Estratégias de saúde realizadas por/para mulheres negras nas Américas: revisão de escopo

  • Clélia R. S. Prestes Universidade de São Paulo. Instituto de Psicologia. Departamento de Psicologia Social. São Paulo, SP, Brasil. Instituto AMMA Psique e Negritude. São Paulo, SP, Brasil. http://orcid.org/0000-0003-2315-6844
  • Felipe L. Fachim Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Faculdade de Educação. Programa de Estudos Pós-graduados em Educação: Psicologia da Educação. São Paulo, SP,
  • Vera S. F. Paiva Universidade de São Paulo. Instituto de Psicologia. Departamento de Psicologia Social. São Paulo, SP,
Palavras-chave: Mulheres, Relações Raciais, Promoção de Saúde, Psicologia Social (Aspectos Psicossociais), Feminismo negro.

Resumo

Este artigo apresenta um panorama de estratégias de promoção da saúde de mulheres negras, voltadas à potencialização de resiliência, agência, emancipação, autonomia ou empoderamento. Os dados apresentados neste artigo correspondem a parte dos resultados coletados por uma revisão sistemática de escopo, que integrou a pesquisa “Estratégias de promoção da saúde de mulheres negras: interseccionalidade e bem viver”, com descrição de experiências reconhecidas no campo científico.  Discutimos 11 estratégias estadunidenses e 1 brasileira, apresentando seus objetivos, perspectivas teóricas, descrições, quem as realizou, perfil de participantes, método, técnicas e instrumentos, além de discutir alguns resultados e o panorama geral, em diálogo com as perspectivas teóricas da abordagem multicultural dos direitos humanos na saúde e do feminismo negro. Ao final, apontamos recomendações para agendas futuras, no sentido da atenção à interseccionalidade como método de análise e de ação, produções teóricas de diversas regiões, epistemologias e cosmovisões, consideração das demandas específicas, responsabilidade ampla pela saúde das mulheres negras, valorização das experiências das mesmas, incluindo as não-acadêmicas, o feminismo negro como estratégia de enfrentamento das colonialidades de poder, diversidade na formação de equipes e fontes teóricas, ampliação das publicações de pesquisadoras(es) negras(os) e do movimento social negro e de mulheres negras, e ampliação das vozes de autoras(es) amefricanas(os). 

Biografia do Autor

Clélia R. S. Prestes, Universidade de São Paulo. Instituto de Psicologia. Departamento de Psicologia Social. São Paulo, SP, Brasil. Instituto AMMA Psique e Negritude. São Paulo, SP, Brasil.
Doutora e Mestre em Psicologia Social (USP) Estágio doutoral no Depto. de Estudos Africanos e Afro-Diaspóricos (University of Texas at Austin) Especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica (UEL) Psicóloga do Instituto AMMA Psique e Negritude

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Publicado
2018-12-31
Seção
Estudos pós-coloniais e interseccionais. Abordagens e desafios multidimensionais para mulheres negras nas Américas