DESIGUALDADES PÓS-COLONIAIS NO PROCESSO DE DESDEMOCRATIZAÇÃO GLOBAL
Resumo
Pelo menos de 2016, o diagnóstico da crise das democracias liberais tem sido difundido no debate acadêmico e público, principalmente após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais do Estados Unidos e o referendo pela saída do Reino Unido da União Europeia. A característica apontada pela literatura especializada como distintiva da crise atual em relação a outros momentos históricos do século XX, diz respeito ao meio através do qual as democracias retrocedem, isto é, um meio aparentemente democrático – institucional, procedimental e legal –, com a participação de representantes, elites e/ou instituições parlamentares, jurídicas e judiciais. Igualmente notável tem sido expressivo apoio popular a propostas e discursos antidemocráticos no contexto de radicalização e crescimento da extrema-direita. O presente artigo questiona a ausência do Sul global nesse debate contemporâneo, demonstrando um enquadramento anglo-eurocêntrico que ignora a relevância das experiências atuais de ruptura das democracias fora do eixo exemplar. Posteriormente, argumenta-se pela importância da incorporação da dimensão da globalidade e das desigualdades pós-coloniais para analisar os processos de desdemocratização em geral e no Sul global em particular. Ao partir da tensão entre pós-colonialismo e democracia, a última seção indica a possibilidade de trabalhar as teorias póscolonial e democrática em chave complementar também em um sentido normativo.(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
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