INTERSECCIONALIDADE OU CONSUBSTANCIALIDADE

Faz diferença para pensar a diferença?

  • Amanda Kovalczuk de Oliveira Garcia
Palavras-chave: Interseccionalidade, Consubstancialidade, Feminismo negro, Feminismo materialista

Resumo

O artigo propõe um estudo teórico-exploratório de duas perspectivas analíticas diferentes para a compreensão de gênero, raça e classe, além de outros marcadores sociais, como idade, sexualidade, nacionalidade, etnia, religião e deficiência: a interseccionalidade e a consubstancialidade. Busca-se desenvolver um exercício reflexivo sobre elas, apresentando seus fundamentos teóricos, assim como articulando possíveis pontos de encontro e divergência. Para tanto, parte-se da interseccionalidade, a perspectiva mais difundida nos estudos sobre gênero atualmente, cuja origem remonta ao feminismo negro estadunidense, para seguir para a apresentação daquela menos destacada no debate, a consubstancialidade, ligada sobretudo ao feminismo materialista francês. A análise das divergências entre as duas perspectivas é organizada em quatro itens: primeiro, o uso de categorias descritivas de identidade ou relações sociais; segundo, a mobilização de metáforas de entrecruzamento de eixos ou de espiral; terceiro, as diferentes concepções acerca da relacionalidade; quarto, o favorecimento de determinadas dimensões de gênero, raça e classe. Por fim, argumenta-se que o uso da interseccionalidade e da consubstancialidade produz diferentes implicações analíticas, tanto de ordem metateórica quanto de abrangência dos fenômenos sociais, de maneira que sua aplicação pelos pesquisadores deve ser estratégica, consciente e não intercambiável. Sem sugerir a primazia de uma perspectiva sobre a outra, objetiva-se contribuir para complexificar o debate sobre os marcadores sociais da diferença, acrescentando pluralidade às discussões teórico-analíticas.

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Publicado
2024-12-15
Seção
Dossiê Interseccionalidades: experiências, olhares, reflexões e engajamento