AUTOGENEALOGIA: ACERCA DO “TORNAR-SE QUE SE É”
Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar o papel desempenhado pela figura do autor no interior dos escritos de Nietzsche, em especial em seu livro de 1888 – Ecce homo. A hipótese a ser considerada é que em Ecce homo a apresentação das condições de emergência de um determinado tipo de homem, nomeadamente do “senhor Nietzsche”, corresponde à demarcação genealógica de traços decisivos para uma superação da décadence que, segundo o filósofo, caracteriza a modernidade. Sob esse aspecto, destacase uma peculiar proximidade entre Ecce homo e Para a genealogia da moral, pois em ambas o foco volta-se para a possibilidade de se obter no interior da décadence um tipo oposto ao homem manso e submisso que parece ser seu único resultado possível. Elas se diferenciam ente si, contudo, se for considerado o foco do livro de 1888, não mais voltado para fatores externos, sociais e culturais que são as condições para a obtenção daquele tipo de homem, mas para o indivíduo em sua interação com aquelas condições. Ecce homo corresponderia, assim, a um experimento filosófico que pode, em associação ao texto anterior – uma genealogia – ser denominado por meio da expressão “autogenealogia”.(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
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