ATITUDES REATIVAS E RESPONSABILIDADE EPISTÊMICA
Resumo
A concepção da responsabilidade epistêmica sofre com algumas dificuldades teóricas conhecidas, principalmente relacionadas a visões que demandam condições de controle sobre nossas atitudes epistêmicas que não são realmente satisfeitas por nossas capacidades efetivas. Uma possibilidade teórica é a de adotarmos uma visão compatibilista de responsabilidade epistêmica apelando para a noção de atitudes reativas epistêmicas, o equivalente epistêmico das atitudes reativas participantes, atitudes naturais como ressentimento, gratidão, indignação, orgulho, vergonha, etc., que surgem em face de nossa participação em relações interpessoais. Esta noção desempenha um papel crucial na influente visão de Peter Strawson sobre a constituição da responsabilidade moral (1962). Da mesma forma, uma proposta recente de Tollefsen (2017) argumenta que a noção de atitudes epistêmicas reativas pode nos fornecer uma fundamentação simplificada para considerarmos outros epistemicamente responsáveis, a qual tem implicações diretas em nossas visões sobre agência epistêmica e esclarece como as normas epistêmicas podem realmente regular comportamento. Neste artigo, discuto o tipo de compatibilismo em jogo nessa proposta e a defendo de duas preocupações que podem ser direcionadas contra ela: o argumento de que ela não propõe qualquer critério de responsabilidade epistêmica independente de critérios tradicionais, e o argumento de que tal visão reduz normatividade epistêmica meramente à normatividade social.(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
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