Os novos caminhos epistemológicos das Ciências Sociais Computacionais (CSC) e as crises de representação nas democracias
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Resumo
Este artigo aprofunda o debate sobre a democracia na América Latina, explorando as complexas intersecções com a cibercultura, o capitalismo de vigilância e os movimentos sociais, sob uma perspectiva crítica e decolonial. Argumenta-se que a compreensão das dinâmicas políticas regionais exige o rompimento com cânones eurocêntricos da Ciência Política, valorizando as epistemologias do Sul e abordagens metodológicas qualitativas e interpretativas. Além disso, o texto trata de uma movimentação cada vez mais comum no campo das ciências sociais que é o aceno na direção de modelos computacionais. O estudo analisa como a expansão tecnológica reconfigura as relações de poder, aprofundando a dependência e a vigilância, mas também abrindo novas trilhas para a mobilização e resistência de grupos historicamente marginalizados. Partindo de uma revisão crítica da literatura existente, busca-se compreender os novos desafios e oportunidades apresentados pela convergência entre tecnologia, sociedade e metodologias científicas na era digital.. Por fim, discute-se o avanço do neoconservadorismo na era digital e seus impactos na erosão democrática, sublinhando a necessidade de uma atuação multifacetada para o fortalecimento da democracia na região. Os principais achados do estudo indicam que infraestruturas digitais e redes sociotécnicas podem reproduzir desigualdades históricas e operam segundo lógicas de dominação algorítmica, mas também podem ser reapropriadas como instrumentos de resistência a partir das especificidades do Sul Global. A valorização de metodologias qualitativas e epistemologias críticas mostra-se, portanto, como essencial para compreender os fenômenos emergentes na política digital contemporânea.
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