Trabalho e produção associada ao turismo: tensões e rupturas no processo de construção da identidade de mulheres na comunidade rural Chã de Jardim

Resumo

Este artigo traz uma reflexão sobre o trabalho como um valor moral para os sitiantes, em sua articulação com a dinâmica da reciprocidade e a hierarquização das relações sociais. Trata-se de um recorte da tese da autora. O objetivo geral é analisar a reinterpretação das práticas de trabalho a partir da participação das mulheres sitiantes no desenvolvimento da oferta turística na cidade de Areia - Paraíba. Os dados apresentados foram construídos a partir da etnografia da Comunidade Chã de Jardim e de entrevistas semidirigidas realizadas com 30 sitiantes, entre setembro de 2015 e março de 2016. No plano teórico os interlocutores privilegiados são: Klass Woortmann, Cynthia A. Sarti, Marcos Lanna e Marcel Mauss. Os resultados apontam que as mulheres são protagonistas no trabalho com turismo, ocupando a maioria dos postos e, inclusive, a liderança comunitária, o que lhes propiciou reconhecimento e elevação da autoestima. Porém, o trabalho das mulheres é percebido e ainda concebido como “ajuda” (complementar), estando subordinado à satisfação e à manutenção da estrutura hierárquica estabelecida. Apesar de não apontar uma ruptura definitiva com o modelo de família tradicional, a experiência de trabalho com o turismo revela a busca de valorização e autonomia das mulheres, bem como as tensões e contradições envolvidas nesse processo.

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Biografia do Autor

Josilene Ribeiro Oliveira, Universidade Federal da Paraíba (professora); Universidade Federal de Pernambuco (doutoranda)
Departamento de Comunicação Social (UFPB) / Programa de Pós-Graduação em Sociologia (UFPE)

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Publicado
2018-08-31
Seção
Dossiê Etnografias sociológicas de um mundo do trabalho reconfigurado