Caminhando com e além de Lygia Clark: cortes e proximidades entre arte, pedagogia e clínica
Resumo
Caminhando (1963), proposição pioneira de Lygia Clark, da arte como um ato e não como um objeto, convidando-nos a simplesmente cortar/caminhar ao longo de uma fita de Möbius de papel, ainda propõe uma reviravolta radical no que consideramos arte, subvertendo ou pelo menos suspendendo a separação entre dentro/fora, sujeito/objeto e arte/vida, onde o ato de se fazer é no entre. Ancorada numa leitura tanto atenta quanto errante do Caminhando, este artigo propõe cortes e proximidades entre práticas experimentais da arte, pedagogia e clínica da época e paralelos contemporâneos pelo ato de caminhar investigando seu desejo de escapar o controle disciplinar do corpo dentro das instituições – museu, escola, clínica – e de cortar laços com suas normas. Em meio a esses cortes e proximidades, espero abrir um caminho gerador de afinidades, diferenças e emaranhamentos éticos. Um caminhar que seja ao mesmo tempo recuperação histórica e meditação crítica sobre práxis.Downloads
Referências
BASBAUM, Ricardo. Within the organic line and after. In: ALBERRO, Alexander; BUCHAMN, Sabeth (orgs.). Art after conceptual art. Vienna/Cambridge, MA/London: General Foundation/The MIT Press, 2006, p. 87-100.
BENITES, Sandra. Mediação Luiz Guilherme Vergara. Tembiapo: Arte e povos de cura. In: GOGAN, Jessica (org.). Eu não sei o que dizer mas desejo profundamente
que você me escute. Niterói: PPGCA-UFF/Instituto MESA, 2024, p. 84-103.
BRANDÃO, Carlos Rodriguez. Andarilhagem. In: STRECK, Danilo; REDE, Euclides; ZITKOSKI, Jaime José (orgs.). Dicionário de Paulo Freire, 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010, p. 41-42.
BRETT, Guy. Life strategies: overview and selection Buenos Aires/London/Rio de Janeiro/Santiago de Chile, 1960-1980. In: SCHIMMEL, Paul (org.). Out of actions: between performance and the object, 1949-1979. Los Angeles/London: Los Angeles Museum of Contemporary Art/Thames & Hudson, 1998, p. 196-207.
BUTLER, Cornelia H. Lygia Clark: A space open to time. In: BUTLER, Cornelia H.; ORAMAS, Luis Pérez (orgs.). Lygia Clark: the abandonment of art, 1948-1988. New York: MoMA, 2014, p. 12-29.
CABAÑAS, Kaira M. Immanent Vitalities: Meaning and Materiality in Modern and Contemporary Art. University of California Press, 2021.
CARNEIRO, Beatriz Scigliano. Relâmpagos com claror: Lygia Clark e Hélio Oiticica, vida como arte. São Paulo: Editora Imaginário/Fabesp, 2004.
CAMNITZER, Luiz. Thinking about art thinking. e-flux online journal #65, 2015. Disponível em: https://www.e-flux.com/journal/65/336660/thinking-about-artthinking/. Acesso em: 15 jun. 2024.
CARERI, Francesco. Walkscapes: o caminhar como prática estética. Trad. Frederico Bonaldo. São Paulo: G Gili, 2013 (publicado originalmente em espanhol, em 2002).
CLARK, Lygia. Letter to Mário Pedrosa, Paris, June 2, 1972. Trad. Steve Berg. In: BUTLER, Cornelia H.; ORAMAS, Luis Pérez (orgs.). Lygia Clark: the abandonment of art, 1948-1988. New York: MoMA, 2014, 236-237.
CLARK, Lygia. Lygia Clark. Retrospective. Barcelona: Fundació Antoni Tàpies, 1998. Disponível em: https://portal.lygiaclark.org.br/acervo/1596/lygia-clarkretrospective Acesso em: 17 jun. 2024.
CLARK, Lygia. Encontro de Lygia Clark com psicoterapeutas: Clínica “Canto da Gávea”, Rio de Janeiro, 1982. In: ROLNIK (org.). Lygia Clark da obra ao acontecimento. Somos o molde. A você cabe o sopro. Nantes/São Paulo: Musée des beaux arts de Nantes/Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2005. p.59.
CLARK, Lygia. Lygia Clark. Textos de Ferreira Gullar, Mário Pedrosa, Lygia Clark. Rio de Janeiro: Funarte, 1980. Disponível: http://portal.lygiaclark.org.br/acervo/1550/lygia-clark-livro-funarte. Acesso em: 9 jun. 2024 .
CLARK, Lygia. Conferência pronunciada na Escola Nacional de Arquitetura em Belo Horizonte, 1956. Disponível em: http://portal.lygiaclark.org.br/acervo/61699/conferencia-pronunciada-na-escola-nacional-de-arquitetura-embelo-horizonte-diario-4 Acesso em: 17 mar. 2024.
DEZEUZE, Anna. How to live precariously: Lygia Clark’s Caminhando and Tropicalism in 1960s Brazil. Women & Performance: a Journal of Feminist Theory, v. 13, n. 2, p. 226-247, 2013.
ESCÓSSIA, Liliana da; KASTRUP, Virgínia; PASSOS, Eduardo (orgs.). Pistas do método da cartografia. Porto Alegre: Editora Sulina, 2009.
FABIÃO, Eleonora. The making of a body: Lygia Clark’s anthropophagic slobber. In: BUTLER, Cornelia H.; ORAMAS, Luis Pérez (orgs.). Lygia Clark: the abandonment of art, 1948-1988. New York: MoMA, 2014, p. 294-299.
FABIÃO, Eleonora e LEPECKI, André. Ações Eleonora Fabião. Tamanduá Arte: Rio de Janeiro, 2015.
FERREIRA DA SILVA, Denise. Sobre diferença sem separabilidade. In: REBOUÇAS, Julia; VOLZ, Jochen (orgs.). Incerteza viva: 32a Bienal de São Paulo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2016, p. 57-65.
FERREIRA, Gina (org.). Lygia Clark: Memórias do corpo: Glossário de casos clínicos. Manuscrito inédito,1996.
FIGUEIREDO, Luciano e SUZUKI, Jr., Matinas. Entrevista com Lygia Clark. PERLINGEIRO, Max (org) Lygia Clark: 100 Anos. Rio de Janeiro: Edições Pinakotheke, 2021, 63–81.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1994 [1970].
HANH, Thich Nhat. How to walk. Berkeley CA/Parallax Press, 2015.
HEMMENS, Alistar e ZACARIAS, Gabriel orgs. The Situationist International: A Critical Handbook, London: Pluto Press, 2020.
KAMENSZAIN, Tâmara. Bordado e costura do texto. In: Histórias de amor y otros ensayos sobre poesía. Trad. Clarisse Lyra. Buenos Aires: Paidós, 2000, 1-6.
Disponível em: https://dtllc.fflch.usp.br/sites/dtllc.fflch.usp.br/files/Kamenszain_Bordado%20e%20costura%20do%20texto.pdf Acesso em: 11 mar. 2024.
KELLEY, Jeff. Childsplay: The Art of Allan Kaprow. Los Angeles: University of California Press, 2004.
KLEE, Paul. Pedagogical sketchbook. New York/Washington: Praeger Publishers, 1972 (primeira edição em inglês em 1953 e em alemão em 1925).
INGOLD, Tim. Lines: a brief history. London/New York: Routledge 2007.
LAVERY, Carl. Rethinking the dérive: Drifting and theatricality in theatre and
performance studies. Performance Research, v. 23, issue 7, “On Drifting”, 2018,
1-15. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/13528165.2018.1557011. Acesso em: 9 jun. 2024 .
LEPECKI, André. Decolonizing the curatorial. Theater, 47, n. 1, p. 100-115, 2017.
LUZ, Celine. Lygia Clark na Sorbonne: Corpo-à-corpo no desbloqueio para a vivência. Vidas das artes 1, no. 3 (agosto 1975): 64. Disponível em: http://portal.lygiaclark.org.br/acervo/8853/lygia-clark-na-sorbonne. Acesso em: 10 jun. 2024.
MASSUMI, Brian. Of microperception and micropolitics. Interview with Joel McKim. In: MASSUMI, Brian. Politics of affect. Cambridge, UK/Malden, MA: Polity Press, 2015, p. 47-82.
MELITOPOULOS, Angela. Ways of meaning. Phd Visual Cultures, Goldsmith College London, 2016.
MIGUEL, Marlon. Fernand Deligny e as ecologias do humano. Rio de Janeiro: UFRJ, 2024.
MIGUEL, Marlon (org.). Camering: Fernand Deligny on cinema and the image. Leiden: Leiden University Press, 2022.
MIZOGUCHI, Danichi Hausen; PASSOS, Eduardo. Transversais da subjetividade: arte, clínica e política. Rio de Janeiro: UFRJ, 2021.
MOMBAÇA, Jota. A plantação cognitiva. In: CARNEIRO, Amanda (org.). Arte e descolonização. São Paulo/London: Museu de Arte de São Paulo (Masp)/Afterall,
2020, 2-11.
Os autores de trabalho(s) submetido(s) à Paralelo 31 autorizam sua publicação em meio físico e eletrônico, unicamente para fins acadêmicos, sem fins lucrativos ou custo, podendo ser reproduzidos desde que citada a fonte (Paralelo 31). Os mesmos, atestam sua orignalidade, autoria e ineditismo.
data de submissão
Declaration of Copyright
The author presents his/her submission to the periodical Paralelo 31 authorize(s) publication in physical and electronic media, solely for academic purposes, at no cost to the publisher, are aware that future citations of the work are permitted as long as Paralelo 31 is cited as primary source. The authors also attest that the work has never been published and is an original work by the stated author(s). (data de submissão)