QUEBRANDO A CIRCULARIDADE: PERCEPÇÃO E CAUSALIDADE EM THE ANALYSIS OF MATTER
Resumo
Neste artigo, investigamos que tipo de noção de causa precisa ser pressuposta por Russell (1921; 1927) na defesa da teoria causal da percepção. Um dos propósitos da teoria causal é fornecer uma fundamentação epistemologicamente satisfatória para o conhecimento científico. Entretanto, não está claro que a definição de causa como regularidade sequencial – proposta por Russell em 1912 – atenda aos requisitos dessa teoria. A partir de algumas objeções levantadas por Eames (1989), que identifica uma circularidade viciosa no argumento de Russell em favor da teoria causal, sustentamos que a noção de causa requer uma caracterização ontologicamente mais robusta. Nesse sentido, sugerimos que o argumento de Russell acerca da teoria causal se beneficiaria de uma noção de causa análoga àquela proposta pelo realismo de capacidades de Cartwright (1989; 1999). Basicamente, atribuir uma capacidade a um objeto equivale a afirmar que ele possui uma tendência estável para causar determinados efeitos nas circunstâncias apropriadas. Apesar de metafisicamente robusta, a noção de capacidade proposta por Cartwright é compatível com uma interpretação empirista da ciência. Argumentamos que a aproximação entre a teoria causal da percepção e o realismo de capacidades indica que a teoria causal possui certa independência com relação aos demais pressupostos assumidos pelo realista estrutural epistêmico.(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
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