ELEMENTOS ANTIGNÓSTICOS DA FILOSOFIA DE NIETZSCHE
Resumo
O presente artigo pretende analisar como a filosofia de Nietzsche, especialmente aquela
desenvolvida a partir de Assim Falou Zaratustra, pode ser compreendida como um empreendimento
antignóstico. Leva-se em conta, para tanto, as referências ao zoroastrismo que, embora escassas,
evidenciam a compreensão da própria tarefa filosófica assumida por Nietzsche como uma crítica à
perspectiva antiterrenal do dualismo que se iniciou com os movimentos gnósticos e se difundiu na
cultura ocidental por meio do cristianismo. Para tanto, começaremos por distinguir o uso dos termos
gnose e gnosticismo, para examinar como a aproximação de Nietzsche não leva em conta,
exclusivamente, os dados históricos, mas muito mais a perspectiva moralizante que a gnose
(conhecimento) assumiu na tradição filosófica, cuja marca inicial é o zoroastrismo e sua hostilidade ao
mundo. Examinaremos a seguir, como o diagnóstico da morte de Deus e como o Anticristo podem ser
entendidos como dois aspectos de uma superação que encontra seu ápice no Zaratustra literário, cuja
premissa é a fidelidade à terra e cuja expressão é o eterno retorno. Como conclusão, será possível
afirmar que a denúncia da verdade como “mentira das mentiras” se apresenta como um aspecto
autognóstico da filosofia que, por meio de Nietzsche e seu Zaratustra, conduz a uma moral da afirmação
e da celebração jubilosa da terra.
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