Antropologia de Agostinho de Hipona, fortitudo corporis na hierarquia dos bens criados.

  • Nilo César B Silva Universidade Federal de Sergipe UFS Programa de Pós-graduação em Filosofia PPGFIL
Palavras-chave: Agostinho de Hipona, antropologia, corporeidade, alma.

Resumo

O estudo trata-se de extrair da obra de Agostinho de Hipona as bases para uma antropologia filosófica. O Problema antropológico formulado por Agostinho do composto corpo/alma, como partes integrantes da condição humana se destaca com algumas oscilações na evolução de seus escritos. Antes de tudo Agostinho assume uma posição propensa à negatividade do corpo e seu lugar na escala valorativa dos bens criados, ao desconfiar dos estímulos e solicitações que o corpo recebe da exterioridade dos sentidos que poderão desviar o homem no itinerário da sabedoria e da verdade. Por conseguinte, na esteira da literatura paulina o hiponense assume a positividade do corpo como morada da alma, ocupando, assim, um lugar de destaque e valor estimado na ordem das criaturas.Em De quantitate animae (obra cuja data de composição se situa entre 387 e 388), Agostinho confirma essa noção de alma como substância dotada de razão e, portanto, devidamente apta para governar o corpo devido a sua grandeza. Uma vez que esta doutrina considera a alma uma realidade espiritual e superior no homem, o corpo deve colocar-se numa posição de subordinação. Dessa forma, a união corpo e alma se apresenta como meramente acidental, mesmo assim, o corpo humano não se exclui de qualquer valor na ordem dos bens criados. O problema descrito inicialmente por Agostinho no De quantitate animae é axiológico e não ontológico, porque se refere ao lugar ou posição que o corpo e a alma ocupam na estruturação da condição humana. De acordo com Agostinho, o erro dos platónicos está em compreender o corpo como estorvo da alma, devido às paixões que a alma está forçada a suportar por sua vinculação com o corpo.  

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nilo César B Silva, Universidade Federal de Sergipe UFS Programa de Pós-graduação em Filosofia PPGFIL
Graduação em filosofia, doutor em filosofia pela Universidade do Porto - Portugal/2013, atualmente professor de filosofia medieval na Universidade Federal de Sergipe - UFS, membro permamente do Programa de Pós-graduação em Filosofia DFIL/PPGFIL/UFS. Linha de pesquisa conhecimento e linguagem. Atuação na área de ontologia, epistemologia e mistica medieval.

Referências

Fontes primárias:

AGOSTINHO DE HIPONA, Confissões. Tradução de Arnaldo do Espírito Santo, João Beato e Maria Cristina de Castro-Maia de Sousa Pimentel. Introdução de Manuel Barbosa da Costa Freitas. 2ª edição, edição bilingue português/latim. Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004.

AGOSTINHO DE HIPONA, Diálogo sobre a felicidade. Edição bilingue português/latim. Tradução, introdução e notas de Mário Santiago de Carvalho, Ed. 70, Lisboa, 2010 (2ª ed.).

AGOSTINHO DE HIPONA, Diálogo sobre o Livre Arbítrio. Tradução, introdução e notas de Paula Oliveira e Silva. Edição bilingue português/latim. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2001.

AGOSTINHO DE HIPONA, Diálogo Sobre a ordem. Tradução, introdução e notas de Paula Oliveira e Silva. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2000.

AGOSTINHO DE HIPONA, A natureza do bem. Introdução, tradução e notas de Mario A. Santiago de Carvalho, Instituto de filosofia, Porto, Portugal, 1992.

AGOSTINHO DE HIPONA. A Cidade de Deus/ De Civitate Dei, XII, 27, p.1151. Tradução, Prefácio, Nota biográfica e transcrições, J. Dias Pereira, FCG, Lisboa, 1993, p. 1247.

SAN AGUSTIN, Del Génesis contra los maniqueos /De Genesi contra Manicheos, in: Obras completas de san Agustín. Vol. XV. Trad. introd. y notas de Balbino Martín. Madrid, BAC, 1957, p. 428.

SAINT AUGUSTIN, La Genèse au sens littéral/De Genesi ad litteram. CSEL 28 (J. ZYCHA, 1972)]. Traduction introduction et notes par P. Agaësse et A. Solignac. DESCLÉE DE BROUWER, Paris, 1972, 415p.

AGOSTINHO DE HIPONA, De beata vita, 2,7, p.124/Diálogo sobre a felicidade. Tradução, introdução e notas de Mário Santiago de Carvalho, 2ª ed., Edições 70, Lisboa, 2010.

AGOSTINHO DE HIPONA, A verdadeira religião/De uera religione. Tradução bilíngue português/latim, Introdução e notas de Paula Oliveira e Silva e Manuel Ramos, Porto Portugal, Edições afrontamento, 2012, 200p.

SAN AGUSTIN, Del alma y su origen/ De Anima et eius origine, libri quatuor, (PL 44) I, 17, 28. Versión, introducciones y notas, Victorino Capanaga, O.S.A. et al., Madrid: La Editorial Catolica/BAC, 1963, p. 329.

SAN AGUSTIN, De la cuantidad del alma/De Quantitate animae in: Obras completas de san Agustín. 3ª ed. Bilingue latim/espanhol. versión, introducciones y notas Trad. introd. y notas de Victorino Capánaga, et al. Madrid: La Editorial Catolica/BAC, 1963, 448 p.

ESTUDOS:

BARDY, G., Saint Augustin, l’homme et l’oeuvre. Études Augustiniennes. Paris, Desclée de Brouwer, 1948. IX 557 p.

BEIERWALTES, Werner. Agostino e il Neoplatonismo cristano. Prefazione e Introduzione di Giovanni Reale, traduzione di Giuseppe Girgenti e Alessandro Trotta. Milano, Vita e Pensiero, 1995.

BENOIT, Hector (org). Estudo sobre o diálogo Filebo de Platão, a procura da Eudaimonia. Ijuí: Ed. Unijuí, 2007.

BERMONT, E., Le cogito dans la pensée de Saint Augustin. Vrin, Paris 2001.

BROWN, Peter. Santo Agostinho, uma biografia. Tradução de Vera Ribeiro, 5ª ed., Rio de Janeiro: 2008.

GRAVER, Margaret. Cícero on the emotions. Tusculan Disputations 3 and 4. London, The University of Chicago, 2002.

MILLES. Margaret R. Augustine, on the Body. Eugene, Oregon, WIPF AND STOCK, 2009.

PLATON, Philèbe, in Oeuvres Complètes, t. IX, IIème Partie, (texte établi et traduit par Auguste Diès), Paris, Les Belles Lettres, 1993.

PLOTIN. Ennéades III. Tradução Émile Bréhier, Paris: Les Belles Lettres, 1925.

Publicado
2017-04-05
Seção
Artigos