Zonas de Contato: Ressonâncias da natureza no infraordinário
Resumo
O presente estudo articula-se a questões geradas por práticas artísticas recentes. As cidades mostram-se um terreno fértil para a investigação artística, mais especificamente, o espaço do infraordinário, termo cunhado por Georges Perec, que se torna central nesta investigação poética. No espaço das banalidades diárias, a ideia de natureza brota como uma inadvertida ocorrência, construindo espaços denominados zonas de contato: espaços do cotidiano em que ressoa a natureza, em que se pode experimentar acontecimentos momentâneos, tomando posições fluídas articuladas a dispositivos artísticos específicos. O campo de atuação circunscreve-se a partir dos rios Guaíba e Caí, nas cidades de Porto Alegre e Montenegro, que disparam análises da imagem do rio como margem entre a natureza e a cultura, uma natureza dos interstícios, que atravessa a cidade: rios, terrenos baldios, mato que não é jardim. Qual natureza se manifestaria em uma zona de contato entre rio, cidade e cotidiano? Procura-se analisar como uma oposição entre natureza e cultura se constitui, conduzindo à hipótese de que a maior parte das coisas que conosco convivem estão em um contexto intermediário, podem transitar entre natureza e cultura, conforme apontado por Philippe Descola e Emanuele Coccia. Frequentemente, vida e arte, natureza e cidade são termos colocados como antagônicos tanto nas narrativas da história da arte quanto em nossos discursos cotidianos. Busca-se gerar uma imbricação entre essas instâncias, construindo uma outra zona possível de atuação. No infraordinário ressoa uma natureza que não é romântica ou selvagem, que ainda está por ser definida.Palavras-chave: Zonas de contato; infraordinário; natureza; cultura. Contact Zones: Ressonances regarding the nature of the Infra-ordinaryAbstract: The present study is related to issues generated by recent art practices. Cities are fertile ground for artistic research, more specifically, the space of the infra-ordinary, a term coined by Georges Perec, which becomes central to this poetic investigation. In the space of daily banalities, the idea of nature springs up as an inadvertent occurrence, building spaces called contact zones: spaces of everyday life in which nature resonates, in which momentary events can be experienced, taking fluid positions articulated to specific artistic devices. The field of action is circumscribed by the Guaíba and Caí rivers, in the cities of Porto Alegre and Montenegro in the state of Rio Grande do Sul, Brazil, which trigger analyzes of the river's image as a margin between nature and culture, a nature of the interstices that runs through the city: rivers, wasteland, bush that is not a garden. What nature would manifest itself in a contact zone between river, city and daily life? We seek to analyze how an opposition between nature and culture is constituted, leading to the hypothesis that most of the things that live with us are in an intermediate context, and can move between nature and culture, as pointed out by Philippe Descola and Emanuele Coccia. Often, life and art, nature and city are terms that are seen as antagonistic both in the narratives of art history and in our everyday discourses. We seek to generate an overlap between these instances, building another possible area of action. In the infra-ordinary resonates a nature that is not romantic or wild, which has yet to be defined. Keywords: Contact zones; infra-ordinary; nature; culture.Downloads
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