FEMINISMO NEGRO COMO MECANISMO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ENSAIO A PARTIR DAS CONTRIBUIÇÕES DE GRADA KILOMBO

Resumo

O processo de escravização de pessoas negras foi o ato mais desumano creditado na história do Brasil. A prática racista advinda do período colonial se expressa concretamente como desigualdade política, social, cultural, educacional e econômica. Reconhecer a existência do racismo é identificar  a incoerência dele enquanto ideologia - conjunto de ideias e valores sociais, que se estrutura na lógica de superioridade de sujeitos brancos em detrimento de sujeitos negros. O presente artigo  se insere em um projeto de pesquisa cujo propósito é investigar as diferentes expressões dos feminismos negros e a forma pela qual eles nos ajudam a pensar diretrizes e orientações para uma educação antissexista e antirracista. Entre as várias intelectuais negras sobre as quais tal pesquisa se debruça está Grada Kilomba e especificamente o seu livro “Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano”, fruto de sua tese de doutorado. Procura-se nesse texto revisitar as contribuições do feminismo negro de Grada Kilomba para pensar sobre os  corpos racializados, especificamente corpos de mulheres negras, intencionando compreender a intersecção entre os conceitos de raça, de gênero e estruturas de poder, assim como as contribuições do feminismo negro para a ascensão socioeducacional de mulheres negras. A metodologia utilizada faz parte do escopo de investigação antirracista e feminista, elencando direcionamentos propositivos para uma educação nessas dimensões. Como indicativo dessa preposição, observa-se que o feminismo negro de Kilomba atribui grande importância para aquisição de um novo vocabulário antirracista que possa produzir subjetividades negras afirmativas e subjetividades brancas antirracistas.