Resumo
Este artigo se propõe apresentar as feições que adquire a virtude na filosofia moral de Kant, para quem o fundamento da moralidade é a liberdade. Esta se qualifica para tanto uma vez que a moralidade diz respeito a um bem incondicionado, e, somente ela, que significa uma possibilidade de escapar ao determinismo do mundo empírico (condicionado) e se determinar pela própria resolução, é capaz de tornar possível tal espécie de bem, o bem moral. O que, por sua vez, faz da liberdade uma realidade e não uma quimera é a possibilidade de determinação da vontade humana de um modo puro, para além do encadeamento dos instintos, apetites e emoções humanos, o que só é possível por uma determinação puramente racional da vontade. Como o ser humano não é um ser puramente racional, a virtude assim vem a ser para ele um esforço que sempre tem que se reiniciar para fazer vencer o que há de superior nele, a autonomia da vontade possibilitada pelo uso puro e prático da razão. PALAVRAS-CHAVE: Liberdade, Inclinações e Virtude. ABSTRACT This article aims to present the features that the virtue has in the Kant's conception, for who the freedom is the ground of morality. This has that foundation because it concerns an unconditioned good, and only the freedom, which means a possibility to escape the determinism of the empirical world (conditioned) and is the capacity of the man to determine himself, for own choice and impulse, is able to make possible the moral good (unconditioned). What, in turn, makes freedom a reality and not a chimera is the capacity of the man to determine the own will in a pure way, beyond the chain of instincts, appetites and human emotions, this is, to determine the action by the (practical) pure reason. As the human being is not a purely rational being, virtue becomes an effort that always have to restart to make to win what is superior in him, namely, the autonomy of the will made possible by the practical pure reason. KEY WORDS: Freedom, Inclinations and Virtue. RAMOS, Hans M. Alves. Liberdade e Virtude na Filosofia Moral de Kant. Rev. Seara Filosófica. UFPel: Pelotas, Verão, n.2, 2010, pp.23-51.