RAZÃO, CONSCIÊNCIA E FICÇÃO: J.-J. ROUSSEAU NAS ORLESUNGEN ÜBER ANTHROPOLOGIE DE I. KANT
Resumo
O trabalho analisa a influencia da poética existencial desdobrada no pensamento de J.-J. Rousseau para a formação da normatividade prática na obra de Kant, no amplo arco que desprega a sua dimensão moral, jurídico-política e antropológica, com especial atenção aos materiais oferecidos pelas Vorlesungen über Anthropologie. O estudo articula-se em três partes principais. A primeira ocupa-se da gênese da questão do “caráter do homem” na antropologia de Kant, que interpretamos como resultado do descobrimento de um caráter paradoxal da natureza humana, assediada pelas exigências das suas disposições física, cultural e moral, que a obra de Rousseau torna saliente. Em segundo lugar, detemo-nos na função que a ficção desenvolve nos dois pensadores como origem da sociedade civil, atentando para o “estado de natureza” como critério do progresso histórico-político da espécie humana. Finalmente, sublinhamos a presença em Rousseau e em Kant de estratégias de resistência da razão em face aos desajustes e comoções políticas que o desenvolvimento autônomo da vida social pode trazer consigo. Assim, a principal conclusão do artigo concentra-se na necessidade de a razão e a noção de justiça distributiva dirigirem e controlarem constantemente a vida social, sem causar por isso a asfixia do espaço social onde os homens interagem e se reconhecem reciprocamente.(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
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