AS MULHERES DO MST NA LUTA PELA TERRA E POR FAZER-SE EM SUJEITOS POLÍTICOS: RASTROS DA EXPERIÊNCIA ORGANIZATIVA NAS PÁGINAS DO JORNAL SEM TERRA

  • Iolanda Araujo Ferreira dos Santos
  • Everton Lazzaretti Picolotto

Resumo

No surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra o objetivo central era a luta pela terra, mas com foco na figura masculina como “trabalhador rural sem terra”. A mulher era, nesse caso, apenas um membro da família sem terra, e o homem era o sujeito político, com poder e representatividade no movimento. Neste artigo buscamos elucidar qual o papel da mulher na luta pela terra e como o MST aborda e encara as questões de gênero. Para tanto, foram realizadas análises dos conteúdos das edições do Jornal Sem Terra, além da análise de cartilhas e cadernos de formação do MST que tratam da temática de gênero e feminismo, a fim de entender como a pauta das mulheres aparece nessas publicações. A luta das mulheres no MST é analisada nesse trabalho com base nas experiências organizativas vividas por estas no processo de fazer-se sujeito político. Assim, a partir das notícias do Jornal Sem Terra, foram delimitadas fases organizativas das mulheres no MST, que nos ajuda a compreender como se desenvolve a organização feminina no interior do Movimento, bem como suas principais pautas. Conclui-se que, desde o início do MST as mulheres iniciaram uma organização interna para reivindicar seus direitos enquanto sujeitos políticos e que o processo de incorporação das questões de gênero pelo MST é uma conquista da organização de mulheres, e não uma iniciativa espontânea do Movimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGUIAR, V. V. P. Mulheres rurais, movimento social e participação: reflexões a partir da Marcha das Margaridas. Revista Política & Sociedade, v. 15. 2016

BORDALO, C.A. Os caminhos da política: o sindicalismo rural e os movimentos de mulheres trabalhadoras rurais em Pernambuco. 2011. 158p. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, 2011.

CARNEIRO, M. J. Mulheres no campo: notas sobre sua participação política e a condição social do gênero. Revista Estudos Sociedade e Agricultura. Rio de Janeiro. p.11-22. 1994.

CORADINI, Odacir. Ambivalência na representação de classe e a noção de “trabalhador rural”. In: NAVARRO, Z. (org.). Política, protesto e cidadania no campo. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 1996.

DEERE, C.D. Direitos da mulher à terra e os movimentos sociais rurais na reforma agrária brasileira. R. Estudos Feministas, Florianópolis, v.12, n.1, p. 175- 204, jan.-abr./2004.

ESMERALDO, G. G. O protagonismo político de mulheres rurais por seu reconhecimento econômico e social. In: NEVES, Delma P.; MEDEIROS, Leonilde S.de (Orgs.). Mulheres camponesas: trabalho produtivo e engajamentos políticos. Niterói: Alternativa, 2013. p. 237-256.

FERRANTE, V.L.S.B; DUVAL, H.C; BERGAMASCO, S.M.P.P; BOLFE, A.P.F; Na trajetória dos assentamentos rurais: mulheres, organização e diversificação. In: NEVES, Delma P.; MEDEIROS, Leonilde S.de (Orgs.). Mulheres camponesas: trabalho produtivo e engajamentos políticos. Niterói: Alternativa, 2013. p. 195-216.

FRASER, N. “Mapeando a imaginação feminista”: da redistribuição ao reconhecimento e à representação. Revista Estudos Feministas, 15(2), 291-308. 2007

FURLIN, N. A perspectiva de gênero no MST: um estudo sobre o discurso e as práticas de participação das mulheres. In: NEVES, Delma P.; MEDEIROS, Leonilde S.de (Orgs.). Mulheres camponesas: trabalho produtivo e engajamentos políticos. Niterói: Alternativa, 2013. p. 257-284.

GONÇALVES, R. (Re)politizando o conceito de gênero: a participação política das mulheres no MST. Dossiê: contribuições do pensamento feminista para as Ciências Sociais, Mediações, Londrina, v. 14, n. 2, p. 198-216, jul./dez. 2009.

MELUCCI, A. A invenção do presente. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA. A questão da mulher no MST. MST. São Paulo: MST, 1996.

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA. Caderno de Formação nº 02: mulher sem terra. São Paulo: MST [19--].

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA. Caderno de Formação nº 15: a mulher nas diferentes sociedades. São Paulo: MST, 1988.

PAULILO, M. I. S. Trabalho familiar: uma categoria esquecida de análise. R. Estudos Feministas, v.12, n.1, p. 229-252, jan.-abr./2004.

PICOLOTTO, E. L. As Mãos que Alimentam a Nação: agricultura familiar, sindicalismo e política. 2011. 289p. Tese (Doutorado em Ciências Sociais em Desenvolvimento Agricultura e Sociedade) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2011.

THOMPSON, E. P. A miséria da teoria ou um planetário de erros uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: ZAHAR, 1981.

THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Publicado
2019-08-30
Seção
Dossiê: Feminismos na América Latina: Movimentos Sociais, Estado e Partidos Políticos