TÁTICAS E ESTRATÉGIAS PARA PENSAR O SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL NO PRESENTE: O QUE TEM O RAP COM ISSO?
Resumo
Este trabalho, fruto de uma dissertação de mestrado, tem como premissa engendrar alguns questionamentos frente ao sistema jurídico contemporâneo, especialmente ao sistema de justiça criminal, a partir de entrevistas realizadas com compositores de Rap, na cidade de Pelotas/Rio Grande do Sul/Brasil. A pesquisa foi realizada no ano de 2014 e 2015, com compositores locais, sendo possível perceber a subdivisão do Rap em “gerações”, levando em consideração as abordagens que destacam em suas composições. Além disso, percebi nas entrevistas a incessante crítica ao sistema jurídico e as prévias rotulações existentes pelos agentes estatais àqueles considerados “anormais”. Assim, discuti as subjetivações e subjetividades construídas pelo Rap local e pelo sistema de justiça criminal, e como elas reverberam nas verdades produzidas e reproduzidas socialmente. Para alicerçar-me teoricamente, baseei-me em algumas produções de Michel Foucault, em autores da sociologia da violência, juristas e em estudos que dedicam atenção ao Rap.Palavras-chave: Rap pelotense; Sistema jurídico; Pesquisa de campo; Discurso; Sujeição criminal.Referências
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