Entre o ouriço e o cordeiro: uma reflexão sobre a poética do não-humano em a fugitiva, de alice munro
Palavras-chave:
Alice Munro, Ironia, Não-humano
Resumo
Este trabalho pretende explorar duas vertentes que se abrem à reflexão críticoliterária a partir da leitura da ficção-curta “A Fugitiva” da canadense Alice Munro. A primeira, mais evidente, vislumbra uma abordagem da relação ontológica do não-humano a partir da focalização da personagem Flora, animal de estimação da protagonista e força-motriz do enredo. Acredito que os parâmetros de indefinição e ironia constitutivos da configuração das personagens fundamentam-se na incredulidade que hoje ronda o sujeito-pleno, e visam, por extensão, à projeção do que seria sua contrapartida, i.e. o não-humano, definitivamente calcado dentro de uma perspectiva antropocêntrica. Além disto, a tessitura do enredo, ao privilegiar sistematicamente o não fechamento de sentidos ou subjetividades, estabelece um movimento cíclico espiralar que resiste a um clímax, e sugere, ao mesmo tempo, uma relação singular de contiguidade com a visão derridiana de poesia, a qual implica a busca constante, nunca o fim em si, entreabrindo, de forma sutil, uma intermitente experiência de alteridade e fruição do poético. Leituras envolvendo o poético e o não-humano, em Maciel, Derrida e outros, bem como apropriações da teorização de Burke e Poe servirão de apoio a este ensaio.Palavras-chave: Alice Munro; Ironia; Não-humano; Irony; Non-humanDownloads
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