Diretrizes para uma acessibilidade estética com cegos no Museu do Açude

Palavras-chave: Acessibilidade estética. Arte. Museus. Deficiência visual.

Resumo

A acessibilidade de pessoas com deficiência visual em museus de arte ainda coloca problemas, em função da arraigada proibição ao toque que resta não problematizada na maioria dos museus. O presente estudo analisa uma visita realizada no Museu do Açude, no Rio de Janeiro, com um grupo heterogêneo de 25 pessoas, sendo 10 com deficiência visual e 15 videntes. O objetivo do estudo é analisar a experiência tátil e multissensorial das obras Garota de Ipanema, de P. Uklanski e Magic Square#5, de Hélio Oiticica. A pesquisa utilizou o método da cartografia (Passos; Kastrup; Escóssia, 2009; Passos; Kastrup; Tedesco, 2014), produzindo diários de campo e vídeos. Articulando a pesquisa de campo com estudos atuais de psicologia cognitiva, o texto discute quatro diretrizes da acessibilidade estética: o toque, o encontro de cegos e videntes, a mediação distribuída e a inventividade. A análise evidencia como três sentidos do toque, imaginação e invenção atuaram na acessibilidade estética.

Biografia do Autor

Virgínia Kastrup, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

 

Professora Titular do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutora em Psicologia Clínica (PUC-SP).

 

 

 

 

Laura Pozzana, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

 

Pesquisadora Colaboradora do NUCC - Núcleo de Pesquisa Cognição e Coletivos do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutora em Psicologia (PPGP/UFRJ).

 

 

Caio Herlanin, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

 

Pesquisador Colaborador do NUCC- Núcleo de Pesquisa Cognição e Coletivos do Programa
de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Psicologia (PPGP/UFRJ).

 

 



 

Referências

ALMEIDA, M. C.; CARIJÓ, F. H.; KASTRUP, V. Por uma estética tátil: sobre a adaptação de obras de artes plásticas para deficientes visuais. In: Kastrup, V. Cegueira e invenção: cognição, arte, pesquisa e acessibilidade. Curitiba: CRV, 2018. p. 151-165.
ALVES, C. A. E se experimentássemos mais? Contribuições não técnicas de acessibilidade em espaços culturais. Curitiba: Appris Editora, 2020. 97p.
BARROS, L. M. R.; BARROS, M. E. B. O problema da análise em pesquisa cartográfica In: Passos, Kastrup e Escóssia (Orgs.) Pistas do método da cartografia: a experiência da pesquisa e o plano comum V.2. Porto Alegre: Sulina, 2014. p. 175-202.
CANDLIN, F. Blindness, art and exclusion in museums and galleries. The International Journal of Art & Design, 22, 1, p. 100-110, 2023.
CANDLIN, F. Don’t touch! Hands off! Art, blindness and the conservation of expertise. Body & Society, 10, 1, p.71-90, 2004.
CANDLIN, F. Dubious inheritance of touch: art history and museum access. Journal of Visual Culture, 5, 2, p.137-54, 2006.
CHARTERJEE, H. Touch in museums: Policy and practice in object handling. Oxford-New York: Berg, 2008.
CLASSEN, C. The book of touch. Oxford-New York: Berg, 2005.
CLAUDET, P. Image Tactile. Voir Barré, 38/ 39, p.122-128, 2011.
DELEUZE, G. Le Bergsonisme. Paris: PUF, 1991.
DELEUZE, G. Francis Bacon: A Lógica da sensação. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
DEWEY, J. Art as experience. New York: Penguin Group, 2010.
ERIKSSON, Y. Images tactiles. Représentations picturales pour les aveugles. 1781-1940. Taland : Les Doigts qui Rêvent, 2008.
GUERREIRO, R. ; KASTRUP, V. Acessibilidade estética e imagens táteis de obras de arte. In : Kastrup, V. Cegueira e invenção: cognição, arte, pesquisa e acessibilidade. Curitiba: CRV, 2018. p. 213-224.
HATWELL, Y. ; STRERI, A. ; GENTAZ, E. (Orgs) Toucher pour connaître: psychologie cognitive de la perception tactile manuelle. Paris : Presses Universitaires de France, 2000.
HATWELL, Y. Psychologie cognitive de la cécité précoce. Paris: Dunod, 2003.
HELLER, M. ; GENTAZ, E. Psychology of touch and blindness. New York: Psychology Press, 2014.
KASTRUP, V. A invenção de si e do mundo. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
KASTRUP, V. Cegos e videntes se encontram no museu: da dicotomia à partilha da sensível. Caderno Tramas da Memória, 3, p.203-224, 2013.
KASTRUP, V. Devires e acessibilidade estética numa visita com cegos e videntes. Revista Mesa. 2015(a), p. 35-39. http://institutomesa.org/revistamesa/edicoes/1/bichos-feitos-de-nos/ Acesso em 19 abr. 2024.
KASTRUP, V. O tátil e o háptico na experiência estética: considerações sobre arte e cegueira. Revista Trágica. 8-3, p.69-85, 2015 (b).
KASTRUP, V.; CARIJÓ; F. H.; ALMEIDA, M. C. A abordagem da enação no campo da deficiência visual. In: KASTRUP, V. Cegueira e invenção: cognição, arte, pesquisa e acessibilidade. Curitiba: CRV, 2018. p.43-53.
KASTRUP, V.; VERGARA, L. G. A potência do experimental nos programas de acessibilidade: Encontros Multissensoriais no MAM Rio. Cadernos de Subjetividade (PUCSP), 4, p. 62-77, 2012.
KLATZKY, R.; LEDERMAN, S. (2000). L'identification haptique des objets significatifs. In : HATWELL, Y. ; STRERI, A. ; GENTAZ, E. (Orgs.) Toucher pour connaître: psychologie cognitive de la perception tactile manuelle. Paris : Presses Universitaires de France, 2000. p. 109-28.
KLEEGE, G. Some Touching Thoughts and Wishful Thinking. Disability Studies Quarterly, 33 (3), 2013. https://dsq-sds.org/index.php/dsq/article/view/3741/3284 - consultado em 19 abr. 2024.
KLEEGE, G. More than meets the eye. What blindness brings to art. Oxford: University Press, 2018.
LOURAU, R. Analista em tempo integral. Altoé, S. (Org.). São Paulo: Hucitec, 2004.
PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. (Orgs.) Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. V. 1. Porto Alegre: Sulina, 2009.
PASSOS, E.; KASTRUP, V; TEDESCO, S. (Orgs.) Pistas do método da cartografia: a experiência da pesquisa e o plano comum. V.2. Porto Alegre: Sulina, 2014. POZZANA, L. O Corpo em Conexão: Sistema rio berto. Niterói: EDUFF, 2008.
POZZANA, L. Corpo e cegueira: movimento sensível vital. Curitiba: CRV, 2017.
PYE, E. (Org). The power of touch. Handling objects in museum and heritage contexts. California: Left Coast Press, Inc, 2007.
RIBOT, T. L'imagination créatrice. Paris: Félix Alcan, 1926.
SIMONDON, G. Imagination et invention. Chatou: Les Éditions de la transparence, 2008.
VALENTE, D. ; DARRAS, B. Images à toucher: réflexions sémiotiques sur les images tactiles destinées au public aveugle. Terra Haptica, 1, p. 07-21, 2010.
VARELA, F.; THOMPSON, E.; ROSCH, E. A mente incorporada. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.
VERGARA, L. G.; KASTRUP, V. Zona de risco dos encontros multissensoriais: anotações éticas e estéticas sobre acessibilidade e mediações. Revista TRAMA Interdisciplinar, 4, p. 53-68, 2013.
Publicado
2025-04-17
Como Citar
Kastrup, V., Pozzana, L., & Herlanin, C. (2025). Diretrizes para uma acessibilidade estética com cegos no Museu do Açude. Paralelo 31, 1(22), 98. https://doi.org/10.15210/p31.v1i22.28921
Seção
ARTIGOS Arte e Psicologia Social: Métodos inventivos, pesquisas híbridas e...

##plugins.generic.recommendByAuthor.heading##

##plugins.generic.recommendByAuthor.noMetric##