DA FALTA DE SI À CONSCIÊNCIA DA PRÓPRIA DÉCADENCE EM NIETZSCHE

Resumo

Aqui são investigados dois momentos do itinerário intelectual de Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900). O primeiro se refere a um trecho de Ecce Homo, composto em 1888, no qual ele discorre sobre uma enfermidade que o acometeu chamada por ele de “falta de si”. Esta decorreria, em especial, da sua devoção ao compositor Richard Wagner (1813-1883) e a tudo o que a este estava relacionado, especificamente, um hegelianismo implícito, o apreço por Arthur Schopenhauer (1788-1860) e o Romantismo alemão tardio. A libertação destes elementos compreende um pesado esforço de autossuperação observada no autor em obras como Humano, demasiado humano, Aurora e A Gaia Ciência. O segundo momento se volta para uma passagem de O caso Wagner, de 1888, na qual Nietzsche afirma ser ele próprio um décadent. Ora, se o filósofo alemão foi capaz de impor a si mesmo um rigoroso tratamento diante da “falta de si”, algo semelhante poderia ter sido empreendido no que diz respeito à sua décadence? Este problema implica outra pergunta: seria a décadence uma doença a ser curada? Para subsidiar as meditações sobre o assunto, são inseridos neste texto análises da décadence na filosofia nietzschiana, bem como algumas perspectivas interpretativas dessa temática. Ao cabo deste estudo, sugere-se uma avaliação hipotética das alternativas supostamente preconizadas por Nietzsche para a resistência diante da sua própria décadence.

Biografia do Autor

Ricardo de Oliveira Toledo, Universidade Federal de São João del-Rei
Professor Adjunto de Humanidades/Filosofia da Ciência do DTECH-UFSJ e Docente Permanente do PPGFIL-UFSJ.

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Publicado
2024-08-19
Seção
Artigos