Em tempos de Coronavírus: home office e o trabalho feminino
Resumo
As mulheres geralmente são mais afetadas em momentos de epidemias e pandemias, inclusive no meio acadêmico, como este que estamos vivenciando com a COVID 19. A metodologia desse artigo está baseada na autoetnografia das autoras, todas ligadas à academia por serem professoras, pesquisadoras e estão estudando. As questões orientadoras foram as mobilizações iniciais diante da pandemia e as estratégias utilizadas para a continuidade ou não de uma rotina, especialmente da conciliação do trabalho em home office, vida doméstica e pessoal em tempos de cuidados para a proteção da vida. Destaca-se a condição de privilégios que possibilita interseccionar o trabalho feminino, com a branquitude e o ofício docente. As narrativas mostraram, principalmente, a sobrecarga da mulher na sobreposição do trabalho doméstico e profissional, bem como a fragilização dos limites entre os espaços públicos e privado trazidas pelo trabalho via tecnologias digitais.Palavras-chave:Pandemia; Trabalho feminino; Saúde Mental; Narrativa; Home officeDownloads
Referências
ALMEIDA, Diego Eugênio Roquette Godoy et al. Autoetnografia como estratégia decolonizadora de ensino sobre o cotidiano em Terapia Ocupacional. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 24, e190122, 2020. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141432832020000100505&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 09 maio 2020.Epub 16-Mar-2020. https://doi.org/10.1590/interface.190122.
BRUM, Eliane. COVID-19. Três perguntas a Eliane Brum. Entrevista concedida a Sérgio Costa. Revista Renascença. 24 de abril 2020. Disponível em: https://rr.sapo.pt/2020/04/24/mundo/a-pandemia-expos-o-apartheid-nao-oficial-do-brasil-em-toda-a-sua brutalidade/especial/190424/. Acesso em 02 de maio de 2020.
BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia: histórias de deuses e heróis. Rio de janeiro: Ediouro, 2000.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. 6 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Tradução: Rogério Bettoni, 1ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.
CAMPOS, G. W. S. Saúde paidéia. São Paulo: Hucitec, 2013.
CAMPOS, G. W. S. Um método para análise e co-gestão de coletivos: a construção do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições: o método da roda. São Paulo: Hucitec, 2000.
CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. SUS: o que e como fazer? Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 6, p. 1707-1714, junho de 2018. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232018000601707&lng=en&nrm=iso . Acesso em 21 de outubro de 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018236.05582018.
COIMBRA, Cecília Maria Bouças. Operação Rio: o mito das classes perigosas. Rio de Janeiro/Niterói: Oficina do Autor/Intertexto, 2001.
DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
DEJOURS, C. Addendum: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Em S. Lancman & L. I. Sznelwar (Orgs.), Christophe Dejours - Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho (pp. 47-104). Rio de Janeiro: Fiocruz, Brasília: Paralelo 15, 2004.
DEJOURS, C. Conferências Brasileiras: identidade, reconhecimento e transgressão no trabalho. São Paulo: Fundap: EAESP/FGV, 1999.
DELEUZE, G. Post-scriptum sobre as sociedades de controle (1990). In: ______. Conversações. São Paulo: Editora 34, p. 219-226, 1992.
FASSIN, Didier. Por una repolitización del mundo. Las vidas descartables como desafío del siglo XXI. Buenos Aires: Siglo XXI Editora Iberoamericana, 2018.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade, 2: O Uso dos Prazeres. 5.ed. Rio de Janeiro, Edições Graal, 2007.
GRANADA FERREIRA, D. Práticas em movimento: a pesquisa de campo no caso da capoeira fora do Brasil. Sociedade e Cultura, v. 22, n. 1, 23 maio 2019.
HAN, Byung-Chul. Sociedade da transparência. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
MANSANO, Sonia R. V. Sorria, você está sendo controlado. Resistência e poder na sociedade de controle. São Paulo: Summus, 2009.
MBEMBE, A. Necropolítica. Arte e Ensaios. Rio de Janeiro, n. 32, pp. 123-151, dezembro de 2016. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993. Acesso em: 06 set. 2020.
MOREIRA, Lisandra Espíndula et al. Mulheres em tempos de pandemia: um ensaio teórico-político sobre a casa e a guerra. Psicol. Soc., Belo Horizonte, v. 32, e020014, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010271822020000100413&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 06 set. 2020. Epub set. 04, 2020. https://doi.org/10.1590/1807-0310/2020v32240246.
ONOCKO-CAMPOS et al. Narrativas no estudo das práticas em saúde mental: contribuições das perspectivas de Paul Ricoeur, Walter Benjamim e da antropologia médica. Ciência e Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 18, n. 10, p. 2.847-2.857, 2013.
ONOCKO-CAMPOS, R.; FURTADO, J. Narrativas: utilização na pesquisa qualitativa em saúde. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 42, n. 6, p. 1.090-1.096, 2008.
ONOCKO CAMPOS, R.T.; FURTADO, J.P. Narrativas: apontando alguns caminhos para sua utilização na pesquisa qualitativa em saúde. In: ONOCKO CAMPOS, R.T.; FURTADO, J. P.; PASSOS, E.; BENEVIDES, R. (Org.) Pesquisa Avaliativa em Saúde Mental: desenho participativo e efeitos da narratividade. 2 ed. São Paulo: Hucitec Editora, 2013.
PAIM, Jairnilson Silva. Sistema Único de Saúde (SUS) por 30 anos. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 6, p. 1723-1728, junho de 2018. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232018000601723&lng=en&nrm=iso. Acesso em 21 de out. de 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018236.09172018.
PASSOS, E. A construção da clínica do comum e as áreas profissionais. In: CAPOZZOLO, A. A.; CASETTO, S. J. & HENZ, A. O. (Orgs.). Clínica comum: itinerários de uma formação em saúde (pp. 213-228). São Paulo: Hucitec, 2013.
PEREZ, K. V.; RODRIGUES, C. M. L.; BRUN, L. G. Saúde mental no contexto universitário: desafios e práticas. Trabalho (En)Cena, v. 4, p. 357-365, 2019.
PIMENTA, Denise. Pandemia é coisa de mulher: breve ensaio sobre o enfrentamento de uma doença a partir das vozes e silenciamentos femininos dentro das casas, hospitais e na produção acadêmica. Tessitura. Revista de Antropologia e Arqueologia. V. 8, N. 1, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/tessituras/article/view/18900. Acesso em: 30 set. 2020
PRECIADO, Paul B. A Conspiração Dos Perdedores. Select- Terra Notícias, 2020 Disponível em: https://www.select.art.br/a-conspiracao-dos-perdedores/ Acesso em 05 de maio de 2020.
QUINTANA, Mário. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. 2005.
SANTOS, S. M. A. O método da autoetnografia na pesquisa sociológica: atores, perspectivas e desafios. Plural, [S. l.], v. 24, n. 1, p. 214-241, 2017. DOI: 10.11606/issn.2176-8099.pcso.2017.113972. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/plural/article/view/113972. Acesso em: 16 out. 2020.
SANTOS, Camila M.; BIANCALANA, Gisela R. Autoetnografia: um caminho metodológico para a pesquisa em artes performativas. Revista Aspas, Vol. 7, n. 2, p. 83-93, file:///C:/Users/jatit/Downloads/137980-Texto%20do%20artigo-292113-2-10-20180511.pdf . 2017.
SEGATA, Jean. A colonização digital do isolamento. Cadernos de Campo (USP), v. 29, p. 163-171, 2020.
SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: A escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
SIBILIA, Paula. O homem pós-orgânico: A alquimia dos corpos e das almas à luz das tecnologias digitais. 2ª ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015.
SIBILIA, Paula. O show do eu. 2ª ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2016.
SOUZA, Mauricio Rodrigues de. Psicologia Social e Etnografia: Histórico e Possibilidades de Contato. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 35, n. 2, p. 389-405, junho de 2015. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141498932015000200389&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 de maio de 2020. http://dx.doi.org/10.1590/1982-370301742013.
YANNOULAS, Silvia C. “Feminização ou feminilização? Apontamentos em torno de uma categoria”. Temporalis, Brasília, v. 11, n. 22, p. 271-292, jul./dez. 2011.
ZANELLO, V. Saúde Mental, Gênero e Dispositivos: Cultura e Processos de Subjetivação. 1. ed. Curitiba: Appris, v. 1. 303p, 2018.
Copyright (c) 2020 Autor e Revista
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do(a) autor(a), com direitos de primeira publicação para a revista. Os artigos são de uso gratuito em aplicações exclusivamente acadêmicas e educacionais e, portanto, não-comerciais.