SOBRE A AUTORRELAÇÃO E A EXPERIÊNCIA DE SI EM AGOSTINHO
Resumo
A pergunta “O que sou, então, meu Deus ?” (“Quid ergo sum, Deus meus ?”, Conf. X, XVII, 26) – um dos motes da investigação agostiniana – remete de forma pungente e significativa ao tema da relação, de modo mais exato à questão da autorrelação e da alteridade. Com suas reflexões sobre a memória, Agostinho expressa o problema sempre atual da autorrelação em algumas das suas diversas matizes e aspectos a partir da própria experiência de si. Avançar na zona do desconhecido, nesse contexto, significa aproximar-se das esferas ocultas do eu, e a memória - ou o inconsciente - é o portal de entrada a essa área. Procura-se enfatizar, neste artigo, o modo pelo qual o conhecimento/desconhecimento de si, resultante da autorrelação e da investigação de si mesmo, funciona como uma força de empuxo à própria saída-de-si. A resposta à pergunta “O que sou, então, meu Deus ?” – etapa do cognosce te ipsum - remete à noção de relação passando pela ideia do descentramento do ego. Da autorrelação à relação com o outro, delineia-se em Agostinho uma abordagem relacional do eu, onde a memória apresenta-se como sede do divino. Encontramo-nos, portanto, longe da moderna noção de subjetividade, onde a visão de si envolve a ideia de autossuficiência.(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
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