbook of Language Contact. Chichester: Wiley-Blackwell, 2010. p. 282-298. https://doi.org/10.1002/9781444318159.ch14

FREYRE, G. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. In: SANTIAGO, S. (Coord.). Intérpretes do Brasil. Vol. 2. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. p. 121-645.

GOMES, C. A. A importância do significado da preposição na aquisição de segunda língua. Papia, v. 9, p. 65-71, 1997.

HICKEY, R. Contact and Language Shift. In: HICKEY, R. (ed.). The Handbook of Language Contact. Chichester: Wiley-Blackwell, 2010. p. 151-169. https://doi.org/10.1002/9781444318159

INSTITUTO AMAZONIA. Pesquisas avançam para melhorar o cultivo do guaraná no Amazonas. Disponível em: https://www.institutoamazonia.org.br/pesquisas-avancam-para-melhorar-o-cultivo-do-guarana-no-amazonas/. Acesso em: 09 ago. 18.

LABOV, W. Padrões Sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, 2008.

LUCCHESI, D. História do Contato entre Línguas no Brasil. In: LUCCHESI; D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (orgs.). O Português Afro-Brasileiro. Salvador: Edufba, 2009a. p. 41-73. https://doi.org/10.7476/9788523208752

LUCCHESI, D. A concordância de gênero. In: LUCCHESI; D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (orgs.). O Português Afro-Brasileiro. Salvador: Edufba, 2009b. p. 295-318. https://doi.org/10.7476/9788523208752

LUCCHESI, D. A diferenciação da língua portuguesa no Brasil e o contato entre línguas. Estudos de Lingüística Galega, Santiago de Compostela, n. 4, p. 45-65, 2012.

LUCCHESI, D. O contato entre línguas na história sociolinguística do Brasil. In: VALENTE, A. (Org.). Unidade e Variação na Língua Portuguesa: suas representações. São Paulo: Parábola. p. 80-100. 2015a.

LUCCHESI, D. Língua e sociedade partidas: a polarização sociolinguística do Brasil. São Paulo: Contexto, 2015b.

LUCCHESI, D. Por que a crioulização aconteceu no Caribe e não aconteceu no Brasil? Condicionamentos sócio-históricos. Gragoatá, v. 24, n. 48, p. 227-255, 2019. https://doi.org/10.22409/gragoata.2019n48a33628

LUCCHESI; D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (orgs.). O Português Afro-Brasileiro. Salvador: Edufba, 2009. https://doi.org/10.7476/9788523208752

LUCCHESI, D.; BAXTER, A.; SILVA, J. A. A. A concordância verbal. In: LUCCHESI; D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (orgs.). O Português Afro-Brasileiro. Salvador: Edufba, 2009. p. 331-372. https://doi.org/10.7476/9788523208752

LUCCHESI, D.; MACEDO, A. A variação na concordância de gênero no português de contato do Alto Xingu. Papia, Brasília, v. 9, p. 20-36, 1997.

MAHER, T. M. Ser professor sendo Índio: questão de língua(gem) e identidade. Campinas: Pontes, 1996.

MAHER, T. M. Sendo índio em português... In: SIGNORINI, I. (Org.). Língua(gem) e identidade: elementos para uma discussão no campo aplicado. Campinas: Mercado de Letras/Fapesp, 1998. p. 115-38.

MAIA. M. A revitalização de línguas indígenas e seu desafio para a educação intercultural bilíngue. Tellus, ano 6, n. 11, p. 61-76, 2006. https://doi.org/10.20435/tellus.v0i11.105

MATRAS, Y. Contact, Convergence and Typology. In: HICKEY, R. (ed.). The Handbook of Language Contact. Chichester: Wiley-Blackwell, 2010. p. 66-85. https://doi.org/10.1002/9781444318159.ch3

MATTOS E SILVA, R. V. Sete Estudos sobre o Português Kamayurá. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBS, 1988.

MICHAELIS, S. Predicative noun frase. In: MICHAELIS, S.; MAURER, P.; HASPELMATH, M.; HUBER, M. (Eds.). The Atlas of Pidgin & Creole Language Structures. Oxford: Oxford University Press, 2013. p. 290-294.

PERDUE, C. Adult Language Acquisition; Cross-Linguistic Perspectives. Vol. 1: Field Methods. Cambridge: Cambridge University Press, 1993a.

PERDUE, C. Adult Language Acquisition; Cross-Linguistic Perspectives. Vol. 2: The Results. Cambridge: Cambridge University Press, 1993b.

RODRIGUES, Aryon. A Classificação do Tronco Tupi. Revista de Antropologia, v. 12, n. 1/2, p. 99-104, 1986.

RODRIGUES, A. Relações internas na família linguística Tupi-Guarani. Revista Antropológica, v. 27/28, p. 33-53, 1984/85.

RODRIGUES, A. Línguas indígenas: 500 anos de descobertas e perdas. DELTA, v. 9, n. 1, p. 83-103, 1993.

RODRIGUES, A. D.; DIETRICH, W. On the linguistic relationship between mawé and tupi-guarani. Diachronica, Amsterdam, v. XIV, n. 2, p. 265-304, 1997.https://doi.org/10.1075/dia.14.2.04rod

ROMAINE, S. Contact and Language Death. In: HICKEY, R. (ed.). The Handbook of Language Contact. Chichester: Wiley-Blackwell, 2010. p. 320-339. https://doi.org/10.1002/9781444318159.ch16

SILVA, R. G. P. da. Estudo Morfossintático da Língua Sateré-Mawé. 2010. 247 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

SIMAS, H. C. P.; FERNANDES, T. N.; SILVA, A. R. A Língua sateré-mawé em contexto urbano. In: BARTOLI, E.; MUNIZ, C.; ALBUQUERQUE, R. (orgs). Parintins: Sociedade, Território e Linguagens. Manaus: EDUA, 2016. p. 161-178.

SOCIOAMBIENTAL. Os filhos do Guaraná. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Sater%C3%A9_Maw%C3%A9#Os_filhos_do_Guaran.C3.A1. Acesso em: 28 set. 2020.

TEIXEIRA, P. Sateré-Mawé: Retrato de um povo indígena. Manaus: UFAM, 2005.

TRUDGILL, P. Sociolinguistic typology and complexification. In: SAMPSON, Geoffrey; GIL David; TRUDGILL, Peter (eds.). Language complexity as an evolving variable. Oxford: Oxford University Press, 2009. p. 97-108. https://doi.org/10.1002/9781444318159.ch15

TRUDGILL, P. Contact and Sociolinguistic Typology. In: HICKEY, R. (ed.). The Handbook of Language Contact. Chichester: Wiley-Blackwell, 2010. p. 299–319.

UGGÉ, H. Bonitas Histórias Sateré-Maué. Manaus: Governo do Estado do Amazonas, SEDUC, s/d.

WINFORD, Donald. An introduction to Contact Linguistic. Oxford: Blackwell, 2003.

Publicado
2020-11-06
Como Citar
Cristina Picanço Simas, H., & Lucchesi, D. (2020). O Português indígena sateré-mawe: Um projeto de pesquisa sociolinguística. Revista Linguagem & Ensino, 23(4), 1076-1096. https://doi.org/10.15210/rle.v23i4.18735