História

a arte de ensinar virtù em Maquiavel

  • Helder Canal de Oliveira Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso

Resumo

A maior parte da obra de Maquiavel é permeada por exemplos históricos. Estes servem para corroborar um argumento e, principalmente, para ensinar virtù para quem o lê. Logo, Maquiavel pensa a história não como uma narrativa intelectualmente intrigante para buscar erudição, mas como pragmática para o agir político. A história não é para se deleitar sobre feitos passados, mas, sobretudo, para pensar o agir político do presente, uma vez que a história se repete ao longo do tempo. Essa repetição não é literal, pois o contexto, a sociedade, os sujeitos são outros. Contudo, é possível perceber que há algo constante no agir humano, e a história ajuda a pensar sobre essa constância. Uma pessoa de virtù pode comparar situações passadas com as do presente e refletir se há algo em comum nessas situações para agir. Ao captar semelhanças entre as situações, esse sujeito pode utilizar os mesmos métodos, ou parecidos, para enfrentar o que se erige no presente. Caso a situação seja inédita, o sujeito de virtù pode atualizar ou propor novos métodos de enfrentamento a partir do que viu no passado. A história serve justamente para pensar nessa atualização ao se refletir sobre o passado. Portanto, quem estuda as narrativas históricas e sabe apreciar o gosto que elas têm, demonstra, de acordo com Maquiavel, algum indício de virtù.

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Publicado
2025-02-14
Seção
Artigos