O jornal como espaço de (auto)consagração de uma sociologia autêntica: a circulação da sociologia de Guerreiro Ramos nos jornais nos anos 1950

Resumo

Esse artigo destaca a relação existente entre a sociologia produzida pelo baiano Guerreiro Ramos na década de 1950 e a preferência pela publicação de seus textos em jornal. A hipótese trabalhada é a de que o jornal foi, à época, um meio de consagração e circulação de ideias sociológicas, bem como serviu como um espaço para o autor buscar consagrar a si e à sua particular compreensão de ciência em geral e da sociologia em específico. Para isso, examina um conjunto de artigos escritos na década de 1950 por Guerreiro Ramos e alguns de seus interlocutores, como Florestan Fernandes, Roger Bastide e Wilson Martins, destacando o uso da polêmica e da republicação de textos como ferramentas do autor para inserir-se no debate público. Ao final, conclui-se, de um lado, que o jornal é uma profícua fonte de pesquisa em pensamento social, devendo ser mais utilizada, e, de outro, que a proposta sociológica de Guerreiro Ramos permite repensar a história da institucionalização da disciplina no Brasil por meio do caminho da circulação de ideias e argumentos, ao invés da universidade. 

Biografia do Autor

Cristiane Garcia Pires
Graduação em Ciências Sociais na UFPR em 2013, mestrado em Sociologia em 2020. Atualmente trabalha como socióloga na Defensoria Pública do Paraná.

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Publicado
2021-12-30