A apropriação da sustentabilidade no espaço empresarial brasileiro: disputas, heterodoxias e sentidos
Resumo
O artigo trata das disputas em torno da doxa do campo econômico a partir de uma análise sobre os processos de apropriação e de ressignificação da ideia de “desenvolvimento sustentável” por agentes empresariais no Brasil. Ancorando-se tanto na sociologia de Pierre Bourdieu como nos aportes de Peter Berger e Thomas Luckmann, este texto aborda dois ângulos analíticos: 1) a história do fenômeno e das formas de apropriação da “sustentabilidade” no espaço empresarial brasileiro, a partir de uma pesquisa documental; 2) a construção de sentidos e de prescrições relativas à “sustentabilidade empresarial” operada pelos seus enunciadores mais legítimos, derivada da análise dos discursos destes notáveis e de uma prosopografia. Paradoxalmente, o movimento dos adeptos da “sustentabilidade” representa um afrontamento à doxa do campo econômico ao mesmo tempo em que confere uma nova musculatura às empresas em suas batalhas por legitimidade. Alguns dos alicerces principais da doxa do campo econômico – racionalidade econômica, business as usual e liberalismo econômico – são estremecidos pelos heterodoxos “sustentáveis”. Por outro lado, os novos modos de pensar e de agir destes heterodoxos fornecem, principalmente às grandes empresas, os caminhos para se esquivarem de ataques dos críticos mais fervorosos do capitalismo.Referências
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