Mulheres em busca do reconhecimento artístico no Brasil e Canadá: De criminosas a poderosas construtoras da herança cultural
Resumo
As escritoras brasileiras e canadenses que conquistaram um espaço nas letras entre as décadas de 60 e 90 celebram a função da mulher como criadora artística, porém não são ingênuas. Helena P. Cunha, Lya Luft, Margaret Laurence e Margaret Atwood mostram que as bases culturais e governamentais de uma sociedade influenciam a capacidade das mulheres de buscarem uma profissão na indústria cultural de seu país e de se tornarem pintoras, escritoras, musicistas, conforme são percebidas pelos personagens secundários. Essas visões externas não são as mesmas nas narrativas brasileiras e canadenses, o que leva as personagens principais a vivenciarem seus papeis de artistas e a buscarem o sucesso em suas carreiras de formas extremamente diferentes. As artistas representadas nos romances brasileiros precisam confrontar as imagens negativas usadas pela sociedade para desvalorizar sua profissão, contudo, elas nem sempre conseguem superar suas barreiras culturais. As personagens canadenses também encontram desafios para alcançarem seu sucesso. Entretanto, a sociedade nas quais elas estão inseridas oferecem imagens mais construtivas sobre mulheres artistas do que as opiniões disseminadas nas narrativas brasileiras.Referências
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