EDUCAÇÃO INTEGRAL, RESISTÊNCIA À BARBÁRIE E DESENVOLVIMENTO HUMANO MULTIDIMENSIONAL:
UMA ANÁLISE À LUZ DE JACQUES DELORS
Resumo
A tese que orienta o presente artigo é a de que a educação integral é a condição sine qua non para a resistência à barbárie e para possibilitar o desenvolvimento humano multidimensional no século XXI. A complexidade dos problemas que se apresentam neste século, tais como a violência, as guerras, a exclusão social, a destruição da biosfera, a globalização, a democracia, a sociedade de informação, etc. obrigam a educação a repensar e a reinventar a si mesma. Os princípios educacionais promovidos a partir da modernidade (fragmentação, especialização, exaltação da prática, etc.), que ainda predominam na nossa educação, não se têm revelado, pelo seu teor materialista e economicista, suficientes para formar cidadãos capazes de enfrentar os desafios da nossa época. Esta insuficiência obriga a educação a ampliar o seu horizonte, a passar de uma educação instrumental (limitada a objectivos economicistas e ao aprender a conhecer e a fazer) para uma educação integral (baseada na interdependência e retroalimentação entre o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser). A constatação a que se chega, no fim do artigo, é a de que apenas uma educação integral pode permitir-nos uma experiência de aprendizagem em quatro aspectos fundamentais para o nosso século: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser. Apenas uma educação integral pode permitir-nos formar cidadãos responsáveis que saibam que as suas acções estão inseridas numa cultura, numa sociedade e numa história.