PLATÃO, PROTÁGORAS E O HOMEM-MEDIDA
Resumo
No Teeteto, Platão continua apresentando em conjunto a doutrina do homem medida de Protágoras com a doutrina de Heráclito. Assim, na apresentação de Platão, a doutrina do homem medida parece estar ligadaàs sensações e à sua relação com o particular. Ao retornar a uma doutrina da percepção e da sensação, Platão está tentando separar a doutrina de Protágoras de suas bases linguísticas e de sua importância política. Ainda, ele reconhece que esta doutrina necessita de algumas correções. A versão corrigida que ele introduz, através das palavras de Protágoras, o conduz a uma reconsideração da doutrina de Protágoras em relação a ação do logos, especialmente sobre a questão da educação. A análise do modo em que o logos intervém na educação permite introduzir uma dimensão política no discurso de Protágoras, posição esta que é confirmada pelo Protágoras. O próprio estatuto da educação fornece esta medida integral para a dimensão política do homem medida. Assim como a educação opera uma mudança na alma, através do poder do logos, esta modificação é estendida para o Estado no sentido de útil, vantajoso e benéfico. A doutrina do homem medida é compatível com o aspecto retórico e político da doutrina dos sofistas, como se sabe por outras considerações. Enquanto ele fala e age por meio do logos, que é a medida pela qual o homem mede a si mesmo, o homem medida coloca a base no que mais tarde será inserido na política de Aristóteles, e antecipa, de alguma forma, a famosa definição que Aristóteles fornecerá do homem como um animal político que possui discurso (Política, I, 2, 1253 a 8-10).(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
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