DE UM BERGSONISMO SEM DURAÇÃO, SEM MEMÓRIA, SEM ÉLAN

A SOMBRA DO TEMPO EM M. BLANCHOT

  • Adriano Henrique de Souza Ferraz

Resumo

Na defesa que Maurice Blanchot faz da consistência ontológica da experiência poéticoliterária, surge uma relação filosófica ambígua com bergsonismo. Compreender como o pensamento de
Henri Bergson incide em sua teoria é imprescindível para podermos estabelecer a importância de
Mallarmé na constituição de uma teoria do espeço literário e encontrarmos o devido lugar do devir e da
duração nesta teoria da literatura. Em Blanchot podemos verificar algumas linhas de ruptura e
continuidade com o bergsonismo, procedendo sobretudo uma reversão do fluxo temporal no espaço
diferencial da escrita e da própria experiência subjetiva. Não deixamos de notar que Blanchot, ao seguir
uma tendência interna de divergência do bergsonismo com ele próprio, recupera um outro lado da
experiência das “ilusões idealistas das representações simbólicas”. Tais ilusões, combatidas por
Bergson em sua crítica ao conceito e apelo empírico à intuição, formam para Blanchot um substrato
positivo-ontológico da linguagem e sobretudo da literatura

Publicado
2024-03-13
Seção
Artigos