A DOR DO PONTO DE VISTA CLÍNICO

  • Noéli Boscato
  • Gabriela Garcia Torino

Resumo

A dor do ponto de vista clínico é definida como estímulo e resposta a partir de fenômeno
biológicos complexos e subjetivos nas dimensões sensorial-discriminativa, afetivo-motivacional e
cognitivo-avaliativo. Sua definição tem sido um desafio ao longo da história, desde a sua percepção
como uma experiência espiritual e mística nos primórdios tempos, até o seu entendimento em termos
biológicos como uma sensação física e mecânica que passa pelas fibras e alcança o cérebro. A dor é
um efeito extremamente necessário uma vez que é um sinal de alarme de que algum dano ou lesão está
ocorrendo, embora a dor possa também estar presente na ausência de qualquer estímulo, dano ou
doença detectável. Preponderantemente a dor é eliminada uma vez que o estímulo nocivo é removido,
no entanto, a dor pode persistir apesar da remoção do estímulo e cicatrização aparente do tecido sendo
denominada de dor crônica, com influência multidimensional. O limiar de dor fisiológico é definido como
o ponto ou momento em que um dado estímulo é reconhecido como doloroso, o que pode variar de um
indivíduo para o outro, e ainda estar associado as experiências prévias com lesão tecidual real ou
potencial e a fatores psicológicos. Dessa forma, esta análise aborda a etimologia, histórico e evolução
na concepção da definição da dor do ponto de vista clínico baseada na antiga e recente definição de dor
pela Associação Internacional para Estudos da Dor frente ao contexto biológico que inevitavelmente é
influenciado pelas condições psicossociais. Pode-se finalmente, estabelecer que há fortes indícios de
associação entre lesão tissular e dor biológica com o sofrimento, comportamentos dolorosos e
incapacidade. É evidente que o sofrimento e o comportamento originados a partir da dor do ponto de
vista clínico, não se devem inteiramente à nocicepção originada por uma lesão tissular, pois os
comportamentos dolorosos podem perpetuar-se em decorrência de fatores ambientais e de influências
que não podem ser objetivamente avaliadas. A partir desse contexto, os bons programas de controle de
dor devem ter uma abordagem cognitivo-comportamental e incorporar estratégias terapêuticas físicas,
farmacológicas e psicológicas. Nenhum tratamento isolado é tão eficaz para a redução da dor crônica
refratária como a conduta multidisciplinar.

Publicado
2023-07-17