Narrar-se para se desgarrar do razoável: a ficção como dispositivo clínico-político ético-estético

Palavras-chave: Políticas do narrar, Ficção, Clínico-política, Ético-estética, Oficina.

Resumo

A experiência com oficinas de ficções colaborativas problematiza a noção de políticas do narrar e a produção dos nossos territórios existenciais, compreendendo-as como dispositivos clínico-políticos ético-estéticos que operam a experimentação constante dos nossos limites do dizer, fazer, pensar, sentir, conviver. A ética ficcional desloca a política do narrar moderno-colonial e suas plataformas globais em um exercício ético de escuta-contágio das diferenças como singularidades-virtualidades.Palavras-chave: Políticas do narrar; Ficção; Clínico-política; Ético-estética; Oficina. Narrate yourself to stray from the reasonable: fiction as a clinical-political ethical-aesthetic deviceAbstract: Experience with collaborative fiction workshops problematizes the notion of the politics of narrating and the production of our existential territories, understanding them as clinical-political ethical-aesthetic devices that operate the constant experimentation of our limits of saying, doing, thinking, feeling, living. Fictional ethics displaces the politics of modern-colonial narration and its global platforms toward an ethical exercise of listening-contagion of differences as singularities-virtualities.Keywords: Politics of narrating; Fiction; Clinical-political; Ethical-aesthetic; Workshops.

Biografia do Autor

Luis Artur Costa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS.
Docente adjunto do Departamento de Psicologia Social eInstitucional e do PPGPSI da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS, formado em psicologia, mestre pelo PPGPSI/UFRGS e doutor pelo PPGIE/UFRGS.Instituto de Psicologia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Referências

ALMEIDA, Arthur Gomes de. A história de A.: escrevivências de um aluno cotista negro do curso de psicologia da UFRGS. TCC (Graduação) – Curso de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.

ALVES, Moisés José de Melo; COSTA, Luis Artur. A ficção como dispositivo para problematizar as tecnologias de si: alter ego, autoajuda e escrita de si. Revista Mnemosine, vol.15, nº1, p. 352-372, 2019.

BARROS, Regina Duarte Benevides de. Grupo de Produção. In: Saúde e loucura 4, 1993, p. 145-54.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.

BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa: Ed. 70, 1995.

BECK, Ulrich. "Momento cosmopolita" da sociedade de risco. ComCiência, Campinas, n. 104, 2008. Disponível em <http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1519-76542008000700009&lng=pt&nrm=iso >. Acesso em 11 mar. 2020.

BOTTONI, Francine Delavald; COSTA, Luis Artur. Ética ficcional-cartográfica: a procura humilde e a força frágil. Quaderns de psicologia, vol.20, n.1, 2018, p.89-100. . http://dx.doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1436

CARDOSO, Jesse Rodrigues. Trajetos de Rogério (s) : escrevivências de um estudante periférico que na descortina-ação da cidade (se) encontra com a população em situação de rua. TCC (Graduação) – Curso de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS, Porto Alegre, 2020.

CARDOSO, Vanessa Branco. O cigarro da formiga: paradoxos entre trabalhadores e vagabundos em um estabelecimento prisional. Dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós Graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, (no prelo).

COSTA, Luis Artur. Brutas cidades sutis: espaço-tempo da diferença na contemporaneidade. Dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós Graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.

______. Desnaturando desmundos: a imagem e a tecnologia para além do exílio no humano. Tese (Doutorado)_Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

______. O corpo das nuvens: o uso da ficção na Psicologia Social. Fractal, revista de psicologia, v. 26 – n. esp., p. 551-576, 2014.

______. Compondo subjetivações biografemáticas: a arte como dispositivo nas práticas em saúde mental. Cadernos brasileiros de saúde mental, v.8, n.18, p.04- 24, 2016.

______. O (des)apropriado juízo de propriedade da posse: um delírio distópico ficto-jurídico em tempos esquizo-neuróticos. Em: Costa, Luciano Bedin da; Marques, Diego Souza (orgs.). A hora do pesadelo: paixões distópicas em educação. Porto Alegre: Ed. Sulina, 2018. p.107-132.

CEZAR, Brida E. S. A ética da memória nos trilhos da ferrovia: narrativas poéticas de um processo de pesquisa. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, 2018.

CUNHA, Aneta Regina. Memórias inventadas do endividamento: governamento da pobreza. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, 2017.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 1997.

DELEUZE, Gilles (2008). En medio de Spinoza. Buenos Aires: Cactus.

______. Empirismo e subjetividade: ensaio sobre a natureza humana segundo Hume. São Paulo: Ed. 34, 2008b.

______. Cartas e outros textos. São Paulo: n-1, 2018.

______. Lógica do Sentido. São Paulo: Ed. Perspectiva S.A., 1975.

______. Diferença e repetição. Ed. Graal, 1988.

______. Post-scriptum às sociedades de controle. Em: Conversações. São Paulo: Ed. 34, 1992. p.219-226.

______; ______. O que é a filosofia? São Paulo: Ed 34, 1992.

______; ______. Mil platôs vol.4. São Paulo: Ed. 34, 1997.

______. O Anti-Édipo. São Paulo: Ed. 34, 2010.

ESPINOSA, Baruch de. Obras selecionadas. Os Pensadores. São Paulo: Abril cultural, 1973.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2000.

______. Segurança, território, população. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: Episódios de Racismo Cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

HARDT, Michael & NEGRI, Antonio. Império. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2004

LIPOVETSKY, Pilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Ed. Barcarolla, 2004.

MARAZZI, Christian. A crise na New Economy e o trabalho das multidões. In: COCCO, Giuseppe; HOPSTEIN, Graciela (Orgs.). As multidões e o império: entre globalização da guerra e universalização dos direitos. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2002.

MAZZOLI, Pietra Pujol. Narrativas infiéis: a ficção como ferramenta na escrita psi. TCC (Graduação) - Curso de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019.

MBEMBE, Achille (2016). Necropolítica. Revista arte & ensaios, nº 32, dezemrbo. Rio de Janeiro: PPGAV UFRJ.

______. Crítica da razão negra. São Paulo: N-1, 2018.

NASCIMENTO, Luiza de Oliveira. Jogos de xadreza : do encarceramento à institucionalização de jovens mulheres e as práticas psi. TCC (Graduação) - Curso de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.

PAULA, Leonardo Régis de. Narrativas e ficção: traçando interseccionalidades no Acolhimento Institucional de crianças e adolescentes. TCC (Graduação) - Curso de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019.

PEREC, Georges. O Sumiço. São Paulo: Autêntica, 2015.

PRECIADO, Paul B. Pornotopia: playboy e a invenção da sexualidade multimídia. São Paulo: n-1, 2020.

QUENEAU, Raymond. Exercícios de estilo. Rio de Janeiro: Imago, 1995.

SAER, Juan José. El Concepto de Ficción. In: El concepto de ficción. Buenos Aires: Seix Barral, 2004, p. 9-16. Disponível no site http://www.literatura.org/Saer/jsTexto6. html. Acessado em 10/05/2011.

SIMONDON, Gilbert. A gênese do indivíduo. In: Cadernos de subjetividade: o reencantamento do concreto. São Paulo: Editora HUCITEC EDUC, 2003.

______. La individuación: a la luz de las nociones de forma y de información. Buenos Aires: Ediciones La Cebra y Editorial Cactus, 2009.

VIRILIO, Paul. O último veículo. Revista 34 Letras n 5/6, setembro/1994, RJ.

WHITEHEAD, Alfred North. Proceso y realidad. Buenos Aires: editorial losada, 1956.

______. O conceito de natureza. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

Publicado
2020-12-10
Como Citar
Costa, L. A. (2020). Narrar-se para se desgarrar do razoável: a ficção como dispositivo clínico-político ético-estético. Paralelo 31, 2(15), 180. https://doi.org/10.15210/p31.v2i15.21006