A CONCEPÇÃO DE PODER COMO UM PRESSUPOSTO DOS PROCESSOS ÉTICO-POLÍTICOS NOS PENSAMENTOS DE HANNAH ARENDT E MICHEL FOUCAULT
Resumo
Este texto investiga a questão do poder nas concepções teóricas expostas pela filósofa alemã Hannah Arendt (1906-1975) e pelo filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) como um pressuposto dos processos ético-políticos. Arendt e Foucault delineiam o poder em suas respectivas obras de formas distintas: enquanto Arendt defende que o poder surge com a ação política, ou seja, quando o indivíduo vivencia a própria liberdade ao que, por estar em uma comunidade, participa dos “negócios humanos” objetivando agir conjuntamente, engajando-se junto aos seus respectivos pares na esfera público-política, Foucault, em seus escritos, subescreve o poder de maneira a analisar os processos de individualização que recobrem e que produzem um protótipo de sujeito, com cada indivíduo possuindo as potencialidades de multiplicar e de maximizar a força que detém. O intuito é a manutenção e o suporte das bases econômicas e da moralidade axiomática do corpus social. Nesse contexto, uma das diferenças mais consideráveis e marcantes acerca das noções de poder, entre ambos, é que, enquanto Arendt sedimenta uma ideia de ação política comprometida e vinculada aos outros agentes, estes situados no mesmo espaço político, expondo as suas ideias e submetendo-as ao debate público e ao confronto necessário à consecução da liberdade, Foucault concebe o poder como uma rede de relações intercambiáveis e estrategicamente posicionadas.(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
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